LUTO

Arquiteto chinês morto em acidente de avião esteve em Brasília neste mês

Referência mundial em arquitetura da paisagem e planejamento urbano ecológico, Kongjian Yu trabalhava com o conceito de "cidades-esponja"

Kongjian Yu, 62 anos, morreu em uma queda de avião em Aquidauana (MS) -  (crédito: Divulgação/CAU/BR)
Kongjian Yu, 62 anos, morreu em uma queda de avião em Aquidauana (MS) - (crédito: Divulgação/CAU/BR)

O arquiteto chinês Kongjian Yu, 62 anos, que morreu em uma queda de avião em Aquidauana (MS), esteve em Brasília no começo deste mês para participar da conferência internacional promovida pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU 2025).

Referência mundial em arquitetura da paisagem e planejamento urbano ecológico, Yu apresentou o conceito de "cidades-esponja”, aplicado em mais de mil projetos em 250 cidades, e defendeu soluções baseadas na natureza para enfrentar enchentes urbanas e os efeitos da crise climática. 

O chinês retornou ao Brasil na semana passada, esteve na Bienal de São Paulo e seguiu viagem para o Pantanal, onde participaria do documentário chamado Planeta esponja, ao lado dos cineastas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr.

Reconhecido internacionalmente, Kongjian Yu fundou o escritório Turenscape, em Pequim, e recebeu prêmios como o IFLA Sir Geoffrey Jellicoe Award (2020), o Cooper Hewitt National Design Award (2023) e o RAIC International Prize (2025). A contribuição dele influenciou políticas públicas ambientais na China e em outros países.

“O Brasil teve a honra de receber Kongjian Yu na abertura da Conferência Internacional CAU 2025, onde compartilhou com milhares de profissionais sua visão transformadora para as cidades do futuro. Sua obra deixa um legado de compromisso com a sustentabilidade, a paisagem e a vida urbana. O CAU/BR se solidariza com a família, amigos e colegas do arquiteto.”, frisa a presidente do CAU/BR, Patrícia Sarquis Herden.

Na palestra magna de abertura da Conferência Internacional CAU 2025, realizada 4 de setembro, em Brasília, Yu disse: “Nunca vamos lutar contra a água e vencer. Os danos causados pelo ciclo da água são mais perigosos do que as próprias emissões de carbono para as cidades. O que ocorre é que temos diferentes padrões de clima pelo mundo, mas estivemos propondo a mesma infraestrutura trazida dos colonizadores”.

O que são cidades-esponja?

“Cidades-esponja” são locais adaptados usando arquitetura paisagística para absorver as águas das enchentes e cheias e devolvê-las para os lençóis freáticos, rios e oceanos. Na prática, isso significa usar menos concreto para canalizar fluxos d’água e criar áreas de vazão, com vegetação nativa e solo permeável, para que as águas que cheguem às cidades sejam contidas e não inundem a estrutura urbana.

Além de resolver a questão das inundações, o modelo de “cidade-esponja” cria paisagens urbanas arborizadas e com cursos d’água controlados, estabelecendo novos pontos de convivência e de turismo. De acordo com Yu, o conceito das “cidades-esponja” é inspirado na prática milenar dos povos das monções do Leste Asiático, que lidam com ciclos anuais de cheias e secas de forma natural. “Há dois mil anos, agricultores chineses trabalham com base nesse modelo”, afirmou Yu.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

  • Google Discover Icon
postado em 24/09/2025 13:43 / atualizado em 24/09/2025 13:47
x