
Vocacionado ao acolhimento da alta cúpula de pensadores sempre detidos na reflexão do povo brasileiro, o Festival de Brasília chega à 58ª edição, com o histórico de ter dado chão para mentores como Ruy Guerra, Cacá Diegues, Glauber Rocha, Arnaldo Jabor, Roberto Santos, Julio Bressane, Eduardo Coutinho, Rogério Sganzerla e o precursor do cinema novo Nelson Pereira dos Santos, que, em meados dos anos de 1990, sem convite, viu um segurança alertar (via rádio) que ele "se dizia cineasta".
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De hoje, e até dia 20 de setembro, junto com cineastas locais como André Luiz Oliveira e Adirley Queirós, o público terá estendido o tapete vermelho para fazer parte das viagens propostas em 80 filmes. Para além dos sete longas-metragens em disputa central e da visibilidade de produção local (encerrada na Mostra Brasília), o público terá acesso aos filmes selecionados para as mostras Caleidoscópio, Festival dos Festivais, Coletivas Identidades e História(s) do Cinema Brasileiro, sem contar das sessões especiais.
No bojo, espectadores de Planaltina, Gama e Ceilândia, além do Plano Piloto, travarão contato com filmes que lidam com memória, inteligência artificial, ética, incompetência policial, mazelas da seca, subserviência e opressão, isso além de questões ligadas a ribeirinhos e indígenas, tendo preconceito racial a reboque nas discussões.
Um dos agentes ativos no festival idealizado por Paulo Emílio Salles Gomes, o pensador de cinema Jean-Claude Bernardet registrou, certa vez, em texto: "Para que o povo esteja presente nas telas, não basta que ele exista: é necessário que alguém faça os filmes. As imagens cinematográficas do povo não podem ser consideradas sua expressão, e sim a manifestação da relação que se estabelece nos filmes entre os cineastas e o povo". Nisso, o escopo do festival é exemplar, como demonstra a seleção da sessão especial de abertura com o impactante filme O agente secreto, premiado em Cannes.
Na vanguarda de um festival que, já em 1985, no Teatro Galpãozinho, apregoou a iniciativa de trazer a Mostra de Mulheres Cineastas (com legado protagonizado por nomes como Suzana Amaral, Carla Camurati, Petra Costa e Lúcia Murat), a formação de público novo (por meio da programação do Festivalzinho, abraçado em 1984) se perpetua na formatação de um júri jovem de estudantes da UnB para a edição de 2025.
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Palco para filmes seminais como Amarelo manga, Nunca fomos tão felizes, Eu me lembro, 500 almas, Lavoura arcaica, Bixa Travesty, Bicho de sete cabeças e Baile perfumado, o Festival de Brasília se renova, a partir de hoje, no Cine Brasília, na sala Vladimir Carvalho, mestre para nomes como José Eduardo Belmonte e Jorge Bodanzky. Abarcando a produção das cinco regiões, o politizado e civilizador (com toque crítico e, por vezes, polêmico) evento resiste e surpreende, a cada ano. É uma tradição.
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