
São Paulo — O painel Clean Tech Solutions, promovido pelo IEEE na Futurecom 2025, reuniu especialistas de universidades brasileiras para discutir os impactos da inteligência artificial (IA) e as possibilidades de integração com soluções de energia limpa. Participaram da mesa Gabriel Gomes de Oliveira (Unicamp), Otávio Chase (UFRA), Tereza Cristina Carvalho (Poli-USP) e Vanessa Schramm (UFCG), no Auditório FutureCongress.
O debate integrou o primeiro dia da Futurecom 2025, que começou nesta terça-feira (30/9) e seguirá até 2 de outubro, em São Paulo.
Durante o encontro, o pesquisador Otávio Chase destacou que os grandes centros de dados de IA representam um enorme desafio energético. Ele citou o caso do data center em implantação no Ceará, que deve demandar 2 mil megawatts de potência instalada e cerca de 30 mil litros de água por dia para refrigeração.
“Vamos usar água potável, biocompostos ou bioenergia para resfriamento? Essa é uma questão central. Energia e refrigeração serão as maiores demandas da IA”, afirmou. Outros empreendimentos semelhantes devem ser instalados em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
Chase também ressaltou a importância da regulação da tecnologia. Para ele, os riscos associados à IA exigem que governos adotem estruturas normativas que contemplem aspectos éticos. “Não é a primeira tecnologia a apresentar riscos para a população. O urânio, por exemplo, também trouxe desafios enormes. O que precisamos é de marcos regulatórios sólidos, para garantir que o uso da IA seja seguro e responsável”, explicou.
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Em resposta a pergunta enviada pelo Correio, o pesquisador avaliou como a inteligência artificial pode apoiar a democratização da energia solar em comunidades de baixa renda. Ele citou um projeto realizado em 2020, no Marajó (PA), durante a pandemia, que levou sistemas fotovoltaicos a 62 escolas da região.
“A maioria das crianças nunca tinha visto um freezer ou acessado a internet. Com a energia solar, foi possível instalar computadores, internet e recursos multimídia, ampliando o acesso à educação e ao conhecimento”, relatou.
Segundo Chase, a combinação de sistemas fotovoltaicos com inteligência artificial pode acelerar o processo de inclusão digital e social no país. “Quando você tem energia, pode ter um computador, pode ter internet, pode ter aprendizado por meio de soluções em IA. É um caminho de igualdade de oportunidades para comunidades que historicamente ficaram à margem”, completou.
A mesa ainda trouxe discussões sobre projetos internacionais de pesquisa, como a iniciativa apoiada pelo governo britânico em parceria com universidades brasileiras, apresentada pela professora Tereza Cristina Carvalho. Já Vanessa Schramm enfatizou os aspectos éticos do uso da IA em escala global.
*A repórter foi convidada pelo IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos) para acompanhar de perto a Futurecom 2025.
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