LITERATURA

Vencedora do Jabuti repudia uso de IA na escrita: "Nunca utilizei"

Autora de ‘A Vestida’ e voz central da literatura brasileira, Eliana Alves Cruz alerta para impactos éticos e criativos da IA na literatura e defende transparência no uso das ferramentas

Durante participação na Feira Literária Internacional de Saquarema (FLIS), a escritora falou sobre limites éticos -  (crédito: Reprodução / Instgram )
Durante participação na Feira Literária Internacional de Saquarema (FLIS), a escritora falou sobre limites éticos - (crédito: Reprodução / Instgram )

A presença da inteligência artificial na criação literária tem provocado debates, e a escritora Eliana Alves Cruz, autora de Solitária e Água de Barrela, é uma das vozes que vêm refletindo publicamente sobre o tema. Vencedora do Prêmio Jabuti de 2022 com A Vestida, ela avalia que o avanço dessas ferramentas já transforma o campo da escrita e merece atenção regulatória.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

Durante sua participação na Feira Literária Internacional de Saquarema (FLIS), evento promovido pela Prefeitura de Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, Eliana afirmou que nunca utilizou inteligência artificial em seus processos criativos, mas deixou claro que isso não implica julgamento moral. “Nunca utilizei IA para escrever. Ainda não entrou na minha rotina e credito a isso algo da falta de hábito mesmo, não vai aí nenhum juízo de valor. A inteligência artificial já tem um impacto”, disse.

Ao aprofundar a reflexão, ela apontou o contraste entre as facilidades trazidas pela tecnologia e os dilemas éticos emergentes. “(A IA) Agiliza e facilita por um lado e, por outro, tem limites éticos no mínimo questionáveis. Acho que em breve precisaremos de alguma regulação, selos indicando o que foi e o que não foi feito com IA”, completou.

Eliana ainda destacou a forma como o mercado tende a ignorar aspectos essenciais do ato de escrever. Para ela, é “curioso” que o “mercado e capitalismo não considerem que haja quem escreve porque gosta, porque ama e tem prazer com isso, sem sentir necessidade de delegar tal atividade para uma ferramenta fora de si”. Segundo a autora, a resposta possível está na reafirmação das motivações íntimas que sustentam a criação literária: “Como podemos reagir? Resgatando em nós os propósitos que nos compelem a escrever. Isso máquina nenhuma copia.”

Quem é Eliana Alves Cruz

Reconhecida como um dos grandes nomes da literatura contemporânea brasileira, Eliana acumula prêmios e alcance internacional. Além do Jabuti de 2022, foi indicada ao International Emmy Awards 2024, pelo roteiro da minissérie Anderson Spider Silva.

Agora, a autora apresenta Meridiana (Companhia das Letras), romance que acompanha três gerações de uma família negra e suas trajetórias de ascensão social. A obra se estrutura em capítulos narrados em primeira pessoa pela mãe, pelo pai, pelos filhos e pela filha — cada voz trazendo nuances próprias de uma travessia que nunca se repete. Ao reunir perspectivas distintas, Eliana constrói uma narrativa que espelha a complexidade de um processo marcado por conquistas, tensões e singularidades.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

  • Google Discover Icon
postado em 18/11/2025 17:57 / atualizado em 18/11/2025 17:57
x