Congresso

Talíria critica perda de atribuições da PF e risco de criminalização de comunidades

Para líder do PSol na Câmara, debate relacionado ao PL Antifacção deve ser adiado por conta do esvaziamento da Casa, em função da COP30

Talíria Petrone (PSol-RJ): momento histórico e trágico para o Brasil -  (crédito: reprodução )
Talíria Petrone (PSol-RJ): momento histórico e trágico para o Brasil - (crédito: reprodução )

A líder do PSol na Câmara dos Deputados, Talíria Petrone (RJ), pediu o adiamento do debate do Projeto de Lei Antifacção, que cria mecanismos para punir com mais severidade organizações criminosas. Segundo a parlamentar, o tema requer debates criteriosos e o esvaziamento da Casa, por conta da COP30, que acontece em Belém (PA) até o dia 21, prejudica a discussão. O PL é relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), que se licenciou da Secretaria de Segurança Pùblica do estado de São Paulo para cuidar da matéria na Casa.

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A parlamentar se mostrou preocupada com o substitutivo que reduz a autonomia da PF e pode fragilizar a coordenação nacional no enfrentamento ao crime organizado. Ela afirmou que o projeto não vai atingir diretamente o crime organizado.

“Infelizmente, a gente tem um texto que não vai enfrentar as organizações criminosas. Há uma perda da atribuição da Polícia Federal num cenário em que você tem crimes transestaduais, até transnacionais. O papel da União, por meio da PF, é fundamental para desmantelar essas organizações”, afirmou.

A parlamentar também criticou a inclusão das facções na Lei Antiterrorismo, destacando que o movimento “fragiliza a soberania nacional” e pode ocasionar intervenções estrangeiras — como a dos Estados Unidos — no país. “Aumentar penas dentro da lei do terrorismo é um erro. Isso deveria ser feito na Lei das Organizações Criminosas. Há condutas que passariam a ser equiparadas ao terrorismo, o que é gravíssimo. Diante de um cenário global de tensões, isso fragiliza o Brasil”, explicou.

Outro ponto preocupante citado pela deputada é o risco de criminalização de moradores de comunidades de baixa renda, que passarão a ser tratados como “cúmplices”, caso as facções entrem em suas casas durante o enfrentamento com a polícia. “O traficante ocupa a casa de alguém e transforma o morador em refém. Pelo texto, essa pessoa pode ser enquadrada como cúmplice de organização criminosa. Isso pode criminalizar comunidades inteiras”, alerta.

Para Talíria, o texto deve ser revisto de forma profunda, e todo e qualquer tipo de votação precisa ser adiada até que o debate amadureça. “Não vejo condição de votar esta semana. É COP, é plenário vazio, é tema urgente, mas complexo. Votar com pressa, e sem transparência, é misturar questão eleitoral com segurança pública”, acusou a deputada, fazendo referência ao projeto relatado por Derrite.

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postado em 11/11/2025 18:22 / atualizado em 11/11/2025 18:24
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