Filipe Luís é um treinador que não costuma abrir mão das convicções. Uma delas é o sistema 4-2-3-1. A identidade criada após pouco mais de um ano de trabalho permite ao torcedor saber de cor e salteada a escalação. A única dúvida para a final da Libertadores contra o Palmeiras, neste sábado (29/11), em Lima, talvez fosse a escolha na zaga entre Danilo e Léo Ortiz. O veterano da camisa 13 foi o escolhido para fechar a defesa e o iluminado ao marcar o único gol do jogo, dar a vitória por 1 x 0 ao rubro-negro e o quarto troféu do principal torneio da América do Sul, no 29 de novembro de 2025 inesquecível para os flamenguistas.
Depois de dois títulos da Liga dos Campeões, com o Real Madrid em 2016 e 2017, dois da badalada Premier League (2018 e 2019), uma do Campeonato Espanhol (2017) e tantos outros, chegou o dia do defensor do Brasil em duas Copas do Mundo (2018 e 2022) brindar a nação com o sonho do tetracampeonato, o primeiro de um clube brasileiro na Libertadores.
É a primeira vez que um jogador de futebol é bicampeão da Champions League e da Libertadores. Antes de alcançar a Glória Eterna com o Flamengo, Danilo fez parte da constelação do Santos tricampeão continental em 2011, com Neymar e companhia.
Danilo tem sido importantíssimo nesta temporada. O gol do empate contra o Atlético-MG na rodada anterior do Campeonato Brasileiro foi marcado por Bruno Henrique, graças a uma assistência dele. A reação contra o Chelsea, por 3 x 1, na Copa do Mundo de Clubes, teve-o como autor do segundo gol, da virada.
O Flamengo tem a possibilidade de comemorar dois títulos em cinco dias. Agora, retorna as atenções à Série A do Campeonato Brasileiro. Líder da elite nacional, com 75 pontos, o rubro-negro depende de uma vitória para erguer o troféu contra o Ceará, na quarta-feira (3/12), às 21h30, no Maracanã, pela 37ª rodada. Na perseguição aos cariocas, o Palmeiras visita o Atlético-MG no jogo simultâneo, mas pela 34ª jornada.
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O Brasil chegou a 25 títulos de Libertadores e se igualou à Argentina como país mais vitorioso. O rubro-negro é o primeiro clube da América do Sul confirmado na próxima edição da Copa do Mundo de Clubes. De quebra, a companhia carioca está com vaga garantida no torneio Intercontinental da Fifa.
O Flamengo entrará em campo no Intercontinental em 10 de dezembro, contra o Cruz Azul, do México. O duelo será disputado no Catar e três dias depois da última rodada do Brasileirão. O compromisso final do rubro-negro na Série A é contra o Mirassol, fora de casa. Se derrotar os mexicanos, o tetracampeão da América enfrentará Pyramids, do Egito, em 13/12. O duelo seria a última fronteira antes de encontro contra o poderoso Paris Saint-Germain (17/12).
Tensão e muitas faltas
Como esperado, Bruno Henrique era o responsável por emular Pedro no papel de referência. O camisa 27 teve oportunidades de inaugurar o placar, mas não estava com o pé calibrado no primeiro tempo. Aos 14, Varela cortou para o meio, chamou a marcação de três palmeirenses e acionou BH. Livre e de frente para o gol, mandou por cima. Três minutos antes, Arrascaeta viu Samuel Lino fazer bela jogada individual, recebeu na entrada da área, girou e teve o chute travado. Os cariocas apostaram na pressão na saída para tentar roubar a bola rapidamente. O movimento inicial eram de seis homens na tentativa de bote.
O Palmeiras demorou a se acertar em campo. No papel, Abel Ferreira montou a equipe 3-1-4-2. Raphael Veiga e Andreas Pereira eram as peças no meio de campo. Na prática e sem a bola, o comportamento era de 5-3-2, com recuo dos alas Piquerez pela esquerda e Khellven pela direita para tentar conter os pontas rubro-negros. Houve dificuldade para reter a bola e conter a pressão flamenguista. A partir dos 20 minutos, o Palestra subiu as linhas, dificultou a saída carioca e assustou em cabeçada de Vitor Roque para fora.
O último lance de perigo na etapa inicial foi novamente de Bruno Henrique, aos 42. O camisa 27 surpreendeu ao trocar de função com Samuel Lino, escapou pela esquerda e quase driblou o goleiro Samuel Lino.
