Comércio exterior

Vendas para EUA caem 20%, mas, na média geral, crescem

O aumento de 7,2% das exportações na média geral mostra que o Brasil encontra outros compradores

A venda de carne, que sofre com o tarifaço, teve aumento de 68%  -  (crédito: Silvino Nogueira)
A venda de carne, que sofre com o tarifaço, teve aumento de 68% - (crédito: Silvino Nogueira)

Vigente desde o dia 6 de agosto deste ano, a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros que desembarcam nos Estados Unidos completou dois meses. Dados publicados, ontem, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) revelam que, em setembro, as exportações para os Estados Unidos registraram queda de 20,3%, em termos de valor.

No geral, as exportações brasileiras para o mundo somaram US$ 30,5 bilhões, com alta de 7,2% no mês passado, na comparação com setembro de 2024, enquanto as importações atingiram US$ 27,5 bilhões, com aumento de 17,7%. A alta expressiva se deve à compra de uma plataforma de petróleo de Singapura.

Diante disso, a balança comercial brasileira fechou o mês com superavit de US$ 3 bilhões. O valor é 41,1% menor do que o mesmo período do ano passado.

Enquanto as exportações para os Estados Unidos despencaram, as vendas para outros países somaram crescimentos substanciais em relação a setembro de 2024. A exemplo disso, o valor obtido com o comércio para a China avançou 14,7%, enquanto para o Mercosul, a expansão foi de 27,6%. Ainda houve uma ligeira alta de 2% nas vendas para a União Europeia nesse período.

Na avaliação do diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Alves Brandão, a tendência das exportações para os EUA é seguir em ritmo de queda. Segundo ele, há uma barreira comercial muito grande, não só para o Brasil, mas para diversos países do mundo, por meio das restrições impostas pela Seção 232. Além disso, destaca que as próprias importações no país norte-americano devem cair, mesmo no caso de produtos não tarifados.

"Isso, muito provavelmente, está relacionado com a atividade econômica. É claro que esse choque tarifário reduz o consumo com os Estados Unidos. Então a tendência é que haja uma desaceleração da economia, também com preços mais altos e possivelmente tenha esse efeito da demanda, também, não só com esse choque nos EUA, mas se mantendo esse cenário, é esperado que continue em queda de exportação para esse destino", comentou. 

No acumulado do ano até setembro, a balança comercial brasileira registra queda de 22,5% frente ao mesmo período do ano anterior. Desde janeiro, as exportações para os Estados Unidos registram uma leve queda de 0,6%. Aos países do continente asiático, no geral, a queda é de 1,7%, enquanto que para a União Europeia, há um crescimento acumulado de 1,3%.

Os dados revelam o impacto do tarifaço implementado pelo governo dos Estados Unidos às exportações brasileiras. Ontem, o presidente Donald Trump deu um passo significativo para a abertura de negociações com o Brasil, após telefonar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prometer visitar o país em breve para uma reunião com o chefe de estado brasileiro.

A economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, considera que, mesmo com a queda mais forte nas exportações para os EUA, a balança comercial brasileira deve sofrer impactos menores no saldo geral, devido ao crescimento do comércio com outros países. "Apesar das pressões vindas do mercado americano, o resultado geral da balança comercial segue favorável, sustentado pelo bom desempenho com Argentina e China e pela forte recuperação dos setores agropecuário e manufatureiro. A expectativa é que o Brasil encerre 2025 com superavit próximo a US$ 65 bilhões", destaca. 

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postado em 07/10/2025 04:28 / atualizado em 07/10/2025 08:51
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