
Paulo Tavares, presidente do Sindicombustíveis-DF, afirmou que a operação Carbono Oculto, deflagrada nesta quinta-feira (28/8), as investigações confirma "alertas feitos há anos": a introdução de metanol em combustíveis. A investigação contra organização criminosa envolvendo a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) revelou a prática de fraudes e lavagem de dinheiro.
"Os primeiros fatos já divulgados pela imprensa confirmam alertas feitos há anos pela federação e pelos sindicatos do setor: a introdução de metanol no mercado de combustíveis limpos, sua mistura ilegal à gasolina em detrimento do etanol anidro, a importação de nafta para formulação irregular de gasolina e seu posterior despejo nos postos. Essas práticas têm sido utilizadas principalmente em fraudes tributárias, que podem gerar diferenças de até R$ 1,37 por litro em relação ao mercado regular", disse Paulo Tavares.
"Há muito tempo venho alertando consumidores e imprensa sobre situações em que determinados políticos, em busca de visibilidade em redes sociais, condenam diferenças de preços de até R$ 1,00 entre postos — muitas vezes comparando estabelecimentos da região do Entorno com Brasília. Em um mercado de commodities, essa conta não fecha. A operação de hoje confirma a realidade que sempre apontamos: por trás desses discursos populistas, o que se defende na prática é a manutenção e o fortalecimento da atuação do crime organizado", acrescentou o presidente do Sindicombustíveis-DF.
Segundo as investigações, os mais de 350 alvos — pessoas físicas e jurídicas — são suspeitos da prática de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato. As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis.
Um dos principais eixos da fraude investigada passa pela importação irregular de metanol. O produto, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá (PR), não é entregue aos destinatários indicados nas notas fiscais. Em vez disso, é desviado e transportado clandestinamente, com documentação fraudulenta e em desacordo com normas de segurança, colocando em risco motoristas, pedestres e o meio ambiente. O metanol, altamente inflamável e tóxico, é direcionado a postos e distribuidoras, nos quais é utilizado para adulterar combustíveis, gerando lucros bilionários à organização criminosa.
Em várias redes investigadas, em mais 300 postos de combustíveis, foram detectadas fraudes tanto qualitativas quanto quantitativas. Consumidores estariam pagando por volumes inferiores ao informado pelas bombas ou por combustíveis adulterados fora das especificações técnicas exigidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Veja a nota de Paulo Tavares, presidente do Sindicombustíveis-DF, na íntegra:
Foi deflagrada hoje, no Brasil, a Operação Carbono Oculto, uma ampla ação contra o crime organizado, com foco em investigações que envolvem o PCC e sua atuação no setor de combustíveis.
Segundo as denúncias, o crime organizado atua em todos os elos da cadeia: postos revendedores, distribuidoras e formuladores de combustíveis. Os primeiros fatos já divulgados pela imprensa confirmam alertas feitos há anos pela federação e pelos sindicatos do setor: a introdução de metanol no mercado de combustíveis limpos, sua mistura ilegal à gasolina em detrimento do etanol anidro, a importação de nafta para formulação irregular de gasolina e seu posterior despejo nos postos. Essas práticas têm sido utilizadas principalmente em fraudes tributárias, que podem gerar diferenças de até R$ 1,37 por litro em relação ao mercado regular.
Há muito tempo venho alertando consumidores e imprensa sobre situações em que determinados políticos, em busca de visibilidade em redes sociais, condenam diferenças de preços de até R$ 1,00 entre postos — muitas vezes comparando estabelecimentos da região do entorno com Brasília. Em um mercado de commodities, essa conta não fecha. A operação de hoje confirma a realidade que sempre apontamos: por trás desses discursos populistas, o que se defende na prática é a manutenção e o fortalecimento da atuação do crime organizado.
Esperamos que as autoridades sigam firmes nessa luta. O setor de combustíveis, sozinho, responde por mais de R$ 30 bilhões em perdas anuais aos cofres públicos devido às fraudes já denunciadas repetidas vezes.
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