
Menos de uma semana após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, deflagrada nos Complexos da Penha e do Alemão, o governo do estado entregou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator temporário da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, um relatório detalhado. O documento, apresentado na segunda-feira (4/11), aponta que o Comando Vermelho (CV) mobilizou cerca de 500 homens para reagir à ação policial.
Durante a Operação Contenção, 121 pessoas foram mortas, entre elas quatro policiais. O relatório entregue ao magistrado, elaborado pela Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro e assinado pelo governador Cláudio Castro (PL-RJ), indica que os suspeitos mortos representam 23,4% do total de homens do CV envolvidos no confronto com as forças de segurança.
O governo do estado afirmou que, durante a ação, “cumpriu integralmente os parâmetros constitucionais e jurisprudenciais aplicáveis, assim como as diretrizes e determinações da ADPF nº 635, conhecida como das Favelas”.
O material aponta que foram empregados 2.500 policiais na operação, sendo 1.800 militares e 650 civis. Os agentes utilizaram fuzis nos calibres 5,56 e 7,62, armamentos também empregados pelos criminosos nos confrontos.
“O relatório ressalta que os elementos criminosos, muitos vestidos com roupas camufladas para dificultar a identificação, empregaram elevado poder bélico e métodos capazes de gerar risco letal difuso, incluindo fuzis automáticos de uso militar nos calibres 5,56 x 45 mm, 7,62 x 39 mm e 7,62 x 51 mm; armas de altíssima potência (.50 e .30); granadas; pistolas com ‘kit rajada’; explosivos militares e artefatos explosivos improvisados; lançamento de cargas explosivas por drones; além de fortificações, trincheiras, casas-mata e armadilhas em terreno de difícil acesso”, destaca o documento.
Tentativa de contenção
Segundo o relatório, o CV é responsável por 51,9% das áreas dominadas por grupos criminosos na região metropolitana do Rio de Janeiro — e isso representa um aumento de 8,4% entre 2023 e 2024.
O texto destaca que “a Operação Contenção não se tratou de ação policial ordinária, mas de enfrentamento a organização criminosa altamente estruturada, fortemente armada e com histórico de resistência violenta em um de seus centros de comando”, visando cumprir mandados de prisão e a contenção do avanço territorial da facção.
A operação tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão — incluindo 51 de prisão preventiva e 145 de busca e apreensão da 42ª Vara Criminal da Capital — além de 19 mandados para foragidos e 30 expedidos pelo Poder Judiciário do Estado do Pará.
O balanço oficial, trazido no documento, apresenta os seguintes itens:
- Pessoas presas/apreendidas: 99 pessoas no total, sendo 29 de outros estados; do total, 17 foram presos por mandado; 82 em flagrante; e 10 adolescentes apreendidos.
- Armas e drogas apreendidas: 122 armas, sendo 96 fuzis; cerca de 5.600 munições; e aproximadamente 22 kg de cocaína e duas toneladas de maconha.
- Vítimas: 117 suspeitos “neutralizados”; quatro policiais mortos; 13 agentes e quatro civis feridos.
*Estagiário sob a supervisão de Rafaela Gonçalves
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