
A presença da inteligência artificial na criação literária tem provocado debates, e a escritora Eliana Alves Cruz, autora de Solitária e Água de Barrela, é uma das vozes que vêm refletindo publicamente sobre o tema. Vencedora do Prêmio Jabuti de 2022 com A Vestida, ela avalia que o avanço dessas ferramentas já transforma o campo da escrita e merece atenção regulatória.
Durante sua participação na Feira Literária Internacional de Saquarema (FLIS), evento promovido pela Prefeitura de Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, Eliana afirmou que nunca utilizou inteligência artificial em seus processos criativos, mas deixou claro que isso não implica julgamento moral. “Nunca utilizei IA para escrever. Ainda não entrou na minha rotina e credito a isso algo da falta de hábito mesmo, não vai aí nenhum juízo de valor. A inteligência artificial já tem um impacto”, disse.
Ao aprofundar a reflexão, ela apontou o contraste entre as facilidades trazidas pela tecnologia e os dilemas éticos emergentes. “(A IA) Agiliza e facilita por um lado e, por outro, tem limites éticos no mínimo questionáveis. Acho que em breve precisaremos de alguma regulação, selos indicando o que foi e o que não foi feito com IA”, completou.
Eliana ainda destacou a forma como o mercado tende a ignorar aspectos essenciais do ato de escrever. Para ela, é “curioso” que o “mercado e capitalismo não considerem que haja quem escreve porque gosta, porque ama e tem prazer com isso, sem sentir necessidade de delegar tal atividade para uma ferramenta fora de si”. Segundo a autora, a resposta possível está na reafirmação das motivações íntimas que sustentam a criação literária: “Como podemos reagir? Resgatando em nós os propósitos que nos compelem a escrever. Isso máquina nenhuma copia.”
Quem é Eliana Alves Cruz
Reconhecida como um dos grandes nomes da literatura contemporânea brasileira, Eliana acumula prêmios e alcance internacional. Além do Jabuti de 2022, foi indicada ao International Emmy Awards 2024, pelo roteiro da minissérie Anderson Spider Silva.
Agora, a autora apresenta Meridiana (Companhia das Letras), romance que acompanha três gerações de uma família negra e suas trajetórias de ascensão social. A obra se estrutura em capítulos narrados em primeira pessoa pela mãe, pelo pai, pelos filhos e pela filha — cada voz trazendo nuances próprias de uma travessia que nunca se repete. Ao reunir perspectivas distintas, Eliana constrói uma narrativa que espelha a complexidade de um processo marcado por conquistas, tensões e singularidades.
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