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Federação de boxe passa a exigir teste de gênero e suspende atleta argelina

Responsável pela gestão internacional da modalidade, a World Boxing anunciou nesta sexta-feira (30/5) introdução de teste para comprovar sexo biológico para que atletas possam competir. Imane Khelif, campeã olímpica, tem gênero questionado e não poderá disputar o Mundial até realizar teste

A World Boxing anunciou que Imane Khelif  não poderá participar da próxima edição da Copa do Mundo em Eindhoven, na Holanda, assim como quaisquer outros torneios chancelados pela entidade, caso não faça o teste de gênero -  (crédito: Instagram @imane_khelif_10)
A World Boxing anunciou que Imane Khelif não poderá participar da próxima edição da Copa do Mundo em Eindhoven, na Holanda, assim como quaisquer outros torneios chancelados pela entidade, caso não faça o teste de gênero - (crédito: Instagram @imane_khelif_10)

Responsável por gerir o boxe a âmbito internacional, a World Boxing anunciou, nesta sexta-feira (30/5), a implementação de uma nova política de "gênero, sexo e peso". A entidade passará a exigir um teste genético para comprovar o sexo biológico dos atletas.

A manobra será feita com o intuito de permitir, ou não, a introdução dos boxeadores em competições controladas pela agremiação. De acordo com a World Boxing, a medida visa "garantir a segurança de todos os participantes e proporcionar uma competição com igualdade de condições para homens e mulheres".

No mesmo comunicado, a agremiação também ressaltou a suspensão da argelina Imane Khelif da categoria feminina. A World Boxing anunciou que ela não poderá participar da próxima edição da Copa do Mundo em Eindhoven, na Holanda, entre os dias 5 e 10 de junho. Além disso, a atleta também está fora de quaisquer outros torneios da entidade até que faça o teste genético oferecido. 

Khelif, vale ressaltar, foi campeã olímpica durante os Jogos de Paris-2024. A atleta, de 26 anos de idade, conquistou o ouro ao bater a chinesa Liu Yang, na categoria peso-meio-médio (até 66kg), por decisão unânime dos juízes. 

No entanto, foi vítima de polêmica ao ter o próprio gênero questionado. Durante a última edição dos Jogos Olímpicos de Verão, notícias falsas sobre a argelina ser uma mulher transgênero foram espalhadas. A nova política da grupo estabelece que um atleta cujo gênero foi formalmente questionado ficará fora de ação até realizar o teste genético. 

"Esta decisão reflete preocupações com a segurança e o bem-estar de todos os pugilistas, incluindo Imane Khelif, e visa proteger a saúde mental e física de todos os participantes face a algumas das reações que foram expressas em relação à potencial participação da boxeadora na Copa do Mundo de Eindhoven", afirmou a World Boxing, via comunicado. 

O teste

Ainda de acordo com a entidade, a nova política foi desenvolvida por um grupo próprio. Ele é composto por membros do Comitê Médico e de Antidoping. Evidências médicas e uma grande quantidade de fontes especializadas de outros esportes foram consultadas, segundo o comitê. 

A mudança pode impactar os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, e ocorre durante o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que é um ferrenho crítico da participação de pessoas transsexuais em competições esportivas. 

De acordo com a entidade, todo atleta maior de 18 anos precisará fazer o teste, caso queira participar de um torneio chancelado pela World Boxing. A testagem diz respeito a um exame PCR (reação em cadeira da polimerase).

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Ele determinará o sexo biológico, ou seja, o gênero de nascimento. Amostras são coletadas através do nariz, saliva ou sangue. O intuito é de identificar a presença ou a ausência do cromossomo Y, por meio do material genético SRY.  

Serão elegíveis à categoria masculina aqueles designados como homens no nascimento. Isso será evidenciado através da presença do cromossomo Y no material genético, ou pela diferença de desenvolvimento sexual. Nesse caso, é onde acontece a adrogenização masculina. Isso estabelece o desenvolvimento e a influência dos hormônios andrógenos no organismo, como a testosterona, por exemplo. 

À categoria feminina, serão elegíveis aquelas designadas como mulheres no nascimento, evidenciado pelo cromossomo XX ou pela ausência do Y. Da mesma forma, serão levadas em consideração os indivíduos em que a androgenização masculina não acontece. 

Veja o comunicado da World Boxing  

Imane Khelif não poderá participar da categoria feminina na Copa do Mundo de Eindhoven, de 5 a 10 de junho de 2025, e em qualquer evento da World Boxing até que Imane Khelif seja submetida a um teste genético de sexo, de acordo com as regras e procedimentos de teste do World Boxing.

De acordo com os Estatutos do World Boxing, as alterações às Regras de Competição são normalmente feitas pelo Congresso. No entanto, em circunstâncias especiais ou emergenciais, o Conselho Executivo do World Boxing detém a autoridade para fazer alterações imediatas quando uma regra for considerada inoperante ou quando a evolução das condições exigir uma alteração.

Em maio de 2025, o Conselho Executivo exerceu essa autoridade e adotou novos critérios de elegibilidade para a participação em categorias de boxe específicas para cada sexo. Essas novas regras de elegibilidade foram desenvolvidas com o propósito expresso de proteger os atletas em esportes de combate, especialmente considerando os riscos físicos associados ao boxe de estilo olímpico.

Informamos que, de acordo com a política da World Boxing, “…caso a certificação de gênero do atleta seja contestada pela federação do atleta ou pela World Boxing, o atleta ficará inelegível para competir até que a disputa seja resolvida…”. 

 

postado em 30/05/2025 18:38 / atualizado em 30/05/2025 18:43
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