CB.DEBATE

Fleischhaker aponta entraves estruturais para melhoras econômicas no Nordeste

Economista sênior do Banco Mundial e integrante da equipe técnica do relatório Rotas para o Nordeste diz que levantamento identifica potencial energético e geográfico da região, mas destaca baixa produtividade

O economista sênior do Banco Mundial e integrante da equipe técnica do relatório Rotas para o Nordeste, Cornelius Fleischhaker, afirmou que a região Nordeste reúne atributos estratégicos relevantes, mas convive com índices persistentes de pobreza e dificuldade de convergir em renda. Ele participou nesta quinta-feira (4/12) do CB.Debate: Os avanços do Nordeste, realizado pelo Correio Braziliense em parceria com o Banco do Nordeste (BNB).

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“O Nordeste é uma região rica em vários aspectos. Essa riqueza aparece na cultura, na biodiversidade e no potencial para energias renováveis. Outros fatores também reforçam a posição estratégica da região, como a proximidade geográfica com outros continentes e o fato de ser a porta de entrada dos cabos submarinos de internet. No Ceará, chegam os cabos transatlânticos, o que dá ao lugar um ponto muito estratégico”, disse Fleischhaker.

Segundo o economista do Banco Mundial, a redução da pobreza no Brasil passa obrigatoriamente por avanços no Nordeste. Ele destacou que a região carrega o maior número de pessoas em situação de vulnerabilidade e que, mesmo com algum avanço histórico, o ritmo é insuficiente. “Hoje está na ordem de 40% do PIB per capita do Sudeste, isso é uma melhoria substancial em relação à década de 1960, quando estava cerca de 20%”, afirmou. 

O estudo do Banco Central, citado por ele, indica que entre 2013 e 2019 o crescimento no Nordeste ocorreu principalmente devido a uma maior escolaridade da força de trabalho, com queda de produtividade total. O setor agropecuário foi o que mais avançou no período. “A produtividade na agricultura no Nordeste já está parecida com a do Sudeste. Porém nos outros setores isso não tem acontecido. Os outros setores não estão acompanhando essa trajetória de convergência”, enfatizou. 

A análise por empresas mostra baixo dinamismo e menor crescimento justamente entre aquelas consideradas mais produtivas. Fleischhaker citou relação negativa entre incentivos tributários, crédito direcionado e desempenho. “Uma empresa que recebe mais incentivo tende a ser menos produtiva. O empresário não precisa ser o mais produtivo para ter lucro”, explicou.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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