
Fausto Silva, Drica Moraes e Claudia Rodrigues são alguns dos famosos que, ao longo dos anos, realizaram transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tempo médio de espera pelo procedimento de transplante depende da urgência e da sua modalidade.
Cada órgão possui diferentes critérios de compatibilidade e logística e, adicionado a isso, com a escassez de doadores, os pacientes podem aguardar por anos na lista de espera, como explica o pesquisador da área de transplantes e CEO da Xeno Brasil, Tadeu Thomé.
A fila única de transplantes é nacionalmente monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). O processo garante transparência e isonomia, impedindo privilégios pessoais ou financeiros.
Isso significa que, seja alguém atendido pelo SUS ou por convênio particular, todos estão submetidos à mesma lista única, controlada pelas Centrais Estaduais de Transplantes, ligadas às Secretarias de Estado da Saúde.
Além disso, a lista de espera não é simplesmente cronológica. Existem critérios de prioridade médica definidos em portaria, que buscam assegurar que pacientes em estado mais grave recebam o órgão com maior rapidez.
Um exemplo marcante ocorre nos transplantes de coração: aproximadamente um terço dos procedimentos realizados no Brasil acontece em menos de 30 dias de espera, justamente porque esses casos representam situações de urgência vital, no qual a prioridade se sobrepõe ao tempo de inscrição na lista.
Portanto, critérios clínicos, com suas urgências, e não o poder econômico, é o fator decisivo. O sistema brasileiro de transplantes, apesar dos desafios, é estruturado para garantir justiça e equidade na alocação dos órgãos disponíveis, obedecendo estritamente à legislação vigente.
Atualmente, mais de 47 mil pessoas estão na lista de espera de transplantes no Brasil. Desses, 43 mil aguardam por um transplante de rim. Os dados são do Ministério da Saúde e evidenciam um problema que vai além da vontade governamental, requer também um gesto de solidariedade e humanização.
“Para que a doação de órgãos aconteça, as famílias precisam autorizar e hoje, infelizmente, temos uma baixa taxa de autorizações. Com os avanços em pesquisas nesta área médica, outras abordagens inovadoras estão dando maior esperança aos pacientes em lista de espera”, comentou o pesquisador.
Tadeu Thomé explica ainda que os xenotransplantes "oferecem uma fonte praticamente ilimitada de órgãos, surgindo como alternativa concreta para complementar a doação de órgãos entre humanos. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento dessa tecnologia mobiliza ciência de ponta — engenharia genética, imunologia, bioengenharia — e fortalece a capacidade científica nacional, com impacto que vai além dos transplantes, alcançando toda a biotecnologia em saúde”, pontuou Tadeu.
Ainda segundo Tadeu Thomé, o xenotransplante consiste em uma alternativa viável por utilizar órgãos, tecidos ou células de animais, geralmente suínos geneticamente modificados, para transplante em seres humanos.
“Essa área, que já avançou em experiências clínicas nos Estados Unidos, é vista como uma das grandes fronteiras da medicina. No Brasil, trabalhamos para estruturar uma plataforma nacional de pesquisa e produção de órgãos suínos geneticamente editados, com o apoio da Universidade de São Paulo (USP), instituições de fomento científico, indústria farmacêutica (EMS) e instituições como o Ministério da Saúde. Trata-se de um projeto pioneiro que pode colocar o país em posição estratégica nessa inovação”, revelou Tadeu Thomé.
O tema dos xenotransplantes será discutido, com a presença de Tadeu Thomé, nesta sexta-feira, 26/9, durante o Simpró – Simpósio Multidisciplinar, com o tema “Transplante de Órgãos”, promovido pela Fundação Pró-Rim em Joinville (SC).
“Iniciativas como o evento da Pró-Rim são fundamentais por promoverem debate, atualização científica e integração entre profissionais de saúde, pacientes e familiares, fortalecendo a cultura da doação”, ressaltou Tadeu Thomé.
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Mariana Morais
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