
No relatório em que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o filho dele Eduardo Bolsonaro, a Polícia Federal relatou uma engrenagem movimentada pelo clã para a produção e a disseminação de fake news contra o Executivo e o Judiciário e tentar coagir autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, diálogos entre Jair e Eduardo Bolsonaro revelaram um "alinhamento de narrativas" que seriam compartilhadas publicamente, com "o mesmo modus operandi da milícia digital: difusão em alto volume, por multicanais, de forma rápida, contínua, utilizando pessoas com posição de autoridade perante o público-alvo, para dar uma falsa credibilidade às narrativas propagadas".
Conforme a corporação, as articulações do grupo de divulgação de fake news também contaram com a participação do pastor Silas Malafaia, alvo de busca e apreensão na quarta-feira, ao aterrissar no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, procedente de Lisboa. Para a PF, o líder da Igreja Vitória em Cristo participou da "definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas" contra o Poder Judiciário.
Em conversa de 13 de julho — de acordo com a investigação —, Malafaia orientou Bolsonaro sobre como direcionar a narrativa que ligaria uma resposta do Brasil ao tarifaço imposto pelo governo Trump à defesa da anistia para o ex-presidente e para os golpistas do 8 de Janeiro.
"Tem que juntar a taxa com a questão da anistia. Ou juntar liberdade, justiça e anistia e a queda da taxa. É a carta de Trump, não vão ter como dizer que é fake", disse o pastor, em mensagens a Bolsonaro. O tom da defesa de um perdão ao ex-presidente, segundo a PF, ocorreu em meio a mensagens de descredibilização do Judiciário brasileiro.
Em outro episódio documentado, Malafaia avisa Bolsonaro que postaria um vídeo em suas redes defendendo sanções contra autoridades públicas — uma "forma previamente ajustada de ação" para "propagar atos de coação contra ministros do STF", utilizando sua posição de autoridade religiosa para dar credibilidade às narrativas.
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Fim do prazo
Hoje, vence o prazo fixado por Moraes para que a defesa de Bolsonaro explique o descumprimento de medidas cautelares, a reiteração de condutas ilícitas e a existência de risco de fuga, porque a PF encontrou uma minuta de pedido de asilo a favor do ex-presidente e direcionada ao governo argentino.
A defesa de Bolsonaro criticou o relatório da PF e negou desrespeito às medidas cautelares. "Os elementos apontados na decisão serão devidamente esclarecidos dentro do prazo assinado pelo ministro relator, observando-se, desde logo, que jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar previamente imposta", diz a nota dos advogados. Bolsonaro está em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, por determinação de Moraes.
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