
No Dia Internacional do Homem, celebrado nesta quarta-feira (19/11), especialistas do Hospital Santa Lúcia reforçam que a saúde masculina precisa ser encarada de forma ampla, contínua e muito além do foco tradicional na próstata. A campanha mundial destaca que negligência, desconhecimento e limitações dos exames convencionais ainda afastam homens de diagnósticos precoces — especialmente em um cenário onde os casos em faixas etárias mais jovens crescem de forma consistente.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata permanece como o tumor mais incidente entre homens brasileiros (excluindo pele não melanoma), com estimativa de 71.730 novos casos por ano no triênio 2023–2025, representando cerca de 30% de todos os tumores masculinos. No Distrito Federal, a projeção é de aproximadamente 460 novos casos anuais.
“Resultados normais de PSA e toque não eliminam completamente o risco. Eles reduzem a chance de evolução para doença avançada, mas não substituem o acompanhamento regular e individualizado”, explica o oncologista Paulo Bergerot. Ele destaca que tumores localizados e de pequeno volume têm taxas de cura superiores a 90%, enquanto a doença metastática permanece como grande desafio terapêutico.
O alerta se intensifica com a mudança no perfil dos pacientes. Dados do Ministério da Saúde, compilados em novembro de 2025, mostram aumento de 32% nos atendimentos por câncer de próstata em homens com até 49 anos entre 2020 e 2024 — de 2,5 mil para 3,3 mil procedimentos no SUS. O movimento se relaciona a fatores de estilo de vida, histórico genético e maior acesso precoce a exames. “Hoje vemos tumores aparecendo antes dos 60 anos com muito mais frequência”, reforça Bergerot.
Para responder a esse cenário, o Hospital Santa Lúcia recomendou exames essenciais para todos os homens baseado em faixa etária, envolvendo oncologia, urologia, coloproctologia, cardiologia, pneumologia e cirurgia torácica. “É fundamental que o homem seja visto como um todo”, destaca o urologista e uro-oncologista Dr. Carlos Watanabe.
Confira os eixos essenciais da saúde masculina por faixa de idade, segundo os especialistas:
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Saúde aos 30 anos
- Oncologia: revisão do histórico familiar e início de mudanças estruturais de estilo de vida (zero tabaco, atividade física, peso saudável).
- Urologia: primeiro check-up; avaliação de testículos, função sexual e urinária.
- Coloproctologia: investigação de sangramentos, dor anal ou alterações intestinais.
- Pneumologia / Cirurgia Torácica: avaliação para tosse crônica, chiado ou exposição ocupacional.
- Cardiologia: monitoramento de pressão, glicemia e colesterol.
Dos 40 aos 49 anos
- Oncologia / Urologia: início da discussão sobre rastreamento da próstata, sobretudo em homens com histórico familiar, PSA alterado ou negros; PSA e toque conforme risco individual.
- Coloproctologia: colonoscopia a partir dos 45 anos.
- Pneumologia / Cirurgia Torácica: tomografia de baixa dose para fumantes e ex-fumantes; espirometria quando necessário.
- Cardiologia: check-up estruturado com eletrocardiograma, eco e teste ergométrico conforme risco.
Dos 50 aos 59 anos
- Oncologia / Urologia: rastreamento anual da próstata, com PSA e toque; ressonância ou biópsia quando indicado.
- Coloproctologia: acompanhamento periódico com colonoscopia.
- Pneumologia / Cirurgia Torácica: tomografia anual para fumantes; reforço de vacinas respiratórias.
- Cardiologia: intensificação da avaliação de risco cardíaco e investigação de sintomas como dor no peito e falta de ar.
60 anos ou mais
- Oncologia / Urologia: manutenção do rastreamento conforme expectativa de vida e comorbidades; vigilância para cânceres comuns como intestino, pele, bexiga e pulmão.
- Coloproctologia: colonoscopia em intervalos definidos pelo exame anterior.
- Pneumologia / Cirurgia Torácica: repetição de tomografia e espirometria; investigação de apneia do sono.
- Cardiologia: controle rigoroso de hipertensão, diabetes, arritmias e insuficiência cardíaca.

Ciência e Saúde
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