Guerra comercial

Com início do tarifaço de Trump, governo reage por solução para o aço

Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento divulgaram nota, na qual qualificam decisão dos Estados Unidos como "injustificável. Alckmin diz que Brasil pode recorrer à OMC

Vice-presidente disse que espera contar com a redução do imposto estadual -  (crédito: Cadu Gomes/VPR)
Vice-presidente disse que espera contar com a redução do imposto estadual - (crédito: Cadu Gomes/VPR)

O governo esperou entrar em vigor a taxação de 25% sobre o aço brasileiro para emitir uma posição sobre o assunto. Em nota conjunta, os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) lamentaram a decisão, que qualificaram como “equivocada” e “injustificável”.

“Em defesa das empresas e dos trabalhadores brasileiros e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países”, dizem os ministérios na nota.

O documento destaca dados do próprio governo norte-americano, mostrando que os Estados Unidos mantêm um superavit comercial “de longa data” com o Brasil, que em 2024 chegou a US$ 7 bilhões, somente em bens. No caso do aço, ressalta o documento, as indústrias do Brasil e dos Estados Unidos mantêm, há décadas, “relação de complementaridade mutuamente benéfica”, lembrando que o país é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA (US$ 1,2 bilhão) e o maior exportador de aço semiacabado para aquele país (US$ 2,2 bilhões, 60% do total das importações dos EUA).

“À luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos. Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio”, conclui a nota.

OMC

Após participar de evento no Palácio do Planalto, o chefe do Mdic, vice-presidente Geraldo Alckmin, confirmou que o governo poderá contestar a taxação na OMC. “Nós defendemos o multilateralismo, complementação econômica, e a OMC existe para isso, estabelecer regras gerais que devem ser para todos”. disse ele. Antes, porém, o caminho será o do diálogo, segundo Alckmin.

“A disposição, primeiro, é do diálogo. Devemos, nas próximas semanas e dias, aprofundar esse trabalho junto aos EUA. E lamentar profundamente, isso encarece produtos, dificulta o comércio. Medida tomada de natureza unilateral, e Brasil avaliará também outras medidas a serem tomadas”, ponderou. Rui Costa, ministro da Casa Civil, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só tomará qualquer posição, após a conclusão das negociações que estão sendo conduzidas por Alckmin. Costa citou o prazo de até a próxima sexta-feira, mas o vice -presidente negou que houvesse esse prazo.

Edla Lula
postado em 13/03/2025 04:47
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