ESPORTES OLÍMPICOS

Conheça Gigi Santos, joia do judô lapidada pelo Flamengo

Presente na conquista da campeã olímpica Bia Souza em Paris-2024 e fã de Teddy Riner, talento rubro-negro de 24 anos acumula pódios nacionais e internacionais

Giovanna Santos exibe orgulhosamente a medalha conquistada no Estadual, em julho     -  (crédito: Mariana Sá/Flamengo)
Giovanna Santos exibe orgulhosamente a medalha conquistada no Estadual, em julho - (crédito: Mariana Sá/Flamengo)

Rio de Janeiro — Em 4 de abril de 1979, o jornalista da Geraldo Mainenti criou o bordão "Craque, o Flamengo faz em casa", em publicação da revista Manchete Esportiva, em referência ao trabalho do clube com as categorias de base naquele período. Podemos adaptar a célebre frase a outra modalidade de prestígio na Gávea, o judô. O rubro-negro orgulha-se de fazer parte da trajetória da campeã olímpica no Rio-2016 e bronze por equipes em Paris-2024, Rafaela Silva. Mas não para por aí. A linha de produção de talentos do tatame está a todo vapor e coloca na esteira Giovanna Santos.

Carinhosamente apelidada de Gigi, a atleta de 24 anos compete na categoria +78kg, está no quarto ano de Flamengo e tem dado orgulhos não apenas aos rubro-negros, mas também ao Brasil. Acumula os títulos nos Jogos Sul-Americanos de Assunção-2022; no Aberto Pan-Americano de Córdoba, na Argentina; o tri do Campeonato Brasileiro Sênior; e o bronze no Open Europeu de Praga, na República Tcheca.

“Comecei no judô por meio de um projeto simples na escola. Graças à visão do meu professor, defendo um dos maiores clubes do Brasil. Tenho quatro anos de Flamengo, estou muito feliz de estar aqui, onde construí toda minha carreira internacional, com medalhas em Grand Prix, participação em Mundial. Estou muito feliz de sempre representar o Flamengo e continuar escrevendo essa história”, ressaltou Gigi, ao Correio.

Embora tenha se encontrado nos tatames, Gigi se aventurou em outras modalidades e atividades fora do esporte. “Foi o judô que me escolheu. Tentei fazer balé, ginástica, coral, teatro e não deu certo. O judô sempre foi a minha forma de ser. Sempre fui grande, destaquei-me sempre, desde novinha, nasci com uma força e, no judô, pude me encaixar, além de toda filosofia, respeito e hierarquia, pilares com os quais me identifico muito”, destaca.

Os desempenhos resultaram na renovação de contrato de Gigi com o Flamengo até 2026. O novo vínculo é um dos incentivos para seguir colecionado bons resultados e conquistar uma vaga para a terceira Olimpíada, mas a primeira competidora. Nos Jogos de Tóquio- em 2021 e de Paris-2024, a rubro-negra foi sparring — parceiro de treino para reproduzir situações reais de luta — de Maria Suelen Altheman e Beatriz Souza, respectivamente.

Apesar de não ter competido em Paris-2024, Gigi faz parte da trajetória do ouro de Bia Souza. “Foi uma honra estar com ela nessa Olimpíada. Sentir essa atmosfera me deixa com as energias carregadas e me motiva para estar em Los Angeles-2028 como principal”.

“A minha ficha ainda nem caiu direito. Quando ela foi campeã, falei: ‘Meu Deus, como assim? Ontem, ajudando-na a treinar e agora ela é campeã’. Se antes ela já era uma referência, agora é referência máxima para o Brasil e para o mundo. Foi muito especial estar nesse momento”, completa.

Gigi acredita que pode seguir os passos de Bia Souza por meio aprendizados. “Admiro muito a parte dela de blindagem, saber se concentrar na luta. Ela fala que não escuta nada ao retor, foca tudo na luta. É uma coisa que admirei muito, a tranquilidade. Ela sabia que estava pronta. O preparo mental me deixou muito emocionada, ela estava preparada e foi lá pegar o que era dela.”

A superação faz parte da vida do atleta de alto rendimento. Recentemente, Gigi superou uma lesão no punho, que a deixou competindo por três meses sem saber que estava machucada. “Fiz uma cirurgia, mas voltei à Seleção Brasileira. No próximo mês, viajo para as competições internacionais. Estou competindo aqui no Rio, pude ser campeã carioca. Estou muito feliz de ter superado essa lesão. Foi um momento muito difícil e pude saber o quão forte sou, porque consegui superar um problema que não tinha ligamento nem osso direito. Ainda consegui ser campeã do Troféu Brasil e ser campeã brasileira”.

Gigi ensaia seguir os passos de Bia Souza, mas também tem outra referência no judô, um francês apaixonado pelo Rio de Janeiro, Teddy Riner, cinco vezes campeã olímpico e duas vezes bronze em cinco participações, de Pequim-2008 a Paris-2024. “Ele veio aqui e o admiro muito, porque além de forte, tem muitas técnicas. Muita gente fala que quem é forte não tem muita técnica, e ele tem os dois”, compartilha.

Novo patrocinador

Além do judô, o Flamengo se orgulha de oito modalidades olímpicas — basquete, ginástica artística, nado artístico, natação, polo aquático, remo, canoagem e vôlei. O futebol feminino é baseado no Centro de Futebol Zico, o CFZ. Nesta semana, o clube celebra a chegada de um novo patrocinador: a Medley. Incentivadora do Comitê Olímpico do Brasil (COB), a farmacêutica unirá forças, estampará a marca nos Centros de Treinamento e nos uniformes da ginástica e do judô. O acordo ressalta a importância do equilíbrio entre saúde física e mental na formação de atletas do alto rendimento.

*O repórter viajou a convite da Medley

 

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postado em 23/09/2025 17:30 / atualizado em 23/09/2025 18:15
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