
Assunção — “A essência de ser uma Yara é ter a consciência de que precisamos uma das outras para vencer nossos desafios e sonhar com mais conquistas. Esse reconhecimento é muito importante para esse grupo de mulheres que construiu identidade própria em um esporte considerado essencialmente masculino”. Assim, Isadora “Izzy” Cerullo, uma das jogadoras mais experientes e vitoriosas do rúgby 7 brasileiro, define o significado de representar a Seleção Brasileira da modalidade. E o mantra está enraizado na futura geração do país no esporte. Neste domingo (17/8), o time brasileiro brilhou em Assunção e consagrou com o ouro uma campanha aguerrida nos Jogos Pan-Americanos Júnior.
Em uma campanha de cinco partidas em dois dias, as Yarinhas esbanjaram disposição, raça, técnico e concretizaram uma caminhada consistente em direção ao topo do pódio. Nas classificatórias, o Brasil engrenou vitórias incontestáveis contra México (46 x 0) e Paraguai (57 x 0). Diante dos Estados Unidos, veio a primeira derrota. Em partida equilibrada, as norte-americanas se impuseram e ganharam das brasileiras, por 19 x 5. No entanto, as adversárias voltariam a cruzar o caminho do Time Brasil em uma partida com um final ainda mais feliz.
Antes, veio a semifinal. Na manhã deste domingo (17/8), as brasileiras enfrentaram a forte equipe do Canadá e, concentradas, arrancaram uma vitória equilibrada, por 12 x 7, carimbando o passaporte para reencontrar os Estados Unidos na decisão. Na noite da capital paraguaia, o Time Brasil entregou uma apresentação sólida. O primeiro try veio em arrancada inteligente de Ariely Faria e adicionou os primeiros cinco pontos na conta verde amarela. A camisa quatro perdeu a conversão e tomou a virada logo em seguida. Marley Larkin e Annabella Nicole Vogel colocaram as americanas na frente. Mas durou pouco. Em boa jogada, Heloysa devolveu a vantagem no 12 x 7.
Ariely ampliou ainda mais a frente brasileira no confronto. No entanto, o conforto maior na partida se dava pela postura das Yaras. Concentradas, as brasileiras mantiveram a posse de bola na zona ofensiva do campo durante a maior parte do confronto. As americanas buscavam espaço, mas não tinham sucesso na tentativa de arrancar em direção ao try. Nem um erro tecnológico impactou no desempenho. Passados por de quatro minutos, o relógio do segundo tempo "zerou" e recomeçou a contagem. No corre-corre para ajustar o erro, a organização acabou por adicionar alguns segundos ao jogo. Mas nada capaz de impactar na vitória do Time Brasil.
Ainda no gramado, veio a festa pelo ouro do Pan Júnior. Unidas, as brasileiras deixaram o campo e se emocionaram na zona de entrevista. "O rugby sempre me ajudou emocionalmente. Então, tudo que vem sobre o rugby me lembra de uma fase de onde eu saí e não quero voltar. Isso faz com que eu me fortaleça cada vez mais e sempre siga em frente. É a tal da resistência e resiliência, saber ir para o zero e voltar com tudo", contou a camisa três Raylanne Kimberlyn, antes de medir a dimensão do feito conquistado na capital do Paraguai.
"Eu acho que o rugby brasileiro vai ser bem mais conhecido. E outras crianças, adolescentes, vejam o futuro nisso. Porque o esporte realmente muda a vida. Muda escolhas. Escolhas mudam destinos", continuou a jogadora. Em Assunção-2025, o Time Brasil conquistou uma medalha de ouro digna de representar todo o passado da modalidade. No entanto, o topo do pódio nos Jogos Pan-Americanos Júnior fala sobre o futuro a partir do êxito de uma geração unida e apaixonada pelo esporte.
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