Feminicídio

Soldado militar que matou cabo em quartel alega legítima defesa

Segundo o advogado de defesa do réu, estão sendo juntadas provas para comprovar o relacionamento entre Kelvin e Maria

Defesa de Kelvin Barros ratifica a tese de legítima defesa -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
Defesa de Kelvin Barros ratifica a tese de legítima defesa - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Kelvin Barros da Silva, 21 anos, preso por matar a cabo Maria de Lourdes Freire, 25, constituiu um advogado de defesa no processo. O criminalista Alexandre Carvalho disse ao Correio que ratifica a tese de legítima defesa. A musicista da Fanfarra do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (1º RGC) foi morta com um golpe de punhal no pescoço, nas imediações do quartel, na sexta-feira (5/12).

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Segundo o advogado, Kelvin segue preso preventivamente por ordem judicial — inicialmente pela Justiça comum; depois, pela Justiça Militar. “A tese é legítima defesa”, afirmou Carvalho. De acordo com o criminalista, estão sendo juntadas provas para comprovar o relacionamento entre Kelvin e Maria. “Os atos secundários, do incêndio e da fuga com a arma, foram de um jovem de 21 anos.”

Confissão

Ao ser preso pela 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), Kelvin confessou o crime. Em depoimento, narrou a sequência. “Peguei a arma, virei para a parede, peguei a faca na baía e acertei ela”, conta, acrescentando que a faca teria ficado cravada no pescoço da militar.

Em seguida, ele detalha ter tido medo e tenta justificar o incêndio na fanfarra. “Peguei álcool e isqueiro, joguei álcool no chão e acendi o isqueiro”, complementa indicando que o álcool estava no banheiro.

Segundo a polícia, o soldado entrou em contradição ao menos cinco vezes. Ao longo da oitiva, Kelvin apresentou versões sucessivas e incompatíveis entre si. Primeiro, negou qualquer participação no crime. Em seguida, passou a relatar uma suposta intimidade sexual com a vítima. Depois, afirmou que Maria teria sofrido um surto psicótico. Na versão seguinte, disse ser alvo de assédio por parte dela. Por fim, declarou que a faca usada no feminicídio era de sua propriedade.

O relacionamento extraconjugal mencionado pelo soldado é contestado pela família da vítima. Parentes ouvidos pela reportagem negam que Maria mantivesse qualquer envolvimento amoroso e dizem que a jovem se dedicava quase exclusivamente aos estudos, à música e ao trabalho no Exército.

Em outro trecho do depoimento, Kelvin afirmou que era constantemente assediado pela militar e que, no dia do crime, “não resistiu”. Disse que os dois teriam se beijado e que, para Maria, ele prometera encerrar o relacionamento com a namorada atual. Segundo o soldado, pouco antes do assassinato, a vítima estava sentada em uma cadeira, enquanto ele permanecia de pé.

Kelvin descreveu Maria como “agitada”, com movimentos constantes das pernas. Negou que houvesse uma discussão, mas afirmou que ela o cobrava pela promessa feita. Em determinado momento do relato, disse que a militar teria sacado sua própria arma de fogo e tentado municiá-la. Segundo sua versão, ele impediu a ação e, com a outra mão, retirou uma faca da cintura da vítima.

Rechaça

A família de Maria de Lourdes acredita que o cargo ocupado pela jovem na Fanfarra do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (1º RGC) teria motivado o assassinato.

A advogada criminalista Leila Santiago, representante da família da vítima e assistente à acusação, falou ao Correio que, atualmente, Maria era responsável pela fanfarra e desempenhava função acima da de Kelvin.

Outra hipótese levantada pela advogada seria o fato de Kelvin ter tentado algum tipo de investida ou aproximação indevida, diferente do relatado por ele à polícia. “É possível que ele tenha recebido um “não” como resposta, uma vez que há comentários de que era um comportamento comum do Kelvin, algo coerente com a postura séria e focada da vítima, sempre dedicada aos estudos e às suas funções militares”, destacou a advogada.

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postado em 08/12/2025 15:18
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