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Greenpeace cobra ação do governo e menciona Margem Equatorial

Entidade aponta contradição da gestão Lula por defender medidas para conter mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, insistir em explorar petróleo na Foz do Amazonas

Lula discursa na Cúpula de Líderes da COP30, em Belém -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Lula discursa na Cúpula de Líderes da COP30, em Belém - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

O primeiro dia da Cúpula de Líderes da COP30, em Belém, repercutiu entre especialistas. Em nota, o Greenpeace classificou o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "forte". O chefe do Executivo disparou críticas à falta de ação climática, disse que é hora de “levar a sério” os alertas feitos pela comunidade científica e defendeu “mapas do caminho” para superar a dependência dos combustíveis fósseis. A organização apontou, no entanto, contradição do governo ao autorizar a exploração de petróleo na Margem Equatorial a menos de um mês da conferência.

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"Para essa COP entrar para a história, é preciso concretizar a promessa de sairmos de Belém com um mapa do caminho para reverter o desmatamento até 2030 e superar a dependência dos fósseis. Precisamos de planos concretos, mecanismos de implementação e fontes claras de financiamento. O desafio agora é transformar essas palavras em ação, sob liderança do Brasil", diz o Greenpeace, em texto assinado pela diretoria executiva da organização, Carolina Pasquali. "Seguir insistindo em explorar petróleo na Foz do Amazonas ou atrasar a demarcação de territórios indígenas, que aguardam há décadas por essa garantia, expõe contradições que não cabem em um momento tão importante para o nosso país e para o planeta. Que as palavras, mas, principalmente, as ações do Brasil, sejam a injeção de coragem que os demais líderes globais precisam para também fazerem a sua parte", acrescentou.

Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, o Brasil terá êxito se conseguir incluir todos os objetivos citados pelo presidente em seu discurso no documento final da Conferência.

"Em seu discurso, o presidente Lula afirmou que precisamos de um mapa do caminho para acabar com o desmatamento e o uso dos combustíveis fósseis. É exatamente do que precisamos, e é exatamente o que esperamos que a presidência da conferência coloque como proposta sobre a mesa. O sucesso da COP30 se dará ao transformar as palavras do presidente brasileiro em resolução final", afirmou Astrini.

Já sobre o fundo para florestas tropicais, o CEO da plataforma de gestão MyTS, Valmir Rodrigues, destacou que, apesar de a iniciativa ser positiva e atrair investidores, o que vai determinar seu sucesso é a aplicação dos recursos em medidas concretas, com transparência, relatórios públicos e acompanhamento constante das iniciativas. Ele destaca também o envio de parte (20%) dos valores para indígenas e comunidades tradicionais como "um bom começo", mas aponta que a fatia deveria ser amplificada no futuro.

"Deveria ser a maior parte (dos recursos). São essas pessoas que cuidam da floresta no dia a dia e conhecem os problemas reais. Em muitos fundos anteriores, o dinheiro ficou preso em estruturas complexas, e pouco chegou ao território", argumentou. "O TFF precisa inverter essa lógica. O essencial é garantir simplicidade na execução, acompanhamento direto e capacitação local. Sem isso, o risco é repetir erros do passado: projetos bonitos no papel, mas com pouco impacto real."

Congresso

Também no primeiro dia da cúpula, discursaram os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ambos saíram em defesa do protagonismo brasileiro na preservação ambiental.

Alcolumbre destacou a importância da agenda global do clima e da Amazônia brasileira para o mundo. Também pontuou o fato de que a preservação da floresta não exclui o desenvolvimento. "Chegamos aqui, hoje, de cabeça erguida, para falar em nome do Congresso brasileiro, do Brasil e dos brasileiros, da nossa capacidade, da nossa resiliência, em proteger, mas também queremos mostrar que precisamos desenvolver a Amazônia brasileira, o pulmão do mundo, que precisa do apoio para mantermos a floresta em pé", afirmou ele, um dos defensores da exploração do petróleo na Margem Equatorial.

Já Motta citou a importância do Parlamento brasileiro para a consolidação de uma agenda ambiental robusta. "Em sintonia com as pautas debatidas na COP30, a Câmara aprovou, só na sessão de ontem (quarta-feira), uma série de projetos que fortalecem a proteção ambiental e o combate a crimes ecológicos", afirmou.

 

 

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    Petro questionou a ausência do republicano em Belém Foto: AFP
  • Boric afirmou que Trump mente sobre crise climática
    Boric afirmou que Trump mente sobre crise climática Foto: Mauro Pimentel/AFP
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postado em 07/11/2025 03:55
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