Música

Novo álbum de Djavan reúne inéditas e canções escritas para Gal e Michael Jackson

Um dos principais nomes da música brasileira, Djavan lança Improviso, 26° disco da carreira. No álbum, o artista traz 12 canções autorais e resgata composições escritas para Gal Costa e Michael Jackson

Djavan lança Improviso, 26° disco da carreira -  (crédito: Divulgação)
Djavan lança Improviso, 26° disco da carreira - (crédito: Divulgação)

"O amor é dinâmico. Ele jamais se repetirá". É assim que Djavan resume a facilidade em escrever algumas das mais famosas faixas românticas da música brasileira. Lançando hoje o 26° disco da carreira, o cantor conhecido pelas letras apaixonadas traz no novo trabalho, intitulado Improviso, 12 canções autorais, sendo 11 delas inéditas e, em sua maioria, escritas recentemente. O novo projeto, que mergulha de cabeça no universo romântico, resgata também composições dá década de 1980, escritas para Gal Costa e Michael Jackson.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

"Escrever tanto sobre o amor parece uma coisa difícil, mas não é", declara o artista alagoano. "É um sentimento que sempre vem de forma diferente, porque tem um dinamismo natural. Então, por mais que você queira, você jamais vai ser repetitivo falando de amor. Mas, de todo modo, é um desafio. Falar de um tema tão recorrente sem se repetir é uma situação em que você se submete sabendo que pode cair da cadeira, digamos assim. Mas é bom, é gostoso", sorri o cantor.

"Porém, o limite entre o bom gosto e o mau gosto ao falar de amor é muito próximo", alerta o compositor. "Você pode se dar mal, pode acabar sendo piegas. Isso torna esse desafio cada vez mais sedutor. Eu acho que essa, talvez, seja uma das razões mais frequentes pelas quais as pessoas falam tanto de amor — o risco que você corre de falar besteira ou escrever algo sem conteúdo", avalia o vocalista.

Lançada no fim de setembro, a canção Um brinde, primeiro gostinho dado ao público do novo projeto, já dava pistas dos rumos que o álbum tomaria. "Ir atrás do amor é um jazz", canta Djavan na faixa. "Entre os músicos, o jazz é sinônimo de coisa complicada, caos, bagunça, coisa difícil, algo que você não sabe onde é que vai dar", explica o compositor. "Eu usei essa metáfora para dizer que ir atrás do amor pode dar num precipício, por exemplo", conta.

Resgates de 1980

Em meio às 11 faixas inéditas do disco, O vento, única regravação do trabalho, resgata a composição de Djavan que ficou famosa na voz de Gal Costa, em 1987. "Ela é uma música que foi feita para Gal, assim como mais 12 ou 13 músicas que eu fiz para ela", lembra o cantor. Presentes no álbum Fantasia, de 1981, Açaí e Faltando são alguns exemplos de outras faixas escritas pelo alagoano e interpretadas pela baiana.

"Ela gravou todas de maneira incrivelmente lindas, porque era uma cantora maravilhosa e uma pessoa extremamente gostosa de se conviver. Trazer essa música à tona agora é uma forma de homenageá-la. Ela se foi de maneira muito prematura, eu diria, e muito inusitada — não se esperava perder a Gal tão rapidamente", lamenta o compositor. O vento, escrita com Ronaldo Bastos, também marca a primeira e única parceria de Djavan com o poeta e letrista associado ao Clube da Esquina.

Outra faixa resgatada da década de 1980 diretamente para o novo trabalho é Pra sempre, melodia escrita à pedido do produtor musical Quincy Jones. "Eu tinha uma relação comercial com ele", menciona o cantor. Na época, Djavan era dono de uma editora musical em Los Angeles, nos Estados Unidos, administrada pelo norte-americano. "Por isso, quando começaram a gravar o álbum Bad, do Michael Jackson, ele me pediu que eu fizesse uma música para incluir no disco. O pedido era que eu fizesse só a melodia, o Michael faria a letra", detalha o alagoano.

"Eu fiz a música, mas não mandei. Fiquei achando que não ia resultar. Mas, como meus filhos ficaram insistindo, eu acabei mandando oito meses depois. Quando eles receberam, o disco já estava na fase de mixagem, todas as faixas estavam gravadas", continua o compositor. "Ainda assim, os meninos ficaram falando para eu gravar durante todos esses anos, mas eu resistia à ideia. Agora, como os pedidos continuaram e eu achei que fazia algum sentido, fiz uma letra e coloquei no álbum", completa. Escrita quase 40 anos depois da melodia, a composição da faixa é uma homenagem ao próprio Michael Jackson.

Celebração na estrada

Com o anúncio do álbum, em agosto deste ano, o alagoano também adiantou que sairá em turnê no ano que vem, em comemoração aos 50 anos de A voz, o violão, a música de Djavan, primeiro álbum da carreira. "Eu sempre gostei muito de fazer show. Não é segredo para ninguém que meu momento de maior felicidade é quando estou dentro do estúdio, por ser o momento da criação, em que eu me realizo e trago as minhas ideias para o mundo. Mas o palco é imprescindível", destaca.

"É lá onde todo aquele sonho do estudo se concretiza, toda a busca de sentido para um disco novo. Portanto, eu vou estar sempre em conexão com o estúdio, em primeiro lugar, e por consequência, com o palco", assegura o cantor.

Se preparando para voltar para a estrada, Djavan ainda celebra a renovação do público que acompanha sua carreira. "Eu sempre tive muitos jovens me acompanhando — pessoas de todas as idades na verdade, mas os jovens sempre estiveram presentes. A coisa se acentuou muito com a internet, e hoje o número desse público mais novo nos shows é muito grande. Acho que isso ainda tende a crescer, a juventude está cada vez mais conectada com a música popular brasileira", comemora.

Perda de Lô Borges

“A morte de Lô Borges foi uma surpresa ruim, tão grande, mas tão grande. Eu não esperava que ele fosse embora tão cedo. Eu não sabia que ele estava doente, foi uma coisa muito triste. Ele foi um grande compositor. Juntamente com o Milton, Fernando Brant, Márcio Borges e Ronaldo Bastos, ele foi dono de um segmento musical importantíssimo, que é a música mineira. Ele foi muito importante. O Lô era uma pessoa que tinha uma presença muito sutil, mas sempre se fazia presente pela sua obra. Fez canções incríveis e muito importantes. É uma perda inominável e uma tristeza grande”.

 


  • Google Discover Icon
postado em 11/11/2025 04:23 / atualizado em 11/11/2025 15:00
x