
Como diz um dos mantras da "Nação", o Flamengo quer o mundo de novo, mas esse é o sonho de consumo mais difícil de realizar na era da prosperidade do clube carioca. O atual campeão da Libertadores representa a América do Sul pela quarta vez em sete anos em um Mundial organizado pela Fifa — levando-se em conta qualquer nome e/ou formato. Amargou o vice na prorrogação contra o Liverpool em 2019, caiu nas semifinais diante do Al-Hilal em 2022, foi eliminado nas oitavas de final pelo Bayern de Munique neste ano na edição inaugural da Copa do Mundo de Clubes e estreia hoje contra o Cruz Azul do México na Copa Intercontinental, às 14h (de Brasília), no Estádio Ahmad bin Ali, em Al-Rayyan, no Catar.
O caminho rumo ao desejo de enfrentar o campeão da Champions League ficou mais longo nesse torneio. Antes, os sul-americanos entravam nas semifinais. Desde o ano passado, são necessários dois triunfos. A regalia dos campeões da Conmebol acabou por causa da série de eliminações contra Mazembe, Al-Hilal, Tigres, Al-Ain, Kashima Antlers e Raja Casablanca. Não havia mais argumentos para sustentar a manutenção da imunidade.
Para enfrentar o Paris Saint-Germain no próximo dia 17, o Flamengo tem de passar pelo Cruz Azul hoje e depois eliminar o Pyramids do Egito no sábado. Há uma diferença nesta edição. O intercâmbio com adversários de outras confederações na Copa do Mundo de Clubes dos Estados Unidos deixou lições importantes nos duelos contra Espérance da Tunísia, Los Angeles FC e Chelsea na fase de grupos e o Bayern de Munique nas oitavas.
"O Cruz Azul é um time muito competitivo e muito bem treinado. A liga mexicana é disputada, com um poder financeiro muito grande. É uma equipe com bons jogadores, com muita qualidade, fisicamente muito forte. Defendem de uma forma muito agressiva, pressionam muito e tentam sempre ser protagonistas do jogo. Um time que tenta roubar a bola e atacar o máximo possível. Pensamos o futebol da mesma forma, tentamos sempre pressionar e controlar o jogo, então vai ser uma partida muito disputada", analisou o técnico Filipe Luís na entrevista coletiva de ontem para as quartas de final.
"É muito difícil tirar a posse deles, porque é uma equipe que costuma dominar os adversários quase sempre. É similar um pouco à forma de defender do Bragantino do Mancini e do Atlético-MG do Cuca. Várias equipes jogam com essa estrutura, mas a individualidade dos jogadores faz com que seja uma equipe única, porque tem meio-campistas com muita qualidade e mobilidade, que se oferecem a todo momento para poder jogar, o que faz ser um time muito difícil de ser pressionado", acrescentou Filipe Luís.
O treinador evitou ao méximo citar nomes na análise do Cruz Azul. "Claro que eu observo a parte individual, mas tento analisar muito mais estruturas. Para mim, o diferencial do Cruz Azul está no meio-campo. São meias com muita qualidade e mobilidade, que se oferecem a todo momento para poder jogar. Faravelli é um jogador determinante", elogiou.
O Cruz Azul é comandado pelo técnico uruguaio Nicolás Larcamón, ex-Cruzeiro. "Tenho alguns amigos em comum (com Larcamón), no futebol todos se conhecem, e me falaram muito bem dele, é um treinador importante na liga mexicana, por isso o time é tão sólido e chegou onde chegou. O adversário rubro-negro passou conquistou a Concachampions, a Libertadores da Concacaf, ao superar o Vancouver Whitecaps na decisão.
O Flamengo vem de duas conquistas em 12 dias. Ganhou o tetra da Libertadores contra o Palmeiras, em Lima, no Peru, e o Campeonato Brasileiro diante do Ceará, por 1 x 0, na penúltima rodada da Série A. As viagens longas e as festas dão lugar à retomada do foco.
"O ser humano pode relaxar depois de alcançar um objetivo. É um grupo feito de multicampeões, e a única coisa que sinto é que eles querem mais. Essa era minha principal preocupação, mas o que vejo é muita ambição nos treinos, muita fome e seriedade. Não só espero que seja assim no Mundial, como espero que seja assim no ano que vem, porque, no final das contas, jogadores multicampeões continuam conquistando porque não perdem a fome de títulos. Por isso são jogadores tão grandes e com tanta história no futebol, não se acomodam depois de conquistar um título", afirmou Filipe Luís.
O Flamengo viajou para o Catar no sábado passado, desembarcou em Doha no domingo e fez três sessões de treino no Oriente Médio, o último deles ontem. A escalação é a mesma das vitórias por 1 x 0 contra o Palmeiras e o Ceará. Há uma possiblidade remota de o zagueiro Léo Ortiz iniciar a partida no lugar do herói do tetra Danilo ao lado de Léo Pereira.

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