
Entre a ficção e a inspiração na vida do próprio diretor e roteirista do longa, Maurílio Martins, O último episódio aborda o rito de passagem de Erik, um garoto mineiro que deseja impressionar sua primeira paixão platônica com a ajuda dos amigos. Matheus Sampaio, o protagonista, destaca que aprendeu muito sobre maturidade com o personagem: “O Erik me ensinou muita coisa, como pessoa, acho que amadureci muito através desse filme”. Em entrevista para o Correio, o diretor explica como suas experiências se entrelaçam à trama do filme.
Duas perguntas // Maurílio Martins, cineasta
A história é carregada de nostalgia, além da Caverna do dragão, tem algum desenho que faz você voltar para a infância e para momentos que marcaram sua vida?
Tem uma série de coisas que me retorna, uma delas é o desenho O pirata do espaço. Eu fiz questão de que o Erik usasse a camisa do desenho na parte que para mim, é mais difícil do filme, que é quando ele pergunta para a mãe sobre a morte do pai. É um desenho que eu vi com seis ou sete anos, que eu já falei em terapia e me marcou muito. O longa vai de uma de uma pretensão quase pueril de contar uma história de adolescentes que querem fazer um filme e vira, para mim, uma carta de amor ao lugar onde eu vivo e um filme sobre as minhas dores. Eu me abro neste filme de um jeito que eu nunca tinha feito.
Ter 13 anos é uma fase complicada, em que a pessoa passa por mudanças internas e externas. Qual a importância de contar essa história cheia de emoções e transformações?
Para mim era muito nítido que o filme trata sobre como uma criança lida com as dores do luto do pai, que é super tardio, e do convívio muito pouco com a mãe, porque ela precisa trabalhar, porque se ela não faz isso, ela não consegue cuidar dele, colocar comida dentro de casa. Também temos o Cassinho em um processo de conhecimento próprio que ele não pode compartilhar com as pessoas, e a Cristão que é criada pela avó e não sabe se vai ver a mãe de novo. Enquanto isso eles fazem um episódio, tocam num show, vivem a vida entre eles… Mas no fundo, o filme é sobre o amadurecimento pela dor, sobre três adolescentes lidando com as dores do mundo e se ajudando mutuamente.
Legados históricos
No dia 23 de outubro chega aos cinemas a cinebiografia de um dos artistas mais populares do Brasil: Mauricio de Sousa — O filme mostra a história do criador da Turma da Mônica, protagonizado no longa pelo próprio filho, Mauro Sousa. “Foi uma experiência muito bonita, porque eu falei bastante com meu pai durante todo o processo de gravação. Ele me contava histórias com muita vontade, tão emocionado, tão feliz, então eu realmente aproveitava para incorporar ainda mais ao personagem. Isso fortaleceu ainda mais essa nossa relação como pai e filho, a gente se reaproximou e eu me vi o admirando e o amando ainda mais. Saber mais da história do meu pai é também saber mais da minha história, então também foi um processo de autoconhecimento de certa forma. Porque eu sou uma extensão do meu pai, eu sou ele também”, ressalta Mauro.

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