
Está em cartaz nos cinemas esta semana Asa Branca — A voz da Arena, com Felipe Simas no papel principal e direção de Guga Sander. O longa mostra a vida e legado de Waldemar Ruy dos Santos, popularmente conhecido como Asa Branca, desde os sonhos como peão de rodeio, ao acidente que o fez abandonar a carreira e se aventurar como locutor.
De origem humilde, o paulista batalhou para se tornar competidor até, que em Fernandópolis (SP), foi pisoteado por um touro e teve o pulmão perfurado. Durante a recuperação, desolado por abandonar a profissão, ele ouvia narrações dos rodeios e logo começou a brincar com a própria voz. Asa Branca rapidamente se tornou um ícone nas arenas: os microfones sem fio, as entradas triunfais e o carisma constante marcaram seu estrelato na década de 1990, da mesma forma que a fama subiu à cabeça e o álcool e drogas levaram à queda nos anos 2000.
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Três perguntas // Guga Sander, diretor
Como você se familiarizou com a história do Waldemar Ruy dos Santos e se inspirou para dirigir o longa sobre a vida dele?
O meu primeiro contato com a história dele foi em uma banca de jornal, quando eu vi uma manchete com a foto do Asa Branca na capa e aquilo me chamou atenção. Eu comprei essa revista, comecei a ler e falar: "Nossa, que história interessante". Mas eu nunca fui em um rodeio, não sei como é esse universo, mas sei decifrar se uma história é interessante ou não. Aí eu comecei a me aprofundar na história dele, pesquisar, buscar parceiros e o filme aconteceu.
Eram tantas histórias para serem contadas do Asa Branca, que foi difícil escolher um recorte para o filme. A escolha se deu pelo fato que o feito mais importante dele tenha sido as inovações que ele trouxe dentro do rodeio, como falar com o microfone sem fio de dentro da arena. Isso jamais tinha sido feito, então não poderia ficar de fora. Mas para se tornar um locutor, ele sofreu um acidente como peão, então eu tive que contar isso também. Mostrar o dom que ele tinha para trazer inovações como locutor e a consequência disso, o sucesso, o estrelado e depois a queda, o fundo do poço.
As paixões do Asa Branca, pelo rodeio e depois pela locução, são muito latentes na vida dele e eventualmente o levam à queda. Como foi retratar essas paixões e vícios do personagem e transmitir tudo que ele estava passando nesses momentos?
Eu acho que no audiovisual, em qualquer filme, série ou novela que a gente faça, tem uma coisa que chama sentimentos em comum. Todo mundo tem uma paixão por algo na vida, ou pelo menos sente, sente algo diferente, o coração bate mais forte por alguma coisa. Esse tipo de sentimento é universal, então quando você é um ator, você tem que resgatar dentro de você algo que possa se assemelhar com aquilo que você vai retratar no personagem. Você pensa “Que tipos de paixão me movem?” e através da preparação do elenco você vai se identificando com com essas coisas e canalizando aquilo para o seu personagem e aí depois você externaliza isso pelo personagem.
Você falou que conheceu a história do Asa Branca através de uma matéria, mas nunca tinha ido em um rodeio. Qual é a importância de trazer essa cultura tão forte no Brasil para o público fora do interior conhecer ela e os ícones que a marcaram?
Eu acho que quanto mais a gente puder disseminar as culturas que existem no nosso país, melhor. Quanto mais filmes e trabalhos que a gente fizer que disseminem as mais diversas culturas que tem no nosso país, melhor. O rodeio é uma delas, esse universo é muito mais forte numa região do Brasil, mas ele também existe nas outras, ainda que com menos potência, então, é interessante e importante você perceber o quanto essa cultura movimenta o nosso país.
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

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