
O avanço acelerado de novas tecnologias e da inovação desafiam as empresas, as instituições de ensino e o Poder Público a apresentarem soluções que contemplem as necessidade do mercado de trabalho, com mão de obra qualificada — tecnicamente e com habilidades socioemocionais.
O tema foi debatido no CB Fórum Educação Profissional e o Mercado de Trabalho promovido pelo Correio Braziliense em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-DF), mediado pelas jornalistas Samanta Sallum e Adriana Bernardes. O evento, no auditório do jornal, reuniu autoridades, pesquisadores e representantes das empresas para discutir os avanços e os desafios da formação para o mundo do trabalho.
Participaram a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão; as secretárias de Educação, Hélvia Paranaguá, e de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra; o presidente do Sistema Fecomércio DF, José Aparecido Freire; o diretor-regional do Senac, Vitor Corrêa; o diretor do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (UnB), Guilherme Martins Gelfuso; e o gerente de Recursos Humanos da Rede Cascol, Evaldo de Oliveira Sousa.
Celina Leão abriu o debate destacando os esforços do governo do DF para preparar a capital para os desafios do futuro. Para ela, falar sobre formação profissional não significa apenas pensar no presente, mas projetar os próximos 5, 10 ou 20 anos. "Esse olhar precisa começar agora, com ações já em andamento e parcerias estratégicas com o setor privado e entidades de classe", avaliou.
O DF tem 18 unidades de formação profissional e serão construídas duas novas escolas técnicas, reforçou Celina. "Essa formação é fundamental para atender à demanda por profissionais qualificados no setor de serviços e tecnologia, áreas que mais crescem na nossa cidade", disse. Ela citou a parceria com a Fecomércio, que inaugurou, recentemente, uma unidade no Setor Comercial Sul, como exemplo de iniciativas que fortalecem a capacitação voltada ao comércio e ao atendimento ao público.
A vice-governadora também destacou a ampliação de programas voltados ao primeiro emprego, como o Jovem Candango, que deve alcançar quase cinco mil alunos em 2025 — o dobro em relação ao ano anterior. Além disso, mencionou iniciativas como estágios remunerados, o Qualifica DF e o Educa DF, que beneficiaram mais de 120 mil pessoas. "Nós temos quase 1,1 milhão de empregos formais aqui no Distrito Federal. O primeiro emprego é a chave para abrir portas e garantir a independência financeira dos jovens", frisou.
Outro ponto enfatizado foi o investimento em tecnologia e inovação. Celina lembrou que, no ano passado, o GDF lançou editais de mais de R$ 40 milhões para startups e capacitação em áreas digitais, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Parcerias
A vice-governadora assinalou o impacto positivo de projetos como os centros interescolares de línguas (CILs) e o programa Pontes para o Mundo, que permite o intercâmbio de alunos da rede pública no exterior. Para ela, oferecer oportunidades educacionais é a melhor forma de afastar os jovens da vulnerabilidade social. "Ao invés de abrirmos casas para jovens infratores, precisamos abrir escolas de idiomas, cursos técnicos e oportunidades de capacitação que deem autonomia financeira", defendeu.
Celina mencionou que o GDF tem buscado parcerias com instituições privadas e com o Sistema S para ampliar a oferta de cursos. "A cooperação com o setor privado é fundamental, porque ninguém forma mão de obra melhor do que quem já está dentro do mercado", salientou.
A chamada "terceira onda da Revolução Industrial", marcada pela tecnologia e pela inteligência artificial, também foi abordada pela governadora em exercício. Ela afirmou que é essencial preparar os jovens para um futuro que já chegou, em um mundo onde até a checagem de informações digitais se tornou necessária. "Nós só conseguimos acompanhar essas transformações investindo fortemente em tecnologia e inovação", ressaltou. Por fim, a vice-governadora reafirmou a vocação do DF tanto para o setor público quanto para o empreendedorismo, lembrando que mais de 22% da produção local vem de serviços autônomos.
Alinhamento
Ampliar o acesso à educação profissional mediante diálogo com o Poder Público é um dos objetivos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF). O presidente da entidade, José Aparecido Freire, destacou que essa aliança visa garantir recursos para programas de capacitação, reduzir a burocracia que entrava o setor e criar políticas que valorizam o aprendizado prático.
"Trabalhamos para que a profissionalização esteja em sintonia com as 'necessidades reais' do mercado do DF, em especial, com os setores de comércio, bens, serviços e turismo, base da nossa economia", apontou Freire. Entre os desafios enfrentados na geração de empregos de qualidade no Brasil estão, segundo o presidente, a burocracia excessiva, a baixa produtividade, entraves na infraestrutura e a falta de qualificação.
As demais estratégias citadas por Freire, que potencializam a preparação para o mercado, incluem a resolução de problemas com agilidade e domínio de competências digitais. Desenvolver habilidades socioemocionais, como comunicação, empatia e trabalho em equipe são complementos indispensáveis. "A automação e a inteligência artificial já transformaram as profissões e estão impactando todos os dias em nossas rotinas", pontuou.
Novas unidades
José Aparecido Freire lembrou que o programa social Fecomércio Mais Perto de Todos, implementado em outubro de 2021, atendeu mais de 150 mil pessoas, levando serviços gratuitos de saúde, beleza, lazer, cidadania e capacitação profissional a diversas regiões do DF, principalmente em locais de grande demanda. "É importante falar que isso só é possível graças aos empresários, porque o Sistema S é privado, mantido pelas contribuições compulsórias dos empresários e pelos serviços que prestamos", observou.
"Em 24 de março, inauguramos, no Setor Comercial Sul, a maior unidade educacional do DF. São cerca de 5 mil alunos sendo qualificados. Já temos um polo de beleza no Conjunto Nacional, um de gastronomia no Shopping Pátio Brasil, em Brazlândia, Santa Maria, São de Sebastião, além das nossas unidades fixas e móveis que tramitam por todo o DF", detalhou o presidente. O polo mais recente está sendo inaugurado no Recanto das Emas.
Em 20 de outubro, a entidade vai abrir uma unidade própria do Gama, 30% maior do que a já existente. "Temos todos os produtos de primeira linha, salas de aulas inovadoras e com produtos tecnológicos para que, quando os estudantes se formem, saiam em condições de encontrar um bom emprego", disse.
Dados sobre a qualificação ofertada no Senac, que pertence ao Sistema S, e a perspectiva empresarial sobre os profissionais foram levados ao debate pelo diretor-regional da entidade, Vitor Corrêa.
Saiba Mais
Carlos Silva
RepórterFormado em Jornalismo na Universidade de Brasília (UnB). É repórter na editoria de Cidades do Correio Braziliense. Tem interesse em jornalismo de dados e temas ligados à segurança pública.
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