Música

Banda Gilsons fala sobre novo álbum e influência em Gilberto Gil

Em entrevista ao Correio, a banda Gilsons, integrada por filho e netos de Gilberto Gil, fala sobre o álbum 'Pra gente acordar' e sobre a influência do musico baiano

Pedro Ibarra
postado em 26/02/2022 06:00 / atualizado em 26/02/2022 16:50
Os Gilsons: José Gil, João Gil e Francisco Gil  -  (crédito: Reprodução/Instagram)
Os Gilsons: José Gil, João Gil e Francisco Gil - (crédito: Reprodução/Instagram)

Em 2019, uma banda de três jovens músicos caiu na graça dos brasileiros revivendo Várias queixas, música conhecida pelo Olodum. Conhecidos como os Gilsons, Francisco, João e José Gil agora voam mais alto e lançaram nas plataformas de streaming o primeiro álbum do trio, que tem em comum o parentesco com o lendário músico Gilberto Gil. Pra gente acordar mostra, por meio de nove faixas, a identidade dessa banda que, mesmo com apenas três anos de existência, já movimenta o país.

"Desde que os Gilsons começaram a alavancar mesmo, a gente estava na vontade de lançar um disco, de ter uma obra mais completa" conta João Gil em entrevista ao Correio. Ele entende que o EP  havia aberto o caminho para a banda crescer e está aproveitando o álbum para se consolidar como mais que um nome promissor da nova cena da música brasileira. "O EP é como se fosse um conto e o álbum é como um romance", completa.

O álbum é uma chance de mostrarem mais, mas eles garantem que não é uma mudança e, sim, um crescimento. "Esse disco tem muito de uma estética que já vínhamos trabalhando. Ele traz coisas novas, outras cores, mas tudo dentro da paleta que a gente propôs lá no início", analisa João, que é neto de Gilberto Gil. "É uma expansão do que a gente estava construindo, só que com pinceladas e linguagens que a gente já havia utilizado", adiciona.

Os Gilsons: José Gil, João Gil e Francisco Gil
Os Gilsons: José Gil, João Gil e Francisco Gil (foto: Zabenzi/Divulgação)

O título Pra gente acordar também é a faixa de abertura e transmite a mensagem inicial que os Gilsons querem: "Há de nascer um novo amanhã, pra gente acordar e dançar", canta Francisco. "Pra gente acordar é uma música pré-pandêmica. que ganha significado com a pandemia", conta José Gil, filho de Gilberto. "A gente não estava em um tempo muito fácil no Brasil, a gente já vem de pandemia política e de burrice há alguns anos", acrescenta o artista, que também produziu o disco, apontando que a banda tem um discurso para além do entretenimento.

Porém a música que pretendem fazer é popular e para todos. "Queremos fazer, mesmo que de uma forma moderna, música popular", afirma José sobre o projeto. O disco tem, além do discurso, influências que vão do MPB ao R&B americano; tem violão, mas explora sintetizadores; vai do simples ao complexo de forma natural. "São elementos tradicionais da nossa MPB que estão ali misturados com as nossas referências. Dá para atingir todos os gostos e várias idades", conclui.

Influência de casa

Quando o assunto é Gilsons, um nome inevitável  é o de Gilberto Gil. O trio é formado por dois netos e um filho do lendário artista e um dos criadores do movimento da tropicália na música brasileira. A banda exalta muito a figura do músico e dá muita importância para o parentesco. "Com certeza, a gente tem muito da influência de Seu Gilberto na nossa formação musical e principalmente da vivência do palco, do backstage, de saber como tudo aquilo acontece. Com ele, a gente aprendeu sobre equipamentos, a necessidade das pessoas, a valorizar quem trabalha por trás de tudo", pontua o produtor do álbum. "É um privilégio enorme ter contato com isso desde pequeno, a gente começou sabendo lidar com tudo", adiciona.

"A grande inspiração é ver como o Seu Gilberto tem uma obra diversa e abrange vários estilos. De cara, essa coisa de a gente misturar ritmos é uma referência clara que temos dele", pondera João. "O que mais pega, para mim, é a escrita. Seu Gilberto consegue falar sobre uma infinidade de temas, consegue escrever sobre muitos assuntos de diversos interesses. Esse é o maior desafio que eu sinto como músico hoje, é ter essa capacidade de composição, que é mágica", complementa José.

Contudo, a banda sabe o lugar e o tempo em que está e não quer só viver da referência do lendário parente. "Nos anos 1960, ele misturava uma coisa e a gente em 2020 vai misturar outra", afirma o João. "Ao mesmo tempo, a gente não quer fazer igual, nem pretende. A gente quer fazer o que gosta. Quer que saia de nós e as pessoas gostem do que nós fazemos do jeito que fazemos", continua.

O plano tem dado certo, os Gilsons têm cada vez mais se deparado com fãs que descobriram a relação deles com Gil após ouvi-los. "A gente tem contato com o público em shows e nas redes, e muitas pessoas começaram a ouvir Gilsons sem saber que nós éramos relacionados ao Gilberto Gil", conta José. "A gente acha isso muito legal", finaliza João.

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  • Os Gilsons: José Gil, João Gil e Francisco Gil
    Os Gilsons: José Gil, João Gil e Francisco Gil Foto: Zabenzi/Divulgação
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    Os Gilsons: José Gil, João Gil e Francisco Gil Foto: Zabenzi/Divulgação
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