Tarifaço

Nova rodada: Brasil se reúne com EUA em busca de acordo 'satisfatório para ambos os lados'

Após encontro entre Lula e Trump na Malásia, equipes dos dois países tentam definir cronograma para discutir tarifas e novos setores de cooperação

Na manhã desta segunda-feira (27/10, horário local de Kuala Lumpur), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se com representantes do governo norte-americano para detalhar os próximos passos na retomada de um diálogo direto sobre tarifas, comércio e possíveis acordos bilaterais. O encontro de ontem (26) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Donald Trump, realizado à margem da visita do petista à Malásia, abriu caminho para uma nova rodada de negociações comerciais entre os dois países. 

Acompanhado do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Márcio Rosa, e do assessor especial da Presidência, embaixador Audo Faleiro, Vieira encontrou-se com o representante de comércio dos Estados Unidos e o secretário do Tesouro.

Segundo Márcio, as duas partes concordaram em construir um acordo “satisfatório para ambos os lados”, com um cronograma de reuniões entre equipes técnicas. O foco, explicou, estará nos setores mais afetados pelas tarifas e barreiras comerciais.

“Hoje estamos num cenário muito mais positivo do que estávamos há alguns dias”, afirmou o secretário-executivo do Mdic. “Vamos trabalhar para criar uma agenda realista e equilibrada, que permita avanços concretos nas próximas rodadas.”

Sem temas proibidos na mesa

Após a reunião de domingo, o presidente Lula destacou ainda que o Brasil não impôs vetos à pauta de negociações. Segundo ele, o governo está aberto a tratar de qualquer tema, incluindo minerais críticos, terras raras, etanol e açúcar.

“Não existe assunto proibido. Se ele quiser discutir minerais críticos, terras raras, etanol, açúcar, não tem problema. Eu sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação. Coloque o que quiser que eu estou disposto a discutir todo e qualquer assunto”, afirmou o líder brasileiro, em tom descontraído.

Em meio às conversas com os EUA, Lula reforçou que o Brasil seguirá apostando em uma política comercial plural e aberta a múltiplas parcerias. “Não temos preferência. Quero continuar tendo uma belíssima relação com a China, com os Estados Unidos, com a União Europeia”, disse.

O presidente lembrou também que, após mais de duas décadas de impasses, o acordo Mercosul-União Europeia deve ser concluído em dezembro, e que há tratativas em andamento com a Indonésia, a Malásia e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). “O nosso negócio é fazer negócio”, resumiu Lula, em referência à estratégia de ampliar a rede de comércio exterior brasileira.

Possível novo encontro entre Lula e Trump

Lula reiterou hoje que a possibilidade de um novo encontro com Trump está em aberto. “Ele me disse que está com vontade de ir ao Brasil, eu disse que estou à disposição para ir a Washington”, revelou.

Segundo o chefe do Executivo, há disposição de ambas as partes para avançar nas tratativas e buscar um “bom acordo” entre as duas maiores democracias do Ocidente. “Se houver a disposição do presidente Trump, como ele disse que tem, temos toda a intenção de fazer um bom acordo. Não haverá problema para a relação entre Brasil e Estados Unidos.”

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