
Segundo a rede Aga Khan Development Network, o príncipe Shah Karim Al Husseini, conhecido como Aga Khan, morreu nessa terça-feira (4/2), aos 88 anos, em Lisboa (Portugal). Aga Khan significa "chefe comandante", título concedido por liderar espiritualmente mais de 15 milhões de muçulmanos ismaelitas no mundo.
O príncipe era considerado descendente direto do profeta Maomé — por meio de Fátima, filha do profeta, e de Ali, genro e primo — e conhecido pelo sucesso como proprietário de cavalos de corrida. Shah Karim foi a quarta pessoa a receber o título de Aga Khan, concedido pela 1ª vez pelo imperador da Pérsia ao trisavô de Karim.
Como líder religioso, Aga Khan fornecia orientação espiritual à comunidade ismaelita, difundida pelo Oriente Médio, África Subsaariana, Europa, América do Norte, Ásia Central e Sul da Ásia. Em 2013, a revista Vanity Fair escreveu sobre o príncipe: “Poucas pessoas transitam entre tantos mundos, entre o espiritual e o material, entre o Oriente e o Ocidente, entre muçulmanos e cristãos, com tanta elegância quanto ele”.
Estima-se que o líder religioso acumulou uma fortuna de U$ 800 milhões a U$ 13 bilhões, resultado do negócio de cavalos, investimentos em setores turístico e imobiliário e herança familiar. De acordo com a Aga Khan Development Network, o anúncio do sucessor do líder religioso será feito posteriormente.
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Em posse de cidadania britânica, suíça, francesa e portuguesa, Aga Khan dedicou a vida a ajudar regiões carentes ao redor do mundo. “Se você viaja pelo mundo em desenvolvimento, vê que a pobreza é o motor do desespero trágico e que há a possibilidade de que qualquer meio de saída seja utilizado”, disse ao The New York Times em 2007.
Filantropia empresarial
Nascido em Genebra em 1936, o estudante de Harvard poderia ter vivido da herança do avô, mas assumiu a tarefa do antecessor com menos de 21 anos. O herdeiro investiu grande parte da fortuna em países necessitados, combinando filantropia com tino empresarial.
Ele também fundou e liderou a Rede Aga Khan de Desenvolvimento, que afirma empregar 96.000 pessoas e gastar cerca de um bilhão de dólares anuais (5,72 bilhões de reais na cotação atual) em atividades de desenvolvimento sem fins lucrativos, como redução da pobreza, educação, saúde, planejamento urbano e desenvolvimento de infraestrutura.
Desde 1984, a fundação conta com o Fundo Aga Khan para o Desenvolvimento Econômico (AKFED), que tem 36.000 funcionários e 90 empresas e gera receitas anuais de 4,5 bilhões dólares (26 bilhões de reais na cotação atual). O AKFED opera em setores como telecomunicações, produção de eletricidade, turismo com a rede de hotéis Serena, serviços financeiros e de mídia através do influente Nation Media Group, de capital aberto em Nairóbi.
Pacifista religioso
Aga Khan evitou falar sobre questões como os conflitos no Oriente Médio, a ascensão do islamismo radical ou as tensões entre sunitas e xiitas. “O islamismo não é uma religião de conflito ou desordem social, é uma religião de paz. Se é usado em situações essencialmente políticas, que ocorrem em um contexto teológico, isso simplesmente não é correto", disse à AFP em 2017.
Aga Khan teve quatro filhos: Zahra, Rahim e Hussain, do primeiro casamento com a modelo britânica Sally Crocker-Poole, e Aly, nascida em 2000 da união com a jurista alemã Gabriele zu Leiningen, de quem se divorciou em 2004.
*Com informações da Agência France-Press
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