O futebol é muito mais do que um simples jogo, que leva os atletas a limites físicos e psicológicos. Afinal, este esporte é atravessado por aspectos da vida e também apresenta ciclos, que podem sofrer alterações em poucos meses. Foi o que aconteceu com Fernando Diniz no Fluminense. O treinador finalizou 2023 como campeão da Libertadores e, sete meses depois, encerra sua segunda passagem pelo clube na lanterna do Brasileirão.
Na última temporada, este mesmo elenco entrou para a histórica do Tricolor ao alcançar a Glória Eterna no Maracanã, diante do Boca Juniors. Com Cano e Arias voando, e o renascimento de John Kennedy, que estava emprestado à Ferroviária, o ano foi mágico. Além disso, colocou o nome do clube na mídia internacional com a final do Mundial de Clubes diante do Manchester City, de Pep Guardiola.
Mesmo com reforços pontuais, os comandados de Diniz já enfrentaram obstáculos no primeiro mês. Diferentemente dos arquirrivais, o Fluminense teve um período mais curto de pré-temporada e com outra decisão no horizonte: a da Recopa. Com o triunfo sobre a LDU, do Equador, mais uma taça entrou para a galeria tricolor, porém o sonho do tri do Carioca ficou pelo caminho.
Constantes erros individuais
Apesar da equipe estar invicta na Libertadores e na Copa do Brasil, segue sem engrenar no Brasileirão. Na lanterna, com apenas 6 pontos, o elenco soma quatro derrotas seguidas, sendo duas delas em clássicos. Dos campeões de 2023, o time perdeu uma peça-chave: Nino, que foi para o Zenit, da Rússia. Em campo, o treinador não conseguiu encontrar um substituto ideal, e o Flu não demonstra a mesma movimentação e qualidade na saída de bola.
Como tem um estilo de jogo de posse de bola e de toques curtos a partir da defesa, Diniz viu os adversários coibirem tal modelo com mais facilidade, forçando o erro individual. Só no Brasileirão, alguns pontos ficaram pelo caminho por vacilos defensivos. Fábio errou passes cruciais contra São Paulo e Juventude, enquanto Marlon perdeu uma disputa de bola, que culminou na virada do Atlético-GO.
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Falta de repertório diante das adversidades
Desde o início da carreira como treinador, Diniz sempre tentou implementar em suas equipes um estilo característico. No entanto, esse modo de jogar não funcionou em 2024, com um time cada vez mais espaçado e vulnerável. As triangulações para quebrar as linhas se tornaram lentas e previsíveis. Diante disso, o treinador não apresentava variações para surpreender os adversários, ficando amarrado a uma ideia, que acarretou na sua demissão.
Posse improdutiva e poucas finalizações
Juntando as últimas duas temporadas, Germán Cano estufou a rede em 84 oportunidades, sendo artilheiro da Libertadores e “Rei da América”. Em 2024, porém, o argentino está em sua pior fase (apenas cinco tentos) com a camisa tricolor e convive com problemas físicos. Por outro lado, um fato tem chamado a atenção, que é a baixa quantidade de chutes a gols e criação de jogadas verticais. No domingo (23), contra o Flamengo, o time não finalizou em direção ao gol do rival, sendo improdutivo.
Vacilos na bola aérea
Um dos problemas do sistema defensivo também têm sido as jogadas aéreas. Metade dos gols sofridos pelo Tricolor na temporada, até aqui, foram em jogadas pelo alto. Das 36 vezes em que a meta de Fábio balançou, 18 surgiram a partir de lances aéreos (50%). Desde a saída de Nino, Diniz não conseguiu encaixar o setor, que terá Thiago Silva a partir do dia 10 de julho. Até aqui, o time sofreu gol nas 11 rodadas do Brasileirão.
Improvisações e desfalques
Neste primeiro semestre de 2024, o Fluminense enfrentou adversidades na questão física. Isso porque em determinados momentos teve uma série de desfalques por lesões, evidenciando que a pré-temporada mais curta pesou. A partir disso, o técnico optou por improvisações, que incomodaram alguns torcedores. André e Martinelli aturam na zaga, enquanto Marquinhos, que estava bem como ponta, foi deslocado para a lateral-direita em algumas partidas.
O auxiliar permanente Marcão estará à frente da equipe no jogo desta quinta-feira (27), às 19h (de Brasília), contra o Vitória, no Maracanã. No momento, a diretoria do clube não tem pressa para definir o substituto. Por fim, vale lembrar que o Tricolor havia renovado o contrato de Diniz em maio, mas a queda brusca de rendimento e a pressão da torcida acarretaram na demissão
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