
Brasília consolidou, ontem, sua imagem como “a capital do sonho das mulheres negras”. Após a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, a área externa do Museu Nacional foi tomada por apresentações musicais, exposições de artesanato e um público diverso que celebrou a arte e a ancestralidade. No palco, nomes como Larissa Luz, intérprete do jingle oficial Mete marcha negona, rumo ao infinito, Luana Hansen, Célia Sampaio e Núbia, Prethaís e Ebony animaram o público, com diversos ritmos musicais, do axé ao hip hop.
Milhares de pessoas participaram da celebração, entre elas mulheres negras, mulheres LGBTQIA+, mulheres PCDs, além de homens e crianças, todos reunidos para compartilhar um espaço de potência coletiva. Para a influenciadora capixaba Kris Davis, de 24 anos, que aborda temas sobre negritude, especialmente de mulheres pretas retintas, o evento simboliza avanços importantes.
“Eu falo sobre mulheres pretas e a falta de representatividade que a gente tem. Quando eu era muito nova, uma professora me falou que, quando você não tem representatividade, você se torna a sua representatividade. Eu adorei a escolha das atrações porque elas acolhem todos os públicos. Estou doida para ouvir Larissa Luz e Ebony. Isso é ser multifacetado, é mostrar que pessoas pretas conseguem falar sobre tudo, não só sobre dor, sofrimento e solidão”, afirmou.
O evento também foi marcado por homenagens emocionantes. A socióloga Rani Teles, 32, e a antropóloga Sarah Nascimento, 35, ambas de Salvador, assistiam à projeção que lembrava Marielle Franco no telão do palco. A homenagem trouxe símbolos do Candomblé e reforçou a força e o legado da vereadora assassinada.
“Nós estamos arrepiadas com essa homenagem porque toda vez que uma mulher negra ousa sair do seu lugar de subalternidade, a gente não sabe se tem garantia de vida”, disse Sarah.
“Achei simbólico e muito representativo. Marielle tentou sair dessa pátria da subalternidade e foi assassinada. Foi um recado para a gente. Ver ela projetada hoje, com tanta força, me emocionou profundamente”, completou Rani.
Também presente, Onika Bibiana, 35, mulher trans e professora de pole dance, veio de São Paulo especialmente para vivenciar o momento histórico. “Vim para confraternizar e pela luta dos direitos das mulheres negras. As artistas que estão cantando são mulheres negras. Há uma história e um contexto, além do protagonismo de mulheres LGBT aqui presentes. Me sinto muito representada. Significa fazer parte da história e me ver em tantas mulheres”.
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