Política monetária

Taxa de juros deve permanecer restritiva por um longo tempo, diz Galípolo

Presidente do Banco Central afirmou nesta quarta-feira (27/8) que processo de convergência para o centro da meta se dá de maneira lenta

Gabriel Galípolo participou hoje do primeiro dia do 33º Congresso e Expo Fenabrave, na capital paulista -  (crédito: Raphael Pati/CB/D.A Press)
Gabriel Galípolo participou hoje do primeiro dia do 33º Congresso e Expo Fenabrave, na capital paulista - (crédito: Raphael Pati/CB/D.A Press)

São Paulo (SP) — O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ainda está cauteloso ao avaliar as revisões para baixo da inflação nas projeções do mercado financeiro. Para o chefe da política monetária, o processo de convergência das expectativas de inflação para o centro da meta ainda se dá “de maneira lenta” e, por conta disso, a taxa básica de juros deve ficar restritiva por um tempo maior.

“Quando olhamos para as projeções de mercado, as projeções para 2025 estão fora da meta. A previsão do BC para 2025 também está fora da meta. No caso de 2026 e 2027, também as projeções de mercado e do Banco Central estão fora da meta, e é por isso que o BC fez este movimento, de parar o ciclo de cortes, é um patamar que a gente considera restritivo, mas com alguma segurança”, disse o presidente do BC.

Galípolo participou, nesta quarta-feira (27/8), do primeiro dia do 33º Congresso e Expo Fenabrave, promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), hoje e amanhã, em São Paulo. Durante a exposição, o chefe do BC comparou a condução da política monetária a dirigir um carro para explicar que ainda há uma expectativa negativa com a inflação daqui para frente.

“A gente está olhando a inflação pelo retrovisor, porém, eu tenho que dirigir o carro olhando o parabrisa, e então eu olho para a meta em um horizonte relevante. E como está a meta para os próximos 18 meses? Quando olhamos para as projeções de mercado, as projeções para 2025 estão fora da meta”, ressaltou o presidente.

Conforme definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2025, a meta de inflação para este ano é de 3%, com uma banda de tolerância de 1,5% para baixo ou para cima. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado dos últimos 12 meses até julho foi de 5,23%, ou seja, bem acima do teto da meta prevista para o ano.

O Boletim Focus divulgado na última segunda-feira (25) reduziu em 0,09% as projeções para a inflação oficial em 2025, passando de 4,95%, na semana anterior, para 4,86% na projeção mais recente. Para 2026, a previsão passou de 4,40% para 4,33%.

O chefe da política monetária destacou, ainda, que a renda tem se mostrado mais resiliente, mesmo com a taxa selic no patamar atual, em 15% ao ano. “Estamos com o nível de desemprego mais baixo da história e com o nível mais alto de renda do trabalhador”, frisou.

Apesar disso, Galípolo afirmou que o processo de convergência da inflação para a meta não deve se dar de maneira linear e que a autoridade monetária ainda está mais cautelosa ao prever novos movimentos na taxa de juros. “Por isso, a velocidade de reação do BC é diferente de um agente de mercado. O BC é um transatlântico e não pode se emocionar com um dado pontual”, completou.

*O repórter viajou a convite da Fenabrave

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

  • Google Discover Icon
postado em 27/08/2025 15:56 / atualizado em 27/08/2025 16:01
x