Assunção-2025

Anfitrião do Pan Júnior, Paraguai já colhe os louros da aposta no esporte

Tratando o evento como o mais importante já realizado em território do país, paraguaios têm desempenho melhor em relação a outras participações em Pans adultos e Jogos Olímpicos

Equipe de remo do Paraguai comemora uma das medalhas de bronze conquistadas no Pan: fôlego para impulsionar projeto esportivo do anfitrião dos Jogos
 -  (crédito: Divulgação)
Equipe de remo do Paraguai comemora uma das medalhas de bronze conquistadas no Pan: fôlego para impulsionar projeto esportivo do anfitrião dos Jogos - (crédito: Divulgação)

Assunção — Os Jogos Pan-Americanos Júnior de Assunção-2025 já estão cravados em uma posição privilegiada no hall de grandes eventos da história esportiva do Paraguai, que está recebendo pela primeira vez um torneio de tamanha magnitude. Na semana inaugural das competições, o país colocou em prática um ousado plano para ter um melhor desempenho e subir de patamar na competição. As 13 medalhas conquistadas até aqui, superando a performance da edição de Cali-2021, amplificam o sentimento paraguaio de estar trilhando um caminho com potencial de entregar importantes frutos a médio e longo prazos.

O Paraguai tem uma história tímida em competições poliesportivas, sejam as organizadas pela PanAm Sports, sejam as do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em Jogos Olímpicos, a bandeira do país figurou no pódio apenas uma vez, com a prata do futebol de Atenas-2004. Jamais os atletas paraguaios conseguiram medalhas em disputas individuais. Em Pans, o melhor desempenho ocorreu com as sete condecorações de Santiago-2023: um ouro e seis bronzes. As demais participações somadas, por exemplo, chegam a 15 e podem ser ultrapassadas pelo desempenho dos jovens inscritos em Assunção-2025.

Por isso, receber o Pan Júnior é considerado o passo inicial para o Paraguai prospectar voos mais altos em torneios poliesportivos. Em Assunção-2025, o país conta com uma delegação de, aproximadamente, 320 atletas. A comissão é composta, ainda, por 72 membros de equipe e 50 profissionais de apoio técnico. Para isso, a preparação começou meses antes do evento. O Comitê Olímpico Paraguaio (COP) realizou 14 acampamentos preparatórios e convocou ajuda internacional para aprimorar o desempenho dos competidores. Agora, vive a expectativa de ver os resultados dos esforços em cima do pódio.

O objetivo paraguaio é manter, pelo menos, 20 medalhas em casa. O número superaria com folga todos os desempenhos do país em Olimpíadas e Pans anteriores. Handebol (bronze), esgrima (bronze), squash (um ouro e dois bronzes) e remo (um ouro, três pratas e dois bronzes) colocaram os anfitriões no pódio até agora. Na segunda semana, modalidades como, atletismo, vôlei de praia, hóquei, rugby e basquete 3x3 reúnem expectativas. "Reforçamos as nossas equipes com treinadores especializados e pedimos a todos os cidadãos que marquem o período dos Jogos nos calendários para apoiar nossos atletas", destacou Rocío Rivarola, diretora de esportes do COP.

O sonho paraguaio é plantar em Assunção-2025 para colher os frutos em Los Angeles-2028 e Brisbane-2032. A meta de medalhar nas Olimpíadas justifica os altos investimentos. O governo do país, por exemplo, destinou cerca de US$ 85 milhões na organização da competição e em programas de apoio ao esporte de alto rendimento. O Programa de Apoio ao Atleta, por exemplo, reserva US$ 980 mil anualmente para apoiar competidores de 17 modalidades. "O governo paraguaio tem uma política de investir em atletas e garantir o sucesso destes Jogos Pan-Americanos Júnior", continuou Rivarola.

Pan-2031

Paralelamente ao desempenho esportivo no Panzinho, o Paraguai utiliza os Jogos para se posicionar continentalmente como potencial anfitrião para outros grandes eventos esportivos. A realização das disputas ocorre paralelamente à corrida de Assunção pelo Pan adulto de 2031. A candidatura paraguaia compete com a brasileira formada pelos vizinhos Rio de Janeiro e Niterói. Por isso, a sinergia nacional e política busca se consolidar como trunfo para o país ser escolhido para o evento em outubro, quando a PanAm Sports se reúne em assembleia decisiva para consolidar a decisão.

No Pan Júnior, o Paraguai apresenta o potencial de organizador. De acordo com dados da Secretaria Nacional de Deportes (SND), a ocupação hoteleira na capital e nos arredores, como na vizinha Luque — cidade-sede do Comitê Olímpico, da Associação de Futebol e da Conmebol — ultrapassa 95%. O impacto econômico está estimado em US$ 300 milhões no turismo e na gastronomia. As melhorias no Parque Olímpico, no Velódromo, nas vias de acesso e nos serviços públicos são a promessa de um legado para atletas, escolas e comunidades.

"Estamos vivendo um momento diferente nas Américas, onde, agora, é uma oportunidade para outros países também terem a chance de dar o grande salto que os Jogos Pan-Americanos adultos representam", prospectou Camilo Pérez, presidente do Comitê Olímpico Paraguaio (COP). Na primeira semana, o Pan Júnior conseguiu entregar as nuances tão aguardadas pelas autoridades esportivas do Paraguai. Nas disputas, as 13 medalhas representam não apenas o orgulho, mas também a esperança de o futuro do país no âmbito olímpico ser muito mais glorioso.

Paraguai nos Jogos

Pan Adulto
Santiago-2023: um ouro e seis bronzes (7)
Lima-2019: um ouro, três pratas e um bronze (5)
Toronto-2015: uma prata e dois bronzes (3)
Guadalajara-2011: dois bronzes (2)
Rio-2007: um bronze (1)
Mar del Plata-1995: uma prata e dois bronzes (3)
Indianápolis-1987: um bronze (1)

Sem medalhas: Santo Domingo-2003, Winnipeg-1999, Havana-1991, Caracas-1983, São João-1979, Cidade do México-1975, Cali-1971, Winnipeg-1967, Cidade do México-1955 e Buenos Aires-1951. Não participou de Chicaco-1959 e São Paulo-1963

Pan Júnior
Assunção-2025*: dois ouros, três pratas e seis bronzes
Cali-2021: dois ouros, quatro pratas e quatro bronze

Olimpíada
Uma medalha de prata no futebol em Atenas-2004

*Competição em andamento

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DQ
postado em 17/08/2025 00:01 / atualizado em 17/08/2025 15:48
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