ESTADOS UNIDOS

Ex-padre do sexo na igreja terá eletrônicos de volta, mas com uma condição

Entenda a decisão judicial que devolveu eletrônicos ao ex-padre envolvido em um escândalo sexual em uma igreja da Louisiana

Travis Clark, ex-padre da Louisiana, e a dominatrix Lady Vi, também conhecida como Satanatrix -  (crédito:  Reprodução/St. Tammany Parish Sheriff's Office)
Travis Clark, ex-padre da Louisiana, e a dominatrix Lady Vi, também conhecida como Satanatrix - (crédito: Reprodução/St. Tammany Parish Sheriff's Office)

Um tribunal da Louisiana (EUA) determinou que Travis Clark, ex-padre católico de Pearl River, poderá reaver os equipamentos eletrônicos apreendidos durante a investigação que o envolveu em 2020. A decisão da juíza estadual Ellen Creel inclui celulares, tablets, computadores, consoles de jogos, pen drives e cartões de memória, mas estabelece que todo o conteúdo armazenado seja apagado antes da devolução, como forma de impedir a divulgação dos vídeos gravados no altar da Igreja de São Pedro e São Paulo.

O caso ganhou repercussão mundial quando Clark foi flagrado tendo relações sexuais com as dominatrixes Lady Vi — também conhecida como Satanatrix — e Empress Ming. O trio foi descoberto por um homem que caminhava perto do local e, ao notar movimentação e luzes incomuns dentro da igreja, filmou a cena pela janela e acionou a polícia. Os agentes apreenderam equipamentos de gravação, brinquedos sexuais e luzes de palco, além de deter o grupo.

As imagens, que permanecem sob sigilo judicial, mostram, segundo fontes ouvidas pelo jornal The Guardian, práticas consideradas profanas — incluindo o uso de um cálice de vinho da comunhão para urinar e Clark vestido com roupas íntimas femininas. Parte do material teria sido gravado também em um dormitório nos terrenos da igreja.

O episódio levou o arcebispo de Nova Orleans, Gregory Aymond, a ordenar a destruição do altar e a consagração de um substituto. Na época, a arquidiocese já enfrentava as consequências de um escândalo de abusos sexuais cometidos por membros do clero, que resultara em pedido de proteção contra falência, conforme o Guardian.

Em 2022, Clark se declarou culpado de obscenidade, aceitando três anos de liberdade condicional e o pagamento de multa de US$ 1.000. As duas dominatrixes também assumiram culpa por vandalismo institucional e receberam pena de liberdade condicional. No entanto, Clark acabou preso posteriormente por violar os termos da sentença ao conceder uma entrevista à emissora WDSU, filiada da NBC, onde afirmou que a vida celibatária e o isolamento da pandemia de covid-19 o levaram à solidão e ao desejo de contato humano.

"Lutando e caindo, pecando também. Padres também pecam", declarou o ex-clérigo, que deixou voluntariamente o sacerdócio, mas disse ainda acreditar em Deus e no valor do perdão.

Lady Vi, em entrevista à revista Hustler, reforçou que havia sido convidada para filmar pornografia e criticou a forma como o caso foi tratado pela mídia e pelo arcebispo, que chamou o ato de “demoníaco”. Segundo ela, a filmagem envolvia apenas adultos consentindo em um local privado, mas o episódio ganhou contornos criminais por ter ocorrido no chamado “Cinturão da Bíblia”, onde a simbologia da igreja pesa sobre a percepção pública.

Até a sexta-feira (29/8), Clark ainda aguardava a devolução de seus pertences, enquanto as autoridades concluíam a formatação completa dos dispositivos, medida que também seria aplicada caso as dominatrixes reivindicassem seus próprios equipamentos.

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postado em 02/09/2025 12:01 / atualizado em 02/09/2025 12:02
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