Foi uma primeira etapa tensa e bastante faltosa. O árbitro argentino Darío Humberto Herrera teve de intervir 17 vezes, 11 devido a chegadas mais intensas do Flamengo — além de quatro amarelos aplicados (três para o Flamengo e um para o Palmeiras). Os paulistas foram para o intervalo com reclamação de falta de cartão vermelho em lance que o volante Erick Pulgar dá uma solada no zagueiro Bruno Fuchs. O lance esfriou o jogo por quatro minutos, mas não houve análise do VAR. Pulgar foi para o segundo tempo pendurado pelo amarelo.
Os treinadores Abel Ferreira e Filipe Luís não modificaram as equipes na volta dos vestiários. Era um risco para o Flamengo, pois a trinca do meio rubro-negro, formada por Pulgar, Jorginho e Arrascaeta, estava pendurada devido a cartão amarelo. As primeiras movimentações indicavam um Palmeiras mais agressivo, aproveitando o momento o encaixe de marcação que conseguiu fazer no fim da primeira etapa. Porém, finais são decididas em detalhes. Com seis minutos no relógio, Murilo vacilou na saída de bola, viu Bruno Henrique roubá-la e passar rapidamente para Arrascaeta finalizar e ser travado por Gustavo Gómez.
O lance deu injeção de ânimo nos flamenguistas. Aos 11 minutos, bola levantada por Carracal em cobrança de falta forçou o goleiro Carlos Miguel a sair esquisito. Jorginho tentou emendar de canhota, a pelota ficou viva e o quase resultou no primeiro gol. As jogadas pelo alto eram um caminho. Foi assim que saiu o gol do título. Arrascaeta cobrou escanteio, Danilo subiu mais do que toda a defesa palmeirense e testou sem chances para Carlos Miguel.
O jogo deixou tudo ainda mais tenso. O Palmeiras formou uma verdadeira blitz e quase empatou em vacilo justamente de Danilo. A fase ofensiva alviverde era tão intensa em que houve momentos de linha de seis homens do Palestra na área rubro-negra. Contudo, a retaguarda conteve a pressão e teve sorte, como quando Vitor Roque desperdiçou em excelentes condições. Ainda houve tempo para bola na trave, nos acréscimos.
Os campeões da Libertadores
7 títulos
Independiente (ARG) - 1964, 1965, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1984
6 títulos
Boca Juniors (ARG) - 1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007
5 títulos
Peñarol (URU) - 1960, 1961, 1966, 1982 e 1987
4 títulos
Estudiantes (ARG) - 1968, 1969, 1970 e 2009
River Plate (ARG) - 1986, 1996, 2015 e 2018
Flamengo - 1981, 2019, 2022 e 2025
3 títulos
Grêmio - 1983, 1995 e 2017
São Paulo - 1992, 1993 e 2005
Santos - 1962, 1963 e 2011
Palmeiras - 1999, 2020 e 2021
Olimpia (PAR) - 1979, 1990 e 2002
Nacional (URU) - 1971, 1980 e 1988
2 títulos
Internacional - 2006 e 2010
Cruzeiro - 1976 e 1997
Atlético Nacional (COL) - 1989 e 2016
1 título
Botafogo - 2024
Fluminense- 2023
Corinthians - 2012
Atlético-MG - 2013
Vasco - 1998
Racing (ARG) - 1967
Argentinos Juniors (ARG) - 1985
Colo-Colo (CHI) - 1991
Vélez Sarsfield (ARG) - 1994
Once Caldas (COL) - 2004
LDU (EQU) - 2008
San Lorenzo (ARG) - 2014
Ficha técnica
Palmeiras 0 x 1 Flamengo
Libertadores: Final (jogo único)
Local: Estádio Monumental U, Lima, Peru
Arbitragem: Darío Humberto Herrera (ARG)
Palmeiras — Carlos Miguel; Bruno Fuchs, Gustavo Gómez e Murilo (Giay); Khellven (Sosa), Allan (Facundo Torres), Andreas Pereira, Raphael Veiga (Felipe Anderson) e Piquerez; Flaco López e Vitor Roque. Técnico: Abel Ferreira
Cartões amarelos: Raphael Veiga, Piquerez e Murilo
Flamengo — Rossi; Varela, Danilo, Léo Pereira e Alex Sandro; Erick Pulgar e Jorginho; Carrascal, Arrascaeta (Luiz Araújo) e Samuel Lino (Cebolinha); Bruno Henrique (Juninho). Técnico: Filipe Luís
Cartões amarelos: Arrascaeta, Erick Pulgar e Jorginho
Gol: Danilo, aos 22 minutos do 2º tempo
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