Rio de Janeiro — Cinco dos últimos nove treinadores do Flamengo no futebol masculino são estrangeiros. A lista contempla o início da "lusomania" com Jorge Jesus, passa pelo espanhol Domènec Torrent, alcança os portugueses Paulo Sousa e Vitor Pereira e termina com o argentino Jorge Sampaoli. O movimento de importar mentes por trás do jogo está ampliado aos esportes olímpicos do rubro-negro.
Hoje, o clube mais popular do Brasil trabalha com nove modalidades olímpicas — mais o futebol feminino. Três tem treinadores estrangeiros. O trabalho no basquete é liderado pelo argentino Sérgio "Oveja" Hernández desde fevereiro. Pesou na balança a experiência de cinco anos como dono da prancheta da seleção hermana, de 2005 a 2010. Sob a batuta de Oveja, o país levou o bronze na Olimpíada de Pequim-2008 e foi quarto colocado no Campeonato Mundial de 2006.
Em abril, Oveja orquestrou o Flamengo ao título da Champions League das Américas contra o Boca Juniors. Cinco meses depois, ensaiou a equipe Copa Intercontinental em Cingapura. O objetivo era o título, mas a companhia carioca encerrou com a quarta colocação entre seis times.
- Leia também: Conheça Gigi Santos, talento do judô do Fla
O treinador argentino está de contrato renovado até o fim da temporada 2025/2026 e comandará o grupo no Torneio Abertura do Novo Basquete Brasil (NBB), no Distrito Federal, de 28 de setembro a 4 de outubro. Na primeira fase, o octacampeão nacional enfrentará o Pato Basquete e o Fortaleza. Oveja conhece a capital federal: entre 2013 e 2014, comandou o Brasília.
O remo conta com os conhecimentos do uruguaio Rúben Peduto. O profissional de 53 anos tem trabalhos notórios pela seleção do país de origem. No rubro-negro, tem dominado as competições no Rio. O maior exemplo é Campeonato Carioca, com conquistas consecutivas em 2023 e em 2024. No último ano, o clube foi campeão estadual com uma regata de antecedência.
- Leia também: Como funciona o patrocínio da Medley ao Fla
O mais novo gringo da turma de treinadores do Flamengo é o espanhol Salvador Gómez, o Chava. Ele aterrissou no Rio de Janeiro em junho sob a expectativa de ser um dos grandes nomes do polo aquático, com sete participações em Jogos Olímpicos — cinco como jogador e duas como auxiliar técnico.
Como atleta, Chava foi campeão olímpico em Atlanta-1996 e prata em Barcelona-1992. Também ostenta dois títulos mundiais, em Perth-1988 e Fukuoka-2001. Treinador desde 2009, o espanhol de 57 anos busca implementar o método europeu no polo aquático do Flamengo.
“Aos poucos, estou tentando transferir os sistemas europeus para cá. É um pouco difícil para eles (jogadores), mas estão reagindo muito bem. Eles estão trabalhando muito bem no nível. Com base no treinamento, tentaremos crescer para aumentar o nível para podermos estar o mais alto possível”, destacou Chava, ao Correio.
- Leia também: Campeã olímpica, Bia Souza fala sobre futuro
O espanhol é encantado pelo Flamengo pela Cidade Maravilhosa. “Quem não conhece o Flamengo no mundo? Quem não conhece Zico? Eu não sabia que era tão grande, que tinha tantas modalidades, sabia do polo aquático, mas não imaginava que era de uma dimensão tão espetacular como a que tem. O Rio é espetacular, um paraíso”, elogiou.
Chava é um entusiasta de treinadores “importados” no Brasil. “Trazemos um sistema de trabalho diferente O Flamengo não traz qualquer técnico, é preciso muita experiência. Participei de 7 Jogos Olímpicos, acho que não é ruim contribuir com a minha experiência aqui. O técnico de basquete tem uma medalha com a seleção argentina. Não é pouca coisa. Se trouxerem estrangeiros, que pelo menos sejam de qualidade, senão melhor, logicamente, gente daqui, mas eu acho que os escolhidos pelo Flamengo foram muito bem escolhidos”, analisou.
Novo patrocínio
O Flamengo se orgulha de ter na Gávea nove modalidades olímpicas — basquete, ginástica artística, nado artístico, natação, polo aquático, remo, canoagem e vôlei. O futebol feminino é baseado no Centro de Futebol Zico, o CFZ. O clube celebra a chegada de um novo patrocinador: a Medley. Incentivadora do Comitê Olímpico do Brasil (COB), a farmacêutica unirá forças, estampará a marca nos Centros de Treinamento e nos uniformes da ginástica e do judô. O acordo ressalta a importância do equilíbrio entre saúde física e mental na formação de atletas do alto rendimento.
*O repórter viajou a convite da Medley
