Selic

Aumento de juros pelo BC foi irracional, diz José Guimarães

Líder do governo na Câmara destacou que a decisão do BC levou o Brasil a ostentar a "vergonhosa" segunda maior taxa de juros do mundo

Para Guimarães (foto), principal beneficiado pelo alto patamar dos juros é o sistema financeiro -  (crédito: Bruno Spada/Câmara)
Para Guimarães (foto), principal beneficiado pelo alto patamar dos juros é o sistema financeiro - (crédito: Bruno Spada/Câmara)

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), veio a público nesta terça-feira (24/6) dizer que a decisão do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros de 14,75% para 15% na semana passada foi “irracional” e vai resultar em aumento da dívida pública. O órgão divulgou hoje a ata da reunião.

“A irracional política monetária do Banco Central autônomo levou o país a ostentar a vergonhosa segunda maior taxa de juros do mundo. Considerando o atual patamar da Selic, o desembolso do setor público, em 12 meses, com a rolagem de seu débito deve superar inéditos R$ 1 trilhão de reais de pagamento de juros até o final do ano”, escreveu Guimarães em um post em seu perfil no X.

“Imagina quanto o sistema financeiro está ganhando e concentrando a renda da população. A quem interessa a taxa de juros nas alturas?”, afirmou Guimarães, que também tem criticado instituições financeiras nos últimos dias para pressionar pela maior taxação de fintechs, como parte do plano do governo para arrecadar mais.

A insatisfação de Guimarães é um termômetro de como o entorno do governo tem visto o risco de que a economia fique estagnada nos próximos meses, que serão cruciais para mostrar resultados ao eleitorado e melhorar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Quando Roberto Campos Neto era presidente do Banco Central e o órgão resistia a diminuir os juros — o BC é independente e não responde ao que quer o governo federal —, o PT fez uma campanha direta contra ele, culpando-o por sabotar a economia do governo Lula.

O atual presidente do BC, no entanto, é Gabriel Galípolo, indicado por Lula em 2024. Na nova onda de críticas ao Banco Central, as figuras influentes do governo e do PT têm criticado as decisões do, mas sem mencionar o nome de Galípolo.

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Quando o BC anunciou a nova taxa, em 19 de junho, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), uma das mais verbosas na questão desde a era Campos Neto, também foi a público criticar o aumento, mas sem atacar o presidente do Banco Central.

“No momento em que o país combina desaceleração da inflação e déficit primário zero, crescimento da economia e investimentos internacionais que refletem confiança, é incompreensível que o Copom aumente ainda mais a taxa básica de juros. O Brasil espera que este seja de fato o fim do ciclo dos juros estratosféricos”, afirmou em uma publicação no X.

postado em 24/06/2025 12:39 / atualizado em 24/06/2025 12:40
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