
Em uma noite marcada por muita emoção, o pedagogo e criador da Casa de Paulo Freire de Brasília, Elias Silva Araújo, foi agraciado nesta terça-feira (9/12) com o Prêmio JK Correio Braziliense na categoria inclusão e voluntariado. A casa fundada pelo mineiro e sua esposa, Herlis Araújo, celebra três décadas em 2026, acolhendo e alfabetizando gratuitamente jovens, adultos e idosos que não receberam educação formal.
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Para Elias, o prêmio simboliza o reconhecimento do nobre trabalho realizado pela casa que carrega o nome de um grande filósofo e educador brasileiro. “A sensação de receber a homenagem é de dever cumprido, de estar contribuindo e colaborando com o meu território, onde ainda há muitas pessoas que ainda não sabem ler e escrever. Para nós, receber esse prêmio nos dá energia e gás para continuar o trabalho.”
Segundo Araújo, a Casa de Paulo Freire de Brasília, localizada em São Sebastião, já alfabetizou 5 mil pessoas durante os quase 30 anos de existência. Além da sede, onde tudo começou, a instituição filantrópica criou mais quatro unidades na mesma região administrativa, para atender ainda mais estudantes. “Neste momento estamos construindo uma cozinha solidária no espaço principal para atender os migrantes que chegam. Tem muitos estrangeiros em São Sebastião e a gente também tem essa preocupação de cuidar da alimentação dessas pessoas.”
Lançado pelo Correio Braziliense, o Prêmio JK reconhece e homenageia personalidades que fizeram parte da história de Brasília. A seleção dos homenageados deste ano foi feita pela redação do jornal e contempla 16 categorias: esporte, cultura, sustentabilidade, agro, empreendedorismo, educação, direito e justiça, indústria e tecnologia, inclusão e voluntariado, saúde, gestão pública, turismo e eventos, comércio e serviços, entidade de classe, inovação e economia criativa. Além disso, há a categoria das homenagens especiais, que destaca quatro personalidades cuja trajetória marcou o Distrito Federal. O prêmio leva o nome da maior referência da cidade, o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Perfil
ELIAS SILVA ARAÚJO
Por Giovanna Sfalsin
O sexto de oito filhos de um marceneiro e uma lavradora, Elias Silva Araújo nasceu em Januária, uma cidade no norte de Minas Gerais, em 1966. A casa que cresceu era envolta na vida rural, e a enxada era o objeto mais comum de seu convívio.
Aos 5 anos, já caminhava 12km por dia para ajudar na lavoura e, sem acesso à vida escolar com facilidade, fazia do chão seu caderno improvisado, além de depender da agricultura para sobreviver. Em 1971, uma seca assolou a região, afetando os rios, matando os animais e a vegetação e retirando toda maneira de sustento da família. Com isso, decidiram seguir para Brasília em busca de uma nova vida.
Na capital, Elias continuou buscando trabalho ainda na infância. Aos 8 anos, vendia terra preta e vigiava carros, além de ter trabalhado em chácaras capinando e cuidando dos lotes. Conheceu, só aos 12 anos, a sala de aula de uma escola pública localizada no Guará 2.
Já adulto, decidido que não deixaria mais ninguém enfrentar a barreira da falta de estudo, dedica hoje sua vida ao ensino de jovens, adultos e idosos. Graduado em pedagogia pelo Instituto Superior Nossa Senhora de Fátima, ele fundou em 1996 a Casa de Paulo Freire, uma instituição sem fins lucrativos que, por meio dos ensinamentos do educador e filósofo brasileiro, visa alfabetizar jovens e adultos da região de São Sebastião que não tiveram a oportunidade de concluir os estudos.
Ao lado da esposa, Herlis Araújo, de 57 anos, o mineiro adota uma carga horária flexível, para que os alunos consigam conciliar o aprendizado com a vida pessoal, familiar e profissional.

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