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A agricultura nas Américas é motor da segurança alimentar e do crescimento econômico

O mundo terá cerca de 10 bilhões de habitantes em 2050, exigindo aumento expressivo da produção — quase metade a mais do que hoje

O pequeno produtor da América Central mantém a renda com café ou cacau e preserva tradições seculares -  (crédito: Wikimedia Commons/Nisar Akaash Torwali)
O pequeno produtor da América Central mantém a renda com café ou cacau e preserva tradições seculares - (crédito: Wikimedia Commons/Nisar Akaash Torwali)

Falar de agricultura nas Américas é narrar milhares de histórias que se cruzam. A família caribenha cultiva hortaliças para abastecer sua comunidade, apesar da dependência das importações. O pequeno produtor da América Central mantém a renda com café ou cacau e preserva tradições seculares.

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No Cone Sul, agricultores integram lavouras, pecuária e florestas para recuperar solos. No Norte do continente, produtores investem em tecnologia de ponta para gerar alimentos, fibras e bioenergia. Trajetórias distintas, unidas por uma certeza: agricultores fortes garantem segurança alimentar e prosperidade.

O mundo terá cerca de 10 bilhões de habitantes em 2050, exigindo aumento expressivo da produção — quase metade a mais do que hoje. Cabe às Américas combinar grandes exportações com mercados ainda dependentes de importações, sustentados por milhões de agricultores familiares que alimentam comunidades locais.

A diversidade da região é riqueza, mas impõe desafios. Avançam cadeias mecanizadas voltadas ao comércio internacional, enquanto muitos territórios seguem sem crédito, assistência técnica, infraestrutura e acesso a mercados. Cerca de 30% das áreas agrícolas já estão degradadas. A solução não está em abrir novas fronteiras, mas em recuperar terras existentes e intensificar a produção com inteligência e tecnologia.

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A recuperação dos solos depende de práticas simples e eficazes. Rotação de culturas quebra ciclos de pragas e estabiliza a produtividade. Plantio direto reduz erosão e mantém cobertura vegetal. Adubos verdes devolvem nutrientes e diminuem custos, enquanto bioinsumos e manejo biológico reduzem o uso de agroquímicos. Calagem e gesso agrícola corrigem acidez e liberam nutrientes. A integração agrícola, pecuária e florestal acelera a recuperação, diversifica rendas e otimiza o uso da terra.

Essas práticas já mostram resultados: plantio direto e rotação ampla na Argentina e no Brasil; cooperativas de café e cacau na América Central; hortas comunitárias e compras locais no Caribe; sistemas integrados no Cone Sul; e agricultura de precisão com bioenergia na América do Norte. O desafio está em ampliar soluções e adaptá-las a cada território.

No centro dessa transformação está a agricultura familiar. Milhões de pequenas e médias propriedades colocam alimentos frescos nas mesas, sustentam a renda local e preservam paisagens culturais. Fortalecê-las requer crédito previsível, assistência técnica constante e cooperativismo capaz de ampliar escala e serviços. A agroindústria familiar agrega valor e promove a inclusão de mulheres e jovens. Quando a base produtiva se fortalece, toda a sociedade ganha em segurança alimentar, renda e coesão social.

Investir no campo significa investir na prosperidade do continente. A inovação se manifesta em plataformas digitais para manejo, sensores que dosam insumos com precisão, biotecnologia de sementes mais produtivas e sistemas integrados que reúnem lavouras, pecuária e florestas. Também está presente em cooperativas fortes, alianças público-privadas, redes de extensão que aprendem com os produtores e instrumentos de crédito que recompensam ganhos sustentáveis.

O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) cumpre papel essencial. É espaço de encontro entre governos, produtores, pesquisadores e setor privado. Atua como agente que transforma experiências em políticas públicas, leva soluções tecnológicas ao campo e mobiliza cooperação técnica para acelerar práticas bem-sucedidas.

A missão do IICA é transformar diversidade em complementaridade. O desafio é imenso, mas o caminho está definido. É hora de avançar combinando recuperação de solos, intensificação inteligente, fortalecimento da agricultura familiar, redução de perdas e inovação em toda acadeia, do campo à logística.

Falar de segurança alimentar e prosperidade é falar de raízes e bases sólidas. Com agricultores no centro e cooperação adequada, as Américas estarão à altura do que o mundo espera e do que a sociedade merece.

 

 

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postado em 20/10/2025 06:00
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