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Fábio Felix defende a unidade na esquerda para eleições de 2026 no DF

Ao CB.Poder, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF), Fábio Felix, explicou sobre as articulações para candidaturas ao governo e ao Senado. O parlamentar também comentou o Pdot e a Zona Verde

Fábio Felix:
Fábio Felix: "A população do DF foi enganada pelos argumentos que foram trazidos sobre essa tentativa de compra do Banco Master pelo BRB" - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)

Por Manuela Sá* — Questões centrais para a política no Distrito Federal foram discutidas no programa CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Às jornalistas Sibele Negromonte e Wal Lima, Fábio Felix (PSol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, falou sobre as eleições do ano que vem, a nova versão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot), o projeto Zona Verde e as complicações no Banco de Brasília (BRB). Confira, a seguir, os principais pontos.

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Estamos em ano pré-eleitoral. A esquerda vai se fechar em um nome para o governo? E vai se fechar em dois nomes para o Senado? Como está o processo de articulação?

Estamos lutando muito para que haja unidade na esquerda do Distrito Federal. É preciso apresentar um novo projeto político alternativo para esta cidade. Ela tem sido governada pelo mesmo grupo nos últimos sete anos. Para o governo, há o nome do ex-deputado distrital Leandro Grass (PT), pessoa em quem tenho plena confiança. Também tem o Ricardo Capelli, que está colocando o nome pelo PSB. Para o Senado, há o nome da senadora Leila (PDT) para a reeleição e o da deputada federal Erika Kokay (PT). Pela primeira vez, o PSol não deve ter candidatura própria ao governo, mas deve compor essa chapa da unidade.

Como o senhor avalia o novo Pdot, que não era revisto há 16 anos e teve o texto aprovado, na semana passada, pela CLDF?

O PDOT trata do ordenamento territorial e das diretrizes urbanísticas de uma cidade em vários pontos importantes e decisivos. Um deles, por exemplo, tem a ver com a dinâmica do direito à moradia. Sabemos que, no Distrito Federal, hoje, temos um deficit habitacional de mais de 100 mil moradias. As pessoas não têm o direito à moradia garantido e os aluguéis têm aumentado muito. Inclusive, uma das marcas do governo atual são os despejos, alguns violentos. O Pdot, em tese, deveria ser aprovado para ajudar na resolução desse problema, destinando áreas para regularização de interesse social, o que não é o caso no texto que foi aprovado na CLDF. Ainda é um plano muito precário, que não atende aos interesses da população como deveria, é muito genérico. Ele não dá as diretrizes objetivas que poderia dar. 

Na sua visão, quais seriam pontos a serem corrigidos no texto para que a população seja atendida pelo Pdot?

É um plano morno, porque não aponta soluções que a cidade precisa e ainda não cuida de questões urgentes, como a ambiental. Tem várias áreas de mananciais mapeadas por estudiosos e pesquisadores que não foram abarcadas no Pdot aprovado. Áreas também de proteção ambiental que não foram bem cuidadas e direcionadas. Sabemos que não existe planeta B. Então, a gente precisa preservar hoje. Há a questão da qualidade do ar, da prevenção aos extremos climáticos e o cuidado ambiental. Não adianta sair construindo desenfreadamente.

Como o senhor está enxergando o caso que envolve o BRB e o Banco Master?

A população do DF foi enganada pelos argumentos que foram trazidos sobre essa tentativa de compra do Banco Master pelo BRB. O ex-presidente foi à CLDF, fez uma reunião com os 24 deputados distritais e deu a palavra dele sobre a questão da confiabilidade no Master e sobre a importância dessa operação para o BRB se ampliar como um banco nacional. Eu, de cara, não acreditei. Votei contra a autorização que a CLDF aprovou. É muito grave, porque eles conseguiram colocar o BRB, que é patrimônio da população do DF, nas páginas policiais do Brasil inteiro e envolvido com o Banco Master. Vi que um deputado veio aqui na semana passada falar que era oportunismo da oposição defender a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BRB. Oportunismo é não defender, porque quem não defende a CPI, não defende o Legislativo. Temos sete assinaturas para instalá-la. Falta uma. 

O Zona Verde está para ser votado. Como o senhor enxerga esse projeto que concede vagas públicas à cobrança pela iniciativa privada? 

Temos dificuldade para acessar as informações. O que sabemos, por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação), é que ele está na fase preparatória para a licitação de 115 mil vagas. Vão estar incluídas quadras residenciais, quadras comerciais, Setor Bancário, Setor Comercial, área escolar e área dos ministérios. Tudo privatizado e com prazo para as pessoas ficarem. Só vai ter vaga garantida na sua quadra e com cota por morador. O argumento, o mesmo utilizado em grandes cidades do mundo, é de que a cobrança vai garantir melhor mobilidade urbana e fluidez do trânsito ao diminuir os carros na rua. O argumento parece positivo. Só que tem que vir acompanhado de outras medidas. Então, eu vejo esse projeto, do ponto de vista das diretrizes, dos princípios urbanísticos, parece algo bonito. Agora, concretamente, vai ampliar a desigualdade social.

*Estagiária sob supervisão de Patrick Selvatti

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postado em 02/12/2025 02:00
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