
Assunção — Destaque do skate desde o boom da modalidade e a implementação no programa de eventos poliesportivos, o Brasil teve um dia de muito brilho nos Jogos Pan-Americanos Júnior na capital do Paraguai. Na segunda-feira (11/8), quatro skatistas do país droparam na pista do complexo do Comitê Olímpico Paraguaio (COP) e três subiram ao pódio. Porta-bandeiras do país na cerimônia de abertura, Filipe Mota voltou a honrar o estandarte nacional e o colocou no topo do pódio embalado pela fé demonstrada antes de manobrar nas pistas. Matheus Mendes o acompanhou com o bronze. No feminino, Maria Lúcia de Campos consolidou a luta da família com o primeiro lugar.
Desde antes do início do Pan Júnior, os olhos do Brasil se voltaram ao mineiro Filipe Mota. No sábado, o atleta de Patos de Minas foi escolhido, ao lado de Juliana Viana, do badminton, como o porta-bandeiras do país na cerimônia de abertura de Assunção-2025. A nobre missão foi cumprida com sucesso. Ontem, no entanto, o skatista colocou o símbolo nacional no lugar ao qual está acostumado. Em prova dominante, venceu o estadunidense Lazer Crowfold por 4,73 pontos de diferença, se transformou em campeão continental e garantiu vaga no Pan de Lima-2027.
O talento foi primordial para Filipe concretizar o feito. No entanto, a fé é outro ponto tratado como essencial no sucesso do skatista. Antes do show à parte, o mineiro fazia o sinal da cruz e beijava um colar dourado com o símbolo da religião. O ritual se repetia até nos testes antes das voltas. "É o que me dá confiança e fé. Quando eu a beijo assim, eu sinto que está tudo bem, nada em volta importa e eu vou andar de skate e me divertir", conta o skatista de 18 anos ao Correio.
A crença também pesou antes de buscar a medalha. No aquecimento, o brasileiro caiu, sentiu dores com o tornozelo e saiu mancando após atendimento. As três horas antes da disputa, no entanto, foram suficientes para ele se recuperar e brilhar em Assunção-2025. "Eu já estava com o pé machucado de alguns meses que eu torci. Fiquei meio com medo de não poder participar do campeonato. Ao mesmo tempo, na minha mente, pensei que ia competir de qualquer jeito. Estou muito feliz. Eu só tenho a agradecer a Deus, que me deu força e fé para continuar", discursou, na capital paraguaia.
Amigo de Filipe, Matheus seguiu o ritmo da prova e foi ultrapassado por Crawlford na segunda tentativa do best trick, quando cada competidor tem três chances de arriscar uma único manobra após as três voltas de 45 segundos no circuito. "Eu fiquei muito feliz. Consegui acertar algumas manobras. Pena que eu errei a última, mas, fora isso, eu estou feliz. É uma experiência muito incrível estar aqui, junto com meus amigos e o resto das pessoas. As garotas também andaram muito", destacou o carioca do Rio de Janeiro.
Da enchente ao ouro
O sorriso contagiante de Maria Lúcia, de 15 anos, com a medalha de ouro até a faz esquecer da luta enfrentada para brilhar em Assunção. Uma das principais promessas do skate street brasileiro, a gaúcha de Canoas viveu na pele o drama enfrentado pelo Rio Grande do Sul nas severas enchentes do ano passado. A atleta teve a casa atingida pelas chuvas de maio, ficou quase dois meses afastada. A família foi resgatada usando uma caixa d'água como bote improvisado e chegou a fazer uma rifa para a atleta disputar o primeiro Mundial da modalidade, em Roma.
Pai e treinador, Nilson Jesus lembrou a caminhada. "Sempre espere essa oportunidade e ela treinou todos os dias para isso. Dizia que ia chegar. Passamos por enchente, por tudo. Deus vê o corre e vai entregar o que é de cada um. A Maria Lúcia buscou mais um degrau da história dela", desabafou à CazéTV. "Eu fico muito feliz comigo mesma, muito orgulhosa, porque é um dos meus grandes objetivos ganhar o Pan-Americano. É treinar para o próximo, em 2027, para chegar às Olimpíadas e realizar meu maior sonho de infância", prospectou a atleta.
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