
O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou nesta quinta-feira (10/7) que o colegiado acompanha com atenção os desdobramentos da tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O parlamentar defendeu o uso da diplomacia parlamentar como resposta. “São mais de 200 anos de relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos. Temos que buscar a pacificação desse entendimento para que o nosso comércio não seja prejudicado”, disse.
A medida foi acompanhada de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que Trump classificou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como uma "caça às bruxas" e atribuiu o aumento tarifário a críticas do Brasil ao Judiciário e a plataformas digitais dos EUA. O governo norte-americano também abriu uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301 do Código de Comércio.
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Segundo Trad, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil — atualmente o principal representante diplomático norte-americano no país — propôs a criação de uma missão parlamentar brasileira a Washington. O objetivo é abrir um canal de diálogo direto com o Legislativo dos Estados Unidos. A visita está prevista para ocorrer em setembro e conta com o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
A iniciativa surge em meio à crescente preocupação do setor produtivo com os impactos da nova tarifa. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) alertou que a medida pode representar um entrave ao comércio internacional e comprometer o abastecimento alimentar global.
Mato Grosso do Sul, estado representado por Nelsinho Trad, é um dos maiores exportadores de carne bovina do país e encerrou 2024 com produção recorde de mais de 1 milhão de toneladas.
No primeiro semestre deste ano, a carne bovina respondeu por 14,37% de todas as exportações sul-mato-grossenses, segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc). Para Trad, é preciso adotar uma resposta firme, porém equilibrada, que leve em conta os impactos sobre a balança comercial e os empregos gerados pelo agronegócio nacional.
A CRE também mantém um grupo técnico interno dedicado à agenda de exportações e à defesa comercial. A proposta, segundo o senador, é construir soluções institucionais sustentadas em estratégia e responsabilidade, sem acirrar o cenário geopolítico. “O Brasil não pode pagar o preço de disputas ideológicas que não são nossas”, afirmou.
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