
Allan Souza Lima atravessa uma fase de maturidade artística que combina ambição estética e lucidez prática.
Depois de “Cangaço Novo”, série do Prime Video que o consagrou como protagonista e hoje se encaminha para sua segunda temporada, o pernambucano consolidou o nome num espaço em que poucos transitam com tanta naturalidade: o do ator que domina o centro da cena e, ao mesmo tempo, compreende a engrenagem por trás dela. O sucesso não o distanciou do ofício; ao contrário, o aproximou da criação como um todo.
Esse movimento culmina em “Poeta Bélico”, seu primeiro longa como diretor, que será rodado na Paraíba. O projeto, concebido ao longo de dois anos, marca uma mudança de eixo: Allan troca o papel de corpo interpretante pelo de engenheiro do olhar: “Dirigir é uma forma de se despir da proteção do personagem.
Me interessa esse conflito entre palavra e gesto, entre a civilização e o instinto, as diferenças e as semelhanças entre o Poeta e o Guerrilheiro, que são os dois personagens principais. Eu queria filmar o homem quando ele já perdeu o discurso, mas ainda não reencontrou paz no silêncio”, disse o ator e diretor.
O filme, ambientado em uma paisagem sertaneja distópica, acompanha dois sobreviventes vividos por Alejandro Claveaux e Renato Góes, que atravessam um mundo arruinado tentando preservar a linguagem e a fé em meio à devastação.
A estrutura é inspirada nas estações da Via Crucis e propõe uma reflexão sobre o esgotamento do sentido em tempos de excesso de certeza.
Paralelamente, o ator também tem se envolvido em produções independentes, como “Talismã”, de Thais Fujinaga, e “Lusco-Fusco”, de Bel Bechara e Sandro Serpa. Nessas obras, atua e colabora criativamente, aproximando-se de um cinema de intimidade:
“Também gosto de trabalhar em sets pequenos, onde as relações são mais nítidas e o trabalho ganha precisão. Não se trata de preferir o mínimo, mas de reconhecer o valor do essencial.”, conta.
No meio disso tudo, Allan é um dos favoritos do público, na “Dança dos Famosos”, quadro do Domingão com Huck. Já se apresentou em gêneros como forró, zouk, rock e country, tratando cada ritmo como variação de um mesmo estudo corporal.
Ele completa comentando como tem sido sua experiência:
“Com a dança, eu aprendi outra forma de estar em cena e amplio meu repertório corporal. Essa experiência tem me ajudado a entender o corpo como linguagem, não só como instrumento. E, de algum modo, me fez redescobrir a satisfação em se arriscar e de se entregar totalmente.”
Mariana Morais
Mariana Morais
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