
Assunção — Força motriz do Time Brasil em competições multiesportivas, o judô tem tudo para assumir um papel de protagonismo na participação verde-amarela nos Jogos Pan-Americanos Júnior de Assunção-2025. De hoje até terça-feira, 14 judocas do país, incluindo os brasilienses Bianca Reis e Lucas Takaki, entram nos tatames da capital paraguaia em busca de mais histórias e medalhas. E a expectativa está alta. Chefe de missão brasileiro e duas vezes medalhista de bronze em disputas olímpicas (Atenas-2004 e Pequim-2008), Leandro Guilheiro aposta alto em um grande desempenho da modalidade no primeiro grande evento do ciclo.
O time do judô no Pan Júnior é composto por Clarice Ribeiro, Rafaela Cavalcanti, Bianca Reis, Lucas Takaki, Bruno Nóbrega, Eduarda Bastos, Maria Oliveira, Matheus Nolasco, Luan Almeida, Dandara Camillo, Ana Soares, Jesse Barbosa, Gustavo Milano e Andrey Coelho. Todos chegam ao Paraguai embasados por resultados importantes nas carreiras. Na primeira edição do evento, em Cali-2021, a modalidade faturou 11 medalhas: seis ouros, uma prata e quatro bronzes. Leandro vê o Brasil com possibilidade de brilhar ainda mais em Assunção-2025.
"Nossa equipe é muito homogênea. Não duvidaria da gente ganhar quase todas as medalhas de ouro. Sem colocar pressão neles, mas é o que eu tenho esperança e fé de que vai acontecer", projetou, em resposta ao Correio. "O judô vem com muita força. A equipe feminina tem quatro atletas medalhistas em campeonatos mundiais de base. É uma geração muito boa. Nossa equipe está mais volumosa do que em Cali e é provável que conquistemos mais vagas para 2027, em Lima. Tenho bastante fé que o judô vai ajudar a catapultar o Brasil para cima no quadro de conquistas", prosseguiu Guilheiro.
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Os brasilienses têm papel importante na meta do COB. Atleta do Sogipa (RS), Takaki tem 20 anos, começou a praticar judô aos três e vai competir na categoria Ligeira (-60kg). O atleta tem no currículo medalhas de ouro de edições da Panam Junior Cup e da CBI Meeting, ambos neste ano. Representante do Pinheiros (SP), Bianca tem 20 anos, luta nos tatames desde os sete e é destaque na categoria Leve (-57kg). Mesmo com a pouca idade, a judoca tem resultados expressivos em Mundiais, com medalhas de prata e bronze, além do tricampeonato do Pan Júnior de Judô.
Guilheiro vê os atletas da capital federal com grande potencial de medalhas, assim como os demais representantes do Time Brasil. "A Bianca é uma atleta extremamente vitoriosa no cenário mundial. Ela tem duas medalhas de base, uma no cadete e outra no júnior. Está desempenhando no adulto e é uma das grandes favoritas, assim como o Takaki", destacou. As disputas do judô em Assunção-2025 começam hoje e vão até quarta-feira, quando entram em cena as competições de equipes mistas. As lutas individuais por medalha terminam um dia antes.
Os talentos do DF entram em cena hoje. As preliminares começam às 10h, enquanto a definição dos medalhistas será a partir de 15h30. Bianca Reis começa a lutar nas quartas de final e terá a estadunidense Nicole Cancela como primeira adversária. Lucas Takaki começa os combates em Assunção-2025 em uma etapa anterior e encara o paraguaio Israel Maldonado, nas oitavas de final. Clarice Ribeiro, Rafaela Cavalcanti e Bruno Nóbrega completam a lista de brasileiros em ação no primeiro dia do judô.
Consagrado por ser o esporte brasileiro com mais medalhas em edições de Jogos Olímpicos — 28, no total — e com sucesso na primeira edição do Pan Júnior há quatro anos, o judô apresenta ao país os rostos de uma promissora nova geração. Terra de Ketleyn Quadros, medalhista de bronze em Pequim-2008 e Paris-2024, o Distrito Federal estará muito bem representado por Bianca e Lucas. Dois personagens de um grupo de judocas cientes da força do esporte e prontos para ampliar ainda mais a tradição vencedora do país.
Três perguntas para Leandro Guilheiro, ex-judoca medalhista olímpico e Chefe de Missão do Time Brasil em Assunção-2025
Como está sendo a experiência de liderar uma missão do COB?
"É muito legal essa experiência. Vivi do outro lado, nunca tive o Pan Júnior, uma competição muito nova. Estar do lado de cá e ver o andamento, o Time Brasil trabalhando, tem sido um privilégio muito grande. Quando você é atleta, está preocupado com o desempenho, mas não está preocupado por trás. É bonito de ver, porque são os jogos deles, também."
O choque com uma nova geração provoca mudanças na abordagem?
"Tem uma questão de modular a comunicação com eles. É uma geração diferente da minha. A forma como se fala e se comunica com eles é diferente. Lido com atletas jovens todos os dias. Então, não adianta ter um distanciamento. Eles sabem a importância dos Jogos e são atletas de alto rendimento. Mas é muito fácil se deslumbrar com as coisas e as novidades. Comunicar de uma forma fácil, a importância do que eles estão vivendo e que poucas pessoas estão tendo essa oportunidade e o que vale tudo isso, o contexto que estão inseridos. É importante. Não é só a questão da presença, mas a comunicação é muito importante."
Qual legado o Pan Júnior pode deixar para o futuro olímpico do Brasil?
"A gente nunca consegue mensurar exatamente o que significa cada competição para alguém. Quando o atleta participa pela primeira vez de Jogos, vê toda a estrutura de um comitê olímpico, é uma coisa diferente. Por mais que alguns deles tenham participado de competições mundiais, é um cenário e um ambientes diferentes. É provável que eles sejam picados pelo mosquitinho e queiram viver novamente. Esse primeiro contato com o ambiente dos Jogos acaba sendo algo que pode aflorar uma coisa diferente e ser um divisor de águas para o judô e outras modalidades que talvez não tenham tanta tradição. Eu vivo isso no meu campeonato sub-21. Aquilo foi um divisor de águas na minha carreira."
*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)
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