Infraestrutura

Apagão em São Paulo causa prejuízo bilionário no comércio

Somente no setor de comércio e serviços da capital paulista, a falta de luz por ventania nos dois últimos dias provocou perda de R$ 1,54 bilhão. Aeroportos de várias capitais reportaram cancelamentos de voos em consequência do caos

Os fortes ventos derrubaram postes e deixaram mais de 2,4 milhões de unidades sem energia, prejudicando o comércio e os serviços -  (crédito:  AFP)
Os fortes ventos derrubaram postes e deixaram mais de 2,4 milhões de unidades sem energia, prejudicando o comércio e os serviços - (crédito: AFP)

As consequências do ciclone que atingiu São Paulo na quarta-feira e quinta-feira continuam a impactar a aviação e o fornecimento de energia no estado. Mais de 380 voos foram cancelados nos aeroportos paulistas.

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Somente na cidade de São Paulo, os prejuízos nos setores de comércio e serviços somam, pelo menos, R$ 1,54 bilhão, segundo cálculo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O prejuízo é maior para os Serviços, que deixaram de faturar pouco mais de R$ 1 bilhão nesse período, enquanto o comércio perdeu R$ 511 milhões. O cálculo da entidade considera o impacto da falta de energia elétrica em pelo menos 2,2 milhões de imóveis na cidade na metade da quarta-feira, e em ainda 1 milhão de unidades ontem.

O efeitos sobre a economia de outros estados ainda estão sendo contabilizados, uma vez que muitos negócios deixaram de ocorrer em função dos cancelamentos ou atrasos de voos na capital financeira do país. No Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital, 248 voos foram afetados nos dois dias. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, 117 voos foram cancelados.

Efeito cascata

O desastre meteorológico atingiu terminais em cidades de outros estados. Segundo a Inframerica, administradora do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek 58 voos foram cancelados nos dois dias. Também houve atrasos e cancelamentos nos dois principais aeroportos da capital fluminense. O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão) teve 39 voos cancelados e outros 31 desviados. No Aeroporto Santos Dumont, 73 voos foram cancelados no período.

O Aeroporto Internacional Salgado Filho (POA), em Porto Alegre, reportou 45 voos cancelados no mesmo período.

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciaram medidas emergenciais para reduzir o acúmulo de cancelamentos, incluindo a ampliação excepcional do horário de funcionamento de Congonhas. A Anac também informou que monitora o atendimento oferecido pelas companhias aéreas aos passageiros afetados pelos atrasos e cancelamentos. A orientação da agência é para que os passageiros busquem diretamente as empresas para solicitar as assistências previstas na Resolução nº 400, de 2016. Quando não houver solução adequada, o órgão recomenda que sejam registradas reclamações na plataforma Consumidor.gov.br.

Mais 1,6 milhão de imóveis permaneciam sem energia, segundo último boletim divulgado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Sendo 1,5 milhão na Região Metropolitana de São Paulo, área atendida pela Enel. Outras concessionárias — CPFL, Neoenergia Elektro, EDP SP e Energisa Sul-Sudeste — registraram 116,4 mil imóveis afetados.

Na noite de quarta-feira, o total de unidades sem energia no estado chegou a mais de 2,4 milhões, com 2,2 milhões apenas na Grande São Paulo.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que a função da distribuição de energia no Estado é federal e que sua gestão fez o que era possível. "Nós não somos donos do contrato, não temos competência, a competência da energia elétrica, da distribuição, é federal, está no Ministério de Minas e Energia e na Aneel. A gente tenta dar o máximo de subsídio e fazer o que pode para melhorar a prestação do serviço", disse Tarcísio.

Segundo Ivan Camargo, engenheiro e professor da Universidade de Brasília (UnB), o modelo federativo do setor elétrico não impede a atuação coordenada entre órgãos estaduais e federais. Ele afirma que a estrutura atual exige integração entre a Aneel e as agências locais, como a Arsesp, responsável pela fiscalização em São Paulo. "Aneel é uma agência que tenta um processo forte de descentralização. E tem a agência de São Paulo que faz a fiscalização. Portanto, há um trabalho em conjunto, federal e estadual", avaliou.

*Estagiário sob a supervisão de Edla Lula

 

 


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postado em 12/12/2025 03:29
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