Pandemia

UnB: alta adesão às máscaras marca primeiro dia de retorno presencial

Retorno das aulas em regime totalmente presencial ocorre em meio ao aumento de casos da covid-19 no DF. Apesar da desobrigatoriedade das máscaras, o vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, afirma que há forte adesão

Pedro Marra
Ana Maria Pol
postado em 07/06/2022 05:53 / atualizado em 07/06/2022 05:54
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

A alta adesão ao uso de máscaras pela comunidade acadêmica marcou o primeiro dia da retomada das aulas totalmente presenciais na Universidade de Brasília (UnB). O retorno, que aguardava cerca de 56 mil pessoas da comunidade acadêmica, acontece em meio ao aumento de casos da covid-19 no Distrito Federal, e dividiu opiniões. Enquanto muitos estudantes celebram o reencontro, servidores e professores se preocupam com a progressão da taxa de transmissão do novo coronavírus.

 

  • Anna Brandão, 19, acredita que o aprendizado presencial é melhor Ed Alves/CB
  • 06/06/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - Cidades. Volta as Aulas presenciais na UnB. Ed Alves/CB
  • 06/06/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - Cidades. Volta as Aulas presenciais na UnB. Ed Alves/CB

O retorno foi definido no final de março, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). Durante o tempo de suspensão das aulas totalmente presenciais, estavam circulando nos campi parte dos servidores e funcionários terceirizados, além de estudantes que estavam com disciplinas presenciais. Para fazer o translado, ainda era obrigatório o uso de máscaras e a apresentação do comprovante de vacinação contra a covid-19.

Apesar da dispensa das exigências sanitárias, como uso de máscaras, distanciamento social e vacinação, a instituição continua incentivando as práticas. De acordo com o vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, há uma consciência coletiva da comunidade acadêmica em relação à pandemia. "Houve uma adesão praticamente completa do uso de máscaras pelos estudantes, o que temos incentivado e vamos continuar fazendo", garante.

 

Segundo o vice-reitor, a instituição continuará acompanhando a situação pandêmica no DF. "Vamos seguir os normativos vigentes no DF, dentro da nossa comunidade. Agora, o nosso posicionamento é fazer a recomendação forte do uso de máscara, de adesão à vacina", garante. Enrique pontua, ainda, que a instituição abriu um edital para estudantes em situação de vulnerabilidade se cadastrarem e receberem máscaras de proteção. O auxílio máscara, no valor de R$ 40, teve resultado preliminar divulgado em 17 de maio. O pagamento consiste em parcela única depositada em conta corrente do estudante.

A universidade fez, ainda, uma série de adaptações, como a instalação de totens de álcool em gel, lixeiras com pedal, torneiras que funcionam por pressão e cartazes com orientações sobre conduta em relação a higiene e também sobre como proceder em caso de suspeita ou contaminação pelo coronavírus.

Integrante da coordenação geral do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UnB, Adda Luísa de Melo Sousa, diz que houve uma boa receptividade da comunidade estudantil da instituição em relação ao retorno presencial das aulas. "Estamos alegres por ver que a casa está cheia novamente", diz.

O DCE chegou a criar, no final do ano passado, uma plataforma política de reivindicações para um retorno seguro, onde pedia o uso de máscaras e a apresentação do comprovante da vacina. "Desde o início lutamos pela necessidade do ensino remoto, para que fosse oferecido as condições mínimas aos estudantes, entendendo que naquele momento era impossível voltar. Mas, agora, pautamos que o retorno acontecesse de forma segura. E temos visto que mesmo com a retirada da obrigatoriedade, a maioria está comprometida em cumprir com a missão de evitar a proliferação do vírus", completa Adda.

Entusiasmo

A animação da estudante do segundo semestre de Ciências Políticas, Anna Beatriz Brandão, 19 anos, reflete o que parte dos estudantes entrevistados pela reportagem relataram no primeiro dia do retorno presencial. Para Anna, a volta era necessária."No presencial, conseguimos conversar mais, os estudos ficam mais interativos, conseguimos trocar ideia melhor", justifica.

A moradora de Sobradinho, Vitória Santos da Silva, 20, chegou ao Campus Darcy Ribeiro na manhã de ontem para começar o quarto semestre do curso de estatística e compartilha do entusiasmo da colega. "Só de acordar cedo, me arrumar, para vir até a universidade já muda o clima, o ânimo". As duas foram pegas de surpresa ao chegar no campus, com a informação de que a professora de uma das disciplinas foi diagnosticada com covid-19. Com a notícia da contaminação, Vitória defende que todo cuidado é pouco.

Para monitorar os casos de covid-19 em sala de aula ou laboratórios de ensino, os decanatos de ensino de graduação, pós-graduação, e de assuntos comunitários montaram um plano. O planejamento dá orientações de como estudantes, professores e servidores devem proceder caso tenha suspeita, confirmação de contágio ou, ainda, tenham contato com alguém contaminado. De acordo com o texto, se ocorrerem três ou mais casos confirmados na mesma turma dentro de um intervalo de 14 dias, as atividades presenciais de toda a turma devem ser suspensas por sete dias. No caso de professores contaminados, os profissionais deverão notificar a chefia imediata, e permanecer em isolamento por dez dias — período no qual as aulas da disciplina serão suspensas.

Professores expressão preocupações

Para a professora e diretora da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), Eliene Novaes Rocha, os professores ainda têm receios. De acordo com a professora, a recomendação do sindicato é de que o uso de máscaras e a cobrança do comprovante de vacinação volte a ser obrigatória durante esse período de maior exposição, em que há pessoas circulando na universidade.

Porém, a diretora reitera que a obrigatoriedade não garante tranquilidade a todos os professores. "Com a queda da Instrução Normativa 90, do Ministério da Economia, muitos em situação de comorbidades precisaram retornar ao trabalho. Temos pessoas que não têm condições físicas ou de saúde para retornarem", explica Eliane.

A universidade reiterou, ao Correio, que os servidores que tiverem comorbidades e que, por indicação médica, precisam estar afastados do trabalho para tratamento de saúde, devem seguir os protocolos já estabelecidos, como o cadastro do atestado médico e quando necessário, a realização de perícia.

Monitoramento é o caminho

O médico infectologista e coordenador de infectologia do hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior, explica que, apesar do aumento do índice de transmissão, a retomada não está equivocada. "É comum haver aumento de casos quando retornamos aos fluxos habituais. Claro que com os cuidados e mantendo as medidas de restrição, com usos de máscara", cita.

O especialista afirma que é preciso haver monitoramento. "Hoje, sabemos que não há uma crescente na taxa de internação, mas se esse for o caso, é preciso reconhecer que está na hora de fechar as portas novamente", afirma.

 

Erramos!

Diferentemente do publicado na reportagem de ontem, sob o título "Após dois anos, UnB retoma aulas presenciais", o retorno das aulas na Universidade de Brasília abrange toda a comunidade acadêmica, inclusive, os servidores e pessoas com comorbidades que estavam amparados pela Instrução Normativa 90, do Ministério da Economia (ME). As decisões foram tomadas em função da publicação da Portaria GM/MS nº 913, de 22 de abril de 2022, que decreta o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) pela covid-19, e da publicação da Instrução Normativa SGP/SEDGG/ME nº 36, de 05 de maio de 2022, que revoga a IN 90 do ME. A Instrução Normativa do Ministério da Economia previa a permanência em trabalho remoto de servidores enquadrados em grupos de risco, por meio de autodeclaração.

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