
Quando o diretor Diego de Leon se deu conta de que quase todos os membros da Cia. Novos Candangos pertenciam à comunidade LGBTQIA+, decidiu fazer um exercício: reuniu todo mundo para que contassem algumas lembranças relacionadas a esse universo. O resultado é Memórias coloridas, peça que a companhia estreia amanhã em uma dramaturgia construída em conjunto. “Normalmente, as obras que tratam ou retratam LGBTs têm um caráter de sofrimento, falam de bullying, de não ser aceito, às vezes com final supertriste”, explica Leon. “Mas a gente partiu de uma ideia de como é bom ser LGBT. E cada um dos atores trouxe uma memória a partir dessa frase. A gente fez uma espécie de shows de talentos onde cada um apresentava sua memória. E começamos a trabalhar a dramaturgia na qual criamos esse bar em que cada um apresenta suas memórias.”
Memórias coloridas traz para o palco um cabaré no qual são encenados números de dança e cenas de teatro com atores, drag king, drag queen e outras figuras. A mistura de linguagens marca a dramaturgia, que também incorpora vídeo. A intenção é conquistar o público com uma sequência de números alegres e cheios de humor. “Queremos ver as histórias diferentes, por isso buscamos mais a celebração do que a tentativa de debater violência, que também é importante, mas é muito reforçado. É importante colocar a gente pra cima, fazer o público cantar, dançar”, diz o diretor.
O cabaré da Novos Candangos é formado por artistas de diversas vertentes e tem um ar meio mambembe, meio decadente. “É como se fossem números de circo em que cada um participa do número do outro, para dar um gás, levantar, animar”, avisa Leon, que se preocupou em equilibrar cenas mais engraçadas e palhaçadas com outras “mais doces, suaves”. “Para ter climas diferentes: a gente tem a consciência de que a gente devia pegar as pessoas por climas diferentes para cativar o maior número de pessoas”, diz.
Formada há 13 anos, a companhia hoje tem um total de 13 integrantes, sendo que 10 estão em cena para Memórias coloridas. O grupo foi criado quando Diego de Leon saiu de outra companhia e decidiu investir nos próprios projetos. Ele convidou alguns amigos e começou a realizar montagens independentes, sem apoio ou recursos. No início, a Novos Candangos levou para o repertório alguns clássicos do teatro, mas a dificuldade com direitos autorais conduziu a companhia para um terreno mais autoral, com criações próprias como Memórias coloridas.
Serviço
Memórias coloridas
Cia. Novos Candangos. Sábado, às 16h e às 20h, no Teatro de Sobradinho (Quadra 12). Entrada gratuita. Não recomendado para menores de 14 anos
Diversão e Arte
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