ESPETÁCULO

Musical de despedida de Miguel Falabella chega a Brasília

Peça estrelada por Miguel Falabella, Uma coisa muito engraçada aconteceu a caminho do fórum, estreia nesta sexta-feira e marca a despedida do ator aos palcos musicais

Os ingressos já estão disponíveis no site da Sympla, a partir de R$ 125. 
 -  (crédito: Divulgação )
Os ingressos já estão disponíveis no site da Sympla, a partir de R$ 125. - (crédito: Divulgação )

Por uma curta temporada, Brasília vai a Roma. Mais precisamente, há 200 anos antes de Cristo. Estrelado por Miguel Falabella, o musical Uma coisa muito engraçada aconteceu a caminho do fórum chega à cidade, nesta sexta-feira, no Teatro Planalto, e promete divertir o público em uma homenagem ao clássico da comédia. Os ingressos já estão disponíveis no site da Sympla, a partir de R$ 125. 

Inspirado nos textos do dramaturgo Plauto, o enredo acompanha Pseudolus, um escravo determinado a conquistar a tão sonhada liberdade. Para isso, ele promete ajudar o jovem amo, Hero, a conquistar Philia, uma virgem prometida ao soldado Milos Gloriosus. O musical estreou na Broadway em 1962, com melodias e letras de Stephen Sondheim, e é um dos maiores sucessos da casa como uma celebração da comédia, com um humor atemporal que seduz o público. Na adaptação brasileira, não é diferente. As risadas ecoam pelo teatro em todas as cenas, e refletem as situações cômicas concebidas para entreter e refletir. Os números musicais encantam, e as canções, naturalmente, ficam gravadas na cabeça. 

 

Em entrevista ao Correio, Miguel Falabella conta como foi construída a peça, toca na atualidade do clássico da comédia  e da despedida dos palcos.

A peça optou por seguir o modelo livre de adaptação, permitindo uma leitura própria do espetáculo. Que elemento da montagem você fez questão de manter?

Plauto escreve um compêndio sobre a comédia moderna. Todos os macetes do gênero estão nessa peça. Identidades trocadas, o entra e sai, o bate porta, corre para lá, o corre para cá — que foram usados depois por Shakespeare e outros dramaturgos — todos beberam do Plauto. [Plauto] escreveu essa comédia em uma época em que ,para atrair o público ao teatro, era preciso ser mais interessante do que a loucura vigente numa Roma completamente alucinada, com poder, com assassinatos públicos. Então, eu senti que eu precisava ser fiel ao espírito dele, à estrutura dramatúrgica e da proposta de comédia tal como ele coloca. Mas, como o teatro musical é um gênero absolutamente popular, eu precisava encharcá-lo de referências nossas, de brincadeiras nossas, até para trazer o público para dentro da obra.

O musical se passa na antiga Roma, estreou pela primeira vez na Broadway em 1962 e você o apresenta agora, em 2025. O que torna esse espetáculo tão atual? 

Ele é um um um compêndio da comédia moderna. É uma fonte da qual todos os autores comediógrafos forçosamente acabam bebendo e tem essa graça, essa carpintaria dramatúrgica que é impressionante. Alguns elementos são plantados na história e não se sabe muito bem para que serve e ,no final, aquilo é uma chave para se destrinchar toda a história. A peça tem essa beleza, de imaginar que há 2.200 anos esse homem faz uma plateia a gargalhar e cada companhia que se debruça sobre esse texto, de alguma forma se aproxima do seu público.

Este ano, com Uma coisa muito engraçada aconteceu a caminho do fórum, você se despede dos palcos e da comédia musical como ator. O que te fez escolher essa obra em específico para celebrar esse encerramento? 

Pseudolus é um personagem adorável e acredito que ele me cabe. Personagens são como sapatos, alguns já apertam, alguns que dão um calo. Esse, por acaso, é muito confortável. E, realmente, eu não me vejo mais fazendo teatro musical, acho muito cansativo. Claro, que continuarei dirigindo, eu continuarei no universo do teatro musical, porque eu trabalho nisso há 25 anos, mas como ator, eu acho que eu estou um pouco cansado. 

O espetáculo celebra a comédia. Para você, qual a importância da comédia para o público, especialmente o público brasileiro, e o que você deseja para o futuro do gênero? 

A comédia é a melhor maneira de se dizer as coisas às pessoas, melhor até do que a carta anônima. A mensagem chega de uma maneira muito mais eficaz, porque ela não é catártica. O gênero é ,por essência, libertário, tem que quebrar padrões, abraçar a loucura e a diversidade. O telespectador não vai assistir "Uma Coisa Engraçada Aconteceu A Caminho do Fórum" achando que vai ver um tratado, mas se parar e pensar, essa ideia subreptícia fica na cabeça do público. E tudo feito com muito bom gosto, um bom exemplo de como fazer uma boa comédia sem ser ofensivo, sem ser ofensivo com minorias ou com piadas grosseiras. 

Para encerrar, a peça tem dois atos de muitas risadas, alegria contagiante e músicas excelentes. Qual a melhor parte de participar deste projeto?

Existe um componente nessa peça muito interessante, porque não houve audição. Todos os atores foram convidados para fazer essa peça, e são amigos de uma vida toda, profissionais que eu aprendi a respeitar, a amar o convívio com eles. No teatro não é apenas o palco, é o camarim, o dia a dia. Eu preciso ter colegas que pensem, olhem para o mundo de uma maneira, porque não se faz boa comédia sem ser uma pessoa generosa, que tem um olhar empático para o mundo e para as pessoas. Então, para mim é uma delícia fazer esse espetáculo. Eu sempre tive vontade de fazê-lo e sou muito grato por ter podido realizar esse sonho.

Uma coisa muito engraçada aconteceu

Musical estrelado por Miguel Falabela. Em cartaz, sexta-feira, às 20h;sábado, às 16h e 20h; e, domingo, às 19:30, na sala Planalto do Auditório Ulysses Guimarães.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

 


postado em 18/06/2025 06:01 / atualizado em 18/06/2025 10:15
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