A história dos povos originários é profunda e cheia de camadas na sociedade brasileira. Assim como o grupo fez parte da construção social do país, a cultura musical originária segue pulsando e deixando marcas na música popular. Mesmo sem uma data específica de surgimento, o movimento vem ganhando cada vez mais força com representantes de sucesso.
Um dos propulsores do movimento são os irmãos tabajaras, dupla musical formada pelos irmãos cearenses Antenor e Natalício Lima, que nasceram no Ceará, se mudaram para o Rio de Janeiro e ficaram conhecidos pelo trabalho musical na década de 1940. Eles se apresentaram com trajes indígenas e se destacam por tocar arranjos de peças clássicas e populares em violões.
De acordo com o pesquisador em música, educador musical e etnomusicologia Anderson Andrade Anderson, o estilo musical se divide em duas categorias, a "artivistas" e engajada, e a popular não engajada. A "artivista", termo que une "ativismo" e "arte", é o tipo de música usada para levantar pautas importantes para o povo indígena, como questões territoriais, saúde e educação, normalmente, as canções são escritas no próprio idioma.
Já a popular é a música de performance artística, que aborda temas variados como amor e paixões, usada como forma de expressão artística, sem a necessidade de protestar. Entre os artistas do movimento, Kaê Guajajara se destaca por promover a união entre a cultura dos povos originários e a música pop. A artista cresceu no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, e deixou o Maranhão aos 7 anos à procura de melhores condições de vida.
Segundo a cantora, a ideia de unir os dois gêneros musicais surgiu com a intenção de mostrar que o povo originário pode ir além do que é esperado deles. “Eu cresci ouvindo tanto as músicas tradicionais quanto o pop, hip hop, e sempre senti que meu corpo e minha voz podiam ser a ponte entre esses mundos”, relata a artista.
“Unir os dois estilos é uma forma de dizer: nós somos múltiplos, somos contemporâneos pois estamos vivos hoje, ninguém fala 'branco contemporâneo, preto contemporâneo', mas falam isso pra nós, justamente porque esperam que a gente seja somente o antigo, o ancestral, só que nossa arte pode dialogar com qualquer linguagem sem deixar de ser originária”, completa a cantora.
Para Kaê, o movimento tem grande significado. “A música popular originária, para mim, é como um coração pulsando dentro da floresta. Ela não é só som, é memória, é território, é resistência. Representa a continuidade de um povo que nunca deixou de cantar, mesmo diante de tanta violência”, relata a cantora.
Além do pop, a musica popular originária também é representada com o rock. A banda indígena Arandu Arakuaa se destaca no meio por trazer um som diferentes para o movimento. "A banda utiliza influência da música indígena feita nos territórios como instrumento de resistência e conscientização, promovendo a valorização e divulgação das manifestações culturais indígenas no Brasil", diz a banda.
Unir os dois estilos musicais não foi difícil para o grupo. "Foi um processo natural. O fundador e idealizador, Zândhio Huku, já atuava na cena independente do Rock e Metal, e entendia que esse tipo de linguagem expressiva e sonoridade poderosa dialoga bem com a força e intensidade da cultura e música indígena dos povos do Cerrado", conta Zândhio Huku, vocalista do grupo.
*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes
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