TECNOLOGIA

Inteligência artificial marca debates na Futurecom 2025

Especialistas do IEEE destacam desafios de sustentabilidade e inclusão tecnológica no Brasil

No 1º dia da Futurecom 2025, especialistas do IEEE destacaram o papel da inteligência artificial e da energia limpa para um futuro mais sustentável e inclusivo no Brasil -  (crédito: Wal Lima/CB)
No 1º dia da Futurecom 2025, especialistas do IEEE destacaram o papel da inteligência artificial e da energia limpa para um futuro mais sustentável e inclusivo no Brasil - (crédito: Wal Lima/CB)

São Paulo — O painel Clean Tech Solutions, promovido pelo IEEE na Futurecom 2025, reuniu especialistas de universidades brasileiras para discutir os impactos da inteligência artificial (IA) e as possibilidades de integração com soluções de energia limpa. Participaram da mesa Gabriel Gomes de Oliveira (Unicamp), Otávio Chase (UFRA), Tereza Cristina Carvalho (Poli-USP) e Vanessa Schramm (UFCG), no Auditório FutureCongress.

O debate integrou o primeiro dia da Futurecom 2025, que começou nesta terça-feira (30/9) e seguirá até 2 de outubro, em São Paulo.

Durante o encontro, o pesquisador Otávio Chase destacou que os grandes centros de dados de IA representam um enorme desafio energético. Ele citou o caso do data center em implantação no Ceará, que deve demandar 2 mil megawatts de potência instalada e cerca de 30 mil litros de água por dia para refrigeração.

“Vamos usar água potável, biocompostos ou bioenergia para resfriamento? Essa é uma questão central. Energia e refrigeração serão as maiores demandas da IA”, afirmou. Outros empreendimentos semelhantes devem ser instalados em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

Chase também ressaltou a importância da regulação da tecnologia. Para ele, os riscos associados à IA exigem que governos adotem estruturas normativas que contemplem aspectos éticos. “Não é a primeira tecnologia a apresentar riscos para a população. O urânio, por exemplo, também trouxe desafios enormes. O que precisamos é de marcos regulatórios sólidos, para garantir que o uso da IA seja seguro e responsável”, explicou.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Em resposta a pergunta enviada pelo Correio, o pesquisador avaliou como a inteligência artificial pode apoiar a democratização da energia solar em comunidades de baixa renda. Ele citou um projeto realizado em 2020, no Marajó (PA), durante a pandemia, que levou sistemas fotovoltaicos a 62 escolas da região.

“A maioria das crianças nunca tinha visto um freezer ou acessado a internet. Com a energia solar, foi possível instalar computadores, internet e recursos multimídia, ampliando o acesso à educação e ao conhecimento”, relatou.

Segundo Chase, a combinação de sistemas fotovoltaicos com inteligência artificial pode acelerar o processo de inclusão digital e social no país. “Quando você tem energia, pode ter um computador, pode ter internet, pode ter aprendizado por meio de soluções em IA. É um caminho de igualdade de oportunidades para comunidades que historicamente ficaram à margem”, completou.

A mesa ainda trouxe discussões sobre projetos internacionais de pesquisa, como a iniciativa apoiada pelo governo britânico em parceria com universidades brasileiras, apresentada pela professora Tereza Cristina Carvalho. Já Vanessa Schramm enfatizou os aspectos éticos do uso da IA em escala global.

*A repórter foi convidada  pelo IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos) para acompanhar de perto a Futurecom 2025.

  • Google Discover Icon
Por Wal Lima
postado em 30/09/2025 12:45 / atualizado em 30/09/2025 12:46
x