
O Cerrado é a inspiração e o objeto de experimentação das obras dos artistas Belo e Bizarro e Enthony Sousa, em cartaz na A Pilastra Galeria-Escola até janeiro. Resultado do projeto Residência Profissionalizante Turma 5, Murundus: Trilhas do Desejo propõe um passeio poético por questões que vão da estética à espiritualidade de uma região que é também um dos biomas mais importantes do Brasil. Nascidos no Distrito Federal e atuantes e novos na cena artística, os artistas participaram do projeto que se propõe a abrir espaço e oferecer formação para nomes estreantes nas artes visuais e não necessariamente profissionais. "A residência parte do ponto profissionalizante e, por esse motivo, existe um grupo diverso de residentes. Nem todos são artistas, e nem todos tinham, antes da residência, alguma intimidade profissional com a arte", avisa Pamella Wyla, curadora da exposição.
Para esta edição, o Cerrado foi proposto como centro e a intenção era tratar de questões que refletissem tanto sobre o bioma quanto sobre a urbanização. "Os dois artistas têm intimidade com esse lugar e com o meio em que foram criados, e um olhar atento ao que está aqui: vivo, pulsante, iluminado, espiritual e ancestral. A exposição nos convida a entrar nos portais criados pelos artistas, nos convida a refletir, a enxergar além do que está posto, a cuidar dessa terra, a perceber as nuances presentes na urbanidade e o que passa despercebido no cotidiano", explica a curadora. Por meio de pinturas, gravuras, site specific e instalação, os artistas propõem um passeio por realidades oníricas e convidam o público a fabular sobre os frutos e bichos da região. A ideia de natureza como espaço de conexão e memória coletiva é central para as obras.
A urbanidade do Cerrado, combinada com memórias íntimas, é o material de trabalho da artista Belo e Bizarro. A cor forte do barro do Centro-Oeste, a vida de insetos que se alimentam de materiais deteriorados, a cor do ferro oxidado das tampas de bueiros, uma caixa de esgoto repleta de baratas se juntam em universos reais e imaginários para dar forma a objetos e instalações. Nas pinturas de Enthony, feitas a óleo, pontos de luz iluminam a flora e a fauna em uma cosmologia própria criada pelo artista. "Ele traz um cuidado com a terra, mundos oníricos que coexistem com cada parte desse território ancestral e cada gesto pictórico é um convite", explica Pamella.
Se Belo e Bizarro explora o gesto-gravura em uma série de cavidades que são, também, pintura sobre madeira, Enthony se dedica ao gesto pictórico da pintura para dar forma a um "cerrado iluminado", também presente em uma performance que atravessa o espaço da galeria.
Serviço
Murundus: Trilhas do Desejo
Belo e Bizarro e Enthony Sousa. Curadoria: Pamella Wyla. Murundus: Trilhas do desejo. Visitação até 17 de janeiro, de quarta a sábado, das 14h às 19h, na A Pilastra Galeria-Escola (Guará II QE 40 rua 09 lote 8)
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Diversão e Arte
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