Mau tempo

Moradores relatam prejuízos, e previsão é de mais chuva até sábado

Quem mora e trabalha em diversas áreas do DF sofrem com o aguaceiro e contabilizam os estragos. Só o Jardim Botânico registrou 100mm de precipitação. Recomendação dos bombeiros é não enfrentar as enxurradas

 Avenida 26 de Setembro, em Vicente Pires, acumula lixo e buracos, em via sem asfaltamento -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Avenida 26 de Setembro, em Vicente Pires, acumula lixo e buracos, em via sem asfaltamento - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Pontos de alagamentos, carros ilhados, árvore caída e comércio parado são algumas das consequências da chuva dos últimos dois dias no Distrito Federal. A precipitação média registrada foi de 36,6mm, em 42 estações, segundo os dados da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa). A estação que observou a maior quantidade de chuva foi a do Jardim Botânico, com 100,4 mm, seguido por São Sebastião (91,8mm), Sobradinho (76,6), Guará (71,8) e Vicente Pires (62,3).

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Na última terça, a quantidade de chuvas foi maior, com média de 34,6mm. Já nessa quarta (17/12), o volume diminuiu, com média de apenas 1,9mm. A estação com maior incidência foi a do Lago Norte, com 19,6mm, seguido por São Sebastião (6,8) e Plano Piloto (5,6).

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Uma árvore caiu na Quadra 6 de Sobradinho. O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência às 11h43, quando encontraram um grande galho de árvore caído, atingindo dois veículos. Ninguém se feriu. Os bombeiros fizeram o corte com motosserras e tiraram os galhos de cima dos veículos.

Na avenida 26 de Setembro, em Vicente Pires, o estrago foi grande. A área, sem asfaltamento, sofre com a época de chuvas que alagam a região e causam deslizamentos de terra e acúmulo de lixo. "Quando chove, aqui parece um rio", afirmou o serralheiro Jonas Rodrigues, 75 anos. O trabalhador conta que, em dias de chuva, é mais difícil receber clientes. "Alguns até se aventuram para chegar, mas outros nem arriscam", relatou. 

Para a gerente de lojas Claudilene Souza, 43, água caindo é sinônimo de prejuízo. "Nós, comerciantes, pedimos socorro. Ontem, perdemos a tarde toda pela chuva, a energia caiu e os clientes não conseguem chegar", disse. A comerciante reforça que a época chuvosa afeta profundamente as lojas da região, pois o terreno impede o acesso das pessoas. "Ficamos desamparados."

Eric Feliciano, 21, mora na região há mais de 15 anos e conta que o problema sempre existiu. "Graças a Deus a gente tem uma caminhonete. Então um carro grande alivia bastante nesse quesito. Mas terça mesmo, um homem ficou ilhado no carro e teve que esperar o trator para tirar ele dali." As residências das ruas mais baixas da avenida sofrem mais com os alagamentos. "Ontem entrou quase um riacho dentro de uma casa", relata Feliciano.

Em Águas Lindas, a chuva também tem causado problemas. No Setor 8, onde Sheila Mendes, 39, mora, a rua ainda não é asfaltada e sofre mais a cada tempestade. "Aqui vira um rio. A gente fala que aqui é o ralo do setor inteiro, porque a água desce de todos os lados pra cá e vem carregando tudo. Hoje um rapaz passou aqui procurando a placa do carro que a chuva carregou ontem. Uma calota está perdida aqui também que a chuva trouxe", contou. Ela mora na região há 14 anos e explica que todo ano a história se repete. "Já precisei amarrar meu carro durante uma chuva porque a água subiu tanto que ficamos com medo dele ser levado embora", relembra. 

Desespero

No Setor de Mansões Village, a situação não é diferente. Apesar da rua ser asfaltada, a água invade as casas durante as fortes chuvas. "Eu acordei com a água entrando em casa. No meu portão ainda dá pra ver a marca de onde a água ficou. Fiquei desesperada", relembra Fabiana Rodrigues, 46. Ela afirma que, pela falta de um sistema de escoamento adequado, as casas são afetadas cada vez mais. "Eu já moro aqui há 7 anos e piora cada vez mais. Nunca tinha invadido a minha casa igual dessa vez, só está piorando cada dia. Tivemos vizinhos que tiveram o carro levado, a casa derrubada e ficamos com medo de sermos os próximos", lamenta. 

Joana Darc Ferreira de Sousa, 61, perdeu parte da casa onde morava. A estrutura, feita de pedaços de madeira, foi levada durante uma forte chuva no final de novembro. Desde então, os dias têm sido difíceis. "Cada chuva, eu fico com o coração na mão. Entra água em tudo e fico com medo de perder tudo de novo", lamenta, com os olhos marejados. Moradora da região há 30 anos, ela afirma estar triste com esse final de ano. "Já chorei demais por tudo o que aconteceu, mas agora só me resta esperar. Estou tentando me reerguer, mas demora e a chuva não para", queixa-se.

Previsão

A previsão de chuva para esta quinta (18/12) aponta para um dia inteiro de pancadas com trovoadas. A temperatura deve ir de 20°C a 24°C, com umidade de 86% a 100%. Amanhã, a chuva deve continuar, com pancadas e trovoadas. A temperatura vai de 19°C a 24°C, e a umidade, de 75% a 95%. As chuvas só devem cessar no sábado (19/12).

O Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) orienta a população a não enfrentar enxurradas. "As chuvas podem provocar alagamentos, deslizamentos de terra, quedas de árvores e acidentes de trânsito, exigindo atenção. É necessário evitar construções em encostas ou próximas a córregos e áreas de erosão, não acumular lixo ou entulho nas proximidades de casa, pois podem obstruir bueiros e agravar alagamentos, desligar aparelhos elétricos e se atentar ao trânsito." O telefone para emergências é o 193.

 

  • Alagamento na L4 da Asa Norte
    Alagamento na L4 da Asa Norte Foto: Artur Maldaner/CB Press
  • Água invade casas no Setor de Mansões Ilha Bela
    Água invade casas no Setor de Mansões Ilha Bela Foto: Ana Carolina Alves / CB Press
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postado em 18/12/2025 05:00
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