EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Jovens e adultos que concluem o EJA ampliam chances no mercado de trabalho

A pesquisa "Educação de Jovens e Adultos: Acesso, Conclusão e Impactos sobre Empregabilidade e Renda" mostra impacto direto na renda e qualidade de vida dos brasileiros

Correio Braziilense
postado em 04/09/2025 12:01
Pesquisa avaliou o desempenho de pessoas de 19 a 24 anos e mostra aumento de, em média, 7,5% na renda mensal do trabalho -  (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Pesquisa avaliou o desempenho de pessoas de 19 a 24 anos e mostra aumento de, em média, 7,5% na renda mensal do trabalho - (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)

Por Sofia Sellani* 

A conclusão do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) amplia as chances na vida profissional dos trabalhadores. A constatação é da análise “Educação de Jovens e Adultos: Acesso, Conclusão e Impactos sobre Empregabilidade e Renda”, apresentada pelo Itaú Educação e Trabalho em parceria com a Fundação Roberto Marinho. 

A pesquisa, realizada a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), avaliou o desempenho de pessoas de 19 a 24 anos e mostra aumento de, em média, 7,5% na renda mensal do trabalho. Em comparação, no meio de jovens de 19 a 29 anos, o crescimento é de 4,5%. 

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Panorama da pesquisa

Para os pesquisadores, a mudança positiva espelha o impacto imediato do diploma obtido pelo EJA. Segundo Diogo Jamra, gerente de Monitoramento, Avaliação, Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho, o programa auxilia aqueles que não conseguiram concluir os estudos. “Essas pessoas são o resultado de um longo processo de exclusão, é necessário olhar para essa população e buscar uma forma de fazer com que a EJA tenha significado", afirmou. Para Jamra, dialogar com necessidades do público reflete a qualificação profissional.

Diogo Jamra, gerente de Monitoramento, Avaliação, Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho
Diogo Jamra, gerente de Monitoramento, Avaliação, Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho (foto: Material cedido ao Correio)

Entretanto, a pesquisa exibe que a permanência nos estudos podem ser comprometidos por fatores socioeconômicos e demográficos. Apontado pelo Censo Demográfico de 2022, 66,6 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais estão fora da escola ou não concluíram a educação básica. Entre o resultado, 11,4 milhões são analfabetos.  

Resultados

A pesquisa aponta que os efeitos positivos na vida de jovens e adultos é instantâneo. Para Alexandre da Silva, 43, que se graduou em Sistema de Informação após ter integrado a EJA, “ Estudar no programa me incentivou a buscar uma faculdade”, afirmou. Atualmente, Silva  é engenheiro de software.

No entanto, os dados exibem que barreiras como idade, trabalho, responsabilidades domésticas e residir em áreas dificultam o acesso à modalidade.

O estudo também analisou quais participantes têm maior probabilidade de obter a certificação no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). O feito mostra que o número de registros caiu gradualmente, saindo de 1,6 milhão em 2022 para 900 mil em 2024.

Os dados também revelam que a quantidade de inscritos que não realizam a prova é alta, onde 58% dos 1,2 milhão de inscritos em 2023 não compareceram à avaliação. Nesse mesmo ano, apenas 46% dos candidatos foram aprovados. O apontamento afirma que quanto maior a faixa etária, menor é a chance de obter a certificação.

Entretanto, para a especialista em dados de juventudes, educação e mercado de trabalho Katcha Poloponsky, o investimento na política pública é essencial para que o número de matrículas volte a subir. Disse que “ainda temos desafios”, mas que a pesquisa  reafirma o caráter do direito fundamental da educação.

Katcha Poloponvsky, especialista em dados de juventudes, educação e mercado de trabalho
Katcha Poloponvsky, especialista em dados de juventudes, educação e mercado de trabalho (foto: Material cedido ao Correio)

 

*Estafgiária sob supervisão de Jaqueline Fonseca

 

  • Katcha Poloponvsky, especialista em dados de juventudes, educação e mercado de trabalho
    Katcha Poloponvsky, especialista em dados de juventudes, educação e mercado de trabalho Foto: Material cedido ao Correio
  • Diogo Jamra, gerente de Monitoramento, Avaliação, Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho
    Diogo Jamra, gerente de Monitoramento, Avaliação, Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho Foto: Material cedido ao Correio
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