Eliminatórias

Cabo Verde: como o minúsculo país africano se mobiliza pelo sonho da Copa

Mimo a Pelé, lições de ídolo lusitano, engajamento do embaixador e estágio no Cruzeiro: a um triunfo do Mundial de 2026, o país de língua portuguesa tem mais habitantes nos EUA do que no arquipélago

Cabo Verde vem de uma vitória épica contra Camarões: lideres do Grupo D com 19 pontos, os Tubarões Azuis precisam de uma vitória em dois jogos para irem à Copa pela primeira vez -  (crédito:  Franck Fife/AFP)
Cabo Verde vem de uma vitória épica contra Camarões: lideres do Grupo D com 19 pontos, os Tubarões Azuis precisam de uma vitória em dois jogos para irem à Copa pela primeira vez - (crédito: Franck Fife/AFP)

Um arquipélago africano de língua portuguesa com 4.032 km² e 600 mil habitantes está a uma vitória em dois jogos da Copa de 2026. Sob a batuta de Bubista no sistema 4-2-3-1, os candidatos a heróis com nomes de jogadores de time raiz são: Vozinha; Moreira, Lopez, Diney e João Paulo; Lenini e Semedo; Ryan, Arcanjo e Cabral; Livramento. Depois de aderir à ideia do presidente da Fifa, Gianni Infantino, e encaminhar a troca no nome do principal estádio da capital, Praia, para Rei Pelé, o país pode se classificar hoje, às 10h, se derrotar a Líbia, em Trípoli.

As Eliminatórias da África têm 53 países divididos em nove grupos. O melhor de cada vai ao Mundial. Quatro terceiros disputarão a repescagem continental em semi e final. O "campeão" representará o continente na repescagem mundial. Cabo Verde lidera o Grupo D com 19 pontos e precisa de uma vitória nas últimas duas rodadas contra a Líbia, fora, ou Essuatíni (ex-Suazilândia) em Praia, para arrumar as malas rumo a Canadá, Estados Unidos e México.

A campanha de Cabo Verde tem um influenciador do Distrito Federal e outro em Minas Gerais. O embaixador do país africano em Brasília, José Pedro Chantre D'Oliveira, é um dos torcedores mais engajados no sucesso dos Tubarões Azuis — o apelido carinhoso da seleção. Ao Correio, ele revela: "Em julho, o técnico Pedro Leitão Brito (Bubista) veio pelas minhas mãos fazer um estágio com Leonardo Jardim no Cruzeiro. Desde então, todos os meus amigos lá de BH mandam mensagens como se fosse o time deles", orgulha-se o emissário.

Cauteloso, José Pedro D'Oliveira projeta a vaga em Praia, no próximo dia 13. Em 2015, Cabo Verde venceu a Líbia em Típoli. "A nação cabo-verdiana está em polvorosa. Estive em Praia na vitória contra Camarões (1 x 0). Resultado da alma, do espírito da nação. A seleção une e suspense disputas políticas. Contra Camarões, todos se abraçavam como crianças", testemunha. O gramado do estádio Nacional de Cabo Verde, rebatizado informalmente em 2023 de Rei Pelé depois da morte de Edson Arantes de Nascimento, foi invadido pela torcida.

Com a bênção do craque de Três Corações (MG), Cabo Verde pode beneficiar súditos distantes. "A maior diáspora cabo-verdinana fica nos EUA. Temos três vezes mais gente lá do que a nossa população. São cerca de 2 milhões nos EUA", surpreende o embaixador.

Artilheiro do Campeonato Português em 1990/1991, o atacante de Portugal na Copa de 1986, Rui Águas, é um dos responsáveis pela evolução de Cabo Verde. Ex-Benfica e Porto como jogador, ele foi técnico dos Tubarões Azuis de 2014 a 2016 e de 2018 a 2019, quando mudou-se para o Brasil. Veio auxiliar Jesualdo Ferreira no Santos.

"A maioria dos jogadores atua no exterior, mas há um sentimento forte ligado à terra, à família. Outros nasceram em Portugal, na Holanda, França, EUA e até na Irlanda. "Uma vez, mandei uma mensagem no LinkedIn, em português, para Roberto Lopez, o capitão, e ele não respondeu. Reenviei em inglês, e ele retornou. Ele é de Dublin". A classificação de Cabo Verde será um acontecimento incrível". A história das Copas registra três países de língua portuguesa: Brasil, Portugal e Angola.

 


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MP
postado em 08/10/2025 00:01 / atualizado em 08/10/2025 03:34
